VESTIDO DE NOIVA

Neste domingo chuvoso de segundo turno das eleições de 2014, reunidos em torno de uma farta mesa, confabulávamos amenidades.

Uma de minhas irmãs, em um rompante saudosista e ao lado de seu marido e de suas duas filhas, remeteu-nos à ocasião de seu casamento, ocorrido em 06 de maio de 1989.

À época ela optou por adquirir um vestido de noiva de segunda mão e nele fazer os arranjos necessários, de modo a satisfazer aos seus anseios.

Mandou recortar daqui, adicionar contas de pérolas dali, detalhes vários etc.

Finalmente o vestido se encontrava conforme suas expectativas.

Faltava então, como último procedimento, passar cuidadosamente a vestimenta. Mas quem é mais qualificada a receber essa incumbência?

Após muito pensar a escolha recaiu sobre uma tia que morava em casa anexa à nossa, dadas as suas características de zelosa senhora.

Por um capricho do destino, a minha tia acabou por deixar queimar uma parte do vestido.

A situação tornou-se para a minha tia, desesperador, pois faltavam poucas horas para o casamento.

Minha tia foi vista se dirigindo a passos largos e com ar de muita preocupação, em direção à casa de uma costureira que morava e mora do outro lado de nossa residência.

Rogou a ela por socorro e acompanhou, aflita, todo o trabalho de recomposição da peça.

O improvisado arranjo se fez de maneira impecável, de forma que ninguém o percebera e, para merecido alívio da minha tia, a noiva palmilhou, deslumbrante, o tapete vermelho que a conduziu até o altar.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 26/10/2014
Reeditado em 27/10/2014
Código do texto: T5012848
Classificação de conteúdo: seguro