O GATO E AS NOVE VIDAS

Como é do meu feitio, gosto de prestar homenagem àqueles que cumprem (e muito bem) o seu papel junto à Sociedade. Hoje chegou a vez do Médico Veterinário. Já vou avisando que sou suspeito, pois tenho uma filha Médica Veterinária que trabalha com nutrição animal, no fantástico Estado de Minas Gerais. Como é extremamente dinâmica, ocupa, juntamente com seu marido, também Médico Veterinário, o tempo que sobra, numa granja de suínos de propriedade deles (Granja S. Carlos da Tricin), em Conselheiro Lafaiete.

Foi através dessa filha, que entrou nas réstias dos meus "Causos", a Estória do Perseu (esse é o seu nome), Gato da Raça Persa. A seguir narrarei como ele foi consumindo todas as vidas que o Criador lhe deu.

Foi abandonado em frente ao Hospital Veterinário da UEL (Universidade Estadual de Londrina), prática muito comum entre as pessoas que não têm o mínimo respeito pelos seres vivos, no caso em questão um gatinho com grave problema renal. Os alunos mais minha filha, internaram-no e salvaram sua vida. Isso foi debitado em sua conta felina. Outro episódio, deu-se por ocasião de nossa mudança, para nosso atual endereço. Contrariando o dom que a Natureza lhe deu, saiu pra uma passeada, durante um quente dia de Novembro de 2001. Desaparecido por alguns dias, ouvimos seu miado num quintal baldio. Não conseguia transpor o muro porque tinha queimado as quatro patas num teto de zinco quente. Resgatado e devidamente tratado, teve um segundo débito em seu processo de vida terrena. Certo dia, cuidando de meu jardim, encontrei-o molhado, parecendo um pano de chão. Imediatamente foi encaminhado ao consultório da Médica Veterinária Fátima. Ao apanhá-lo de meus braços, já veio o diagnóstico: Obstrução das vias urinárias. Sua bexiga parecia uma bola cheia. Com extrema facilidade (como é próprio do profissional competente), com auxílio de uma sonda, o cálculo foi expelido e a bexiga esvaziada naturalmente. Novamente sua conta de existência recebeu mais um débito. O terceiro. Há pouco mais de 4 anos, novamente no jardim, percebi que, pra fugir da água, se locomoveu arrastando as patas traseiras. Minha primeira suspeita foi de atropelamento. Um Veterinário foi acionado. Desta vez Rodrigo Campana, colega de classe da protetora do bichano. Minha suspeita não se confirmou. Não era atropelamento. Era um "Trombo", na sua coluna vertebral. E deu mais algumas informações técnicas mas me faltou embasamento pra entendê-las. O fato é que foi medicado e em pouco mais de vinte dias, já estava caminhando com as quatro patas, com certa dificuldade, é claro! Mas sua contabilidade terrena recebeu mais um débito: O quarto. Tudo voltou ao normal, quer dizer, ao comum, porque ele adora dormir embaixo de carros estacionados. Isso é comum, mas não é normal. Tanto que certo dia, há pouco mais de dois anos, ao dar ré percebi que havia um obstáculo sob o pneu. Parei imediatamente pra saber a causa. Debaixo do carro não havia nada! Suspeitei que fosse mais uma do nosso herói. Saí à sua procura e o encontrei dentro de um depósito, local onde ele nunca ia. Examinado, um pequeno filete de sangue lhe escorria pelo canto da boca. Imediatamente, novamente o Veterinário Rodrigo foi procurado. Foi durante o exame, o diagnóstico e a solução que pude perceber a eficiência daquele jovem profissional. O maxilar havia sido fraturado nos dois lados. Um aparelho (Ortopédico?) seria colocado, mantendo ajustadas as fraturas dos ossos e prontas para a calcificação. Ficou internado quatro dias para ser alimentado com nutrientes líquidos. Cinco dias depois, já de alta, poderia receber alimentos pastosos. Gradativamente, deveriam ser oferecidos alimentos sólidos. Com freqüência, por telefone, Rodrigo perguntava pelo estado de saúde de seu paciente e a resposta era: Tudo bem! Para minha surpresa, um dia ele acrescentou: Então podemos tirar o aparelho porque ele já está são. Só aí pude perceber que nosso Herói, carregava, com toda sabedoria, que é própria dos animais, um poderoso aparelho ortopédico em sua mandíbula. E sua conta para com a Natureza sofreu mais um débito: O quinto e último.

A partir de então tudo entraria na normalidade se não fosse uma conversa que tive com meu Anjo da Guarda que estava de plantão: Disse ele que um colega seu, que também faz plantão, com o Gato Perseu, recebeu um pedido que entrasse em contato com o Supremo Criador, através de Email, solicitando um crédito de mais Sete Vidas, porque aquelas, talvez por falta de sorte, já estavam chegando ao fim. E a resposta foi rápida e clara: SETE NÃO! DOU MAIS DUAS. FAVOR ADMINISTRÁ-LAS COM MAIS CUIDADO!!! (Oldack/24/08/010) X

Post Scriptum: Em 29/02/012, lentamente, como se fosse uma candeia cujo azeite chega ao fim e se apaga, deixou sua vida tranqüila e foi prestar ao Criador as contas das vidas que ainda tinha em crédito. (oldack/01/08/014).

(Comentários)

[Carol] [carolinamorari@hotmail.com] Eu me lembro perfeitamente deste fato. Da minha sensação em não poder ficar com ele. Eu tenho a memória ótima, me lembro que eu tava comendo um lanche naquela cantina próxima ao HV e fui subindo e ele me segui tb. Só não sei se é o mesmo gato. Ele era branco e peludo. Até...

31/08/2010 10:35

[Patrícia] [patmmen@hotmail.com]

Mú...Na verdade o encontrei na Biblioteca da UEL. Eu e a Carolzinha estávamos chegando e passando por lá quando o encontramos. Ele, assim, nos seguiu da Biblioteca até o HV. Lá descobrimos que o "bichano" tinha escapado do hospital havia alguns minutos. Sabemos então do abandono por seus donos (acreditamos que eram de poucas posses)pela professora Nilva e essa nos deu a autorização de levá-lo.... Acho que com o tempo, vc achou que esse episódio aconteceu com vc.... Bem, Pai, o causo está ótimo. A pessoa que lê-lo terá que ter cuidado para não se perder nas tantas vidas que ele tinha rsrsrsr

30/08/2010 09:16

Oldack Mendes
Enviado por Oldack Mendes em 01/08/2014
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