PERFUMES E CARÊNCIAS
PERFUMES E CARÊNCIAS.
conto
Há-se de haver um tempo para que as pessoas se conheçam, se entendam e porventuramente se amem, sem no entanto se seduzirem; magia extraordinária que aproxima as pessoas de forma encantadora, interessadas em somente se doarem, sem nada portanto pedir em troca desse gostoso se dar.
A carência de afeto, a necessidade em se doar são distintamente ligados ao estado espiritual de ambos em que habite o cheiro gostoso da reciprocidade; a entrega incondicional.
Seria inocência exagerada? Uma necessidade latente de se sentir importante, não perdendo a chance, talvez única, talvez primeira de prová-lo?
Certa vez ao, involuntáriamente, seguir uma senhora pela calçada, notei cair algo de sua bolsa e a presença de espírito fez-me providencialmente manter os pés sobre aquele pequenino pacote; era um determinado valor em dinheiro. Agradecidamente ela sorriu, e despreocupada quis saber meu nome, minhas referências, etc.
Aquele rosto, aquele sorriso, aqueles gestos! Aquele cheiro de mulher nunca mais saiu das entranhas de minha memória, e sempre que encontro algum dinheiro pelo chão, primeiramente observo se ela não está por perto.
de egê – SP
do livro poeira e flor vol II