POR TRAZ DOS BASTIDORES

Fui honrosamente convidado a participar de um Baile de Formatura, da turma de direito da PUC São Gabriel – BH, identificada por Turma 2012.2.

A formanda em questão é sobrinha de minha esposa, que, de minha parte, considero-a também minha sobrinha, a quem vou me referir apenas pelo primeiro nome, Bruna.

Pelo invejável histórico escolar, pela perfeita harmonia com o ambiente acadêmico, bem como pelo empenho em busca dos melhores resultados, não tenho dúvidas de que será uma advogada de sucesso, com projeção para aceder, sem limites, a cargos, funções e posições hierárquicas mais elevadas.

Já tendo transmitido à Bruna os meus mais sinceros agradecimentos por ter-me destacado com o honroso convite, o que me oportunizou também externar os melhores elogios à Comissão de Formatura, pela impecável organização, quero, neste texto, relatar algo curioso.

Entre uma conversa e outra, com os demais ocupantes da mesa, entre uma dança e outra, é possível observar diversos tipos de convidados. Os tipos são os mais diversos, por vezes atípicos, incluindo a mim.

Há aqueles que procuram manter-se sóbrios e comedidos, há os que só pensam em aproveitar ao máximo os momentos de alegria, há os que se deixam levar pela empolgação, passando da conta nas bebidas, há os paqueradores, os “papagaios de piratas” de garçons e tantos outros tipos.

Porém o comportamento de uma moça me chamou a atenção; toda vez que o garçom se aproximava dela, ao mesmo tempo em que ela levava a mão à travessa, para se servir, perguntava ao garçom: O que é isto? Não importava o que o profissional respondesse, ela iria comer do mesmo jeito.

Isso me trouxe à lembrança um período em que, dentre as diversas atividades extras que já desenvolvi, visando complementação financeira, fiz bico de garçom em restaurantes, casas noturnas e buffets.

Certa feita eu me encontrava atuando como garçom em um baile de formatura e dentre as mais inusitadas figuras, encontrava-se uma senhora, aparentemente solteira, já na casa dos 40 (quarenta) anos de idade. Como se encontrava sem par, essa senhora ficava quase o tempo todo ao redor da mesa, conversando com outras pessoas, que também não se animavam em se divertir na pista de dança. Preferia ficar por ali mesmo, ora assentada, ora de pé, balançando-se aos sons das músicas, procurando por um olhar que cruzasse propositalmente o seu.

Sempre quando se aproximava um garçom, ela se antecipava e perguntava a ele que petisco era aquele. Como se tratava de Buffet requintado, as respostas eram diversas: medalhão de lombo, com molho agridoce, casquinha de siri, escondidinho de carne seca, massa folhada com geleia de damasco, empanado de queijo provolone e bacon etc.

A atitude repetitiva daquela senhora, gerou comentários e chacotas entre nós garçons e garçonetes. Um dos garçons, o Carlos, muito ousado, disse para nós: vou aprontar uma para aquela senhora, vocês vão ver. Apanhou a sua bandeja com a travessa e foi discretamente encurtando a distância até ela. Também apanhamos os nossos utensílios e ficamos por perto, sem sabermos o que ele iria fazer.

A banda tocava, as pessoas conversavam em tom alto, davam risadas, encontravam-se dispersas, o que é perfeitamente apropriado para o tipo de ambiente. Cenário ideal para que o Carlos levasse a cabo o seu plano. Ao chegar até a curiosa senhora, a indagação: “DIFERENTE ESTE SALGADO, É DE QUÊ?” O Carlos não perdeu tempo e respondeu: “PASTEL ASSADO, COM RECHEIO ESPECIAL DE ESTRUME DE CABRITO E ALCAPARRAS”. Ao que a senhora respondeu: A-DO-ROOOÔ!

Uma de nossas colegas, a Letícia, não se aguentou e, de tanto que reprimiu a gargalhada, soltou um espetacular assopro-cuspido, dentro do réchaud repleto de espetinhos de filé, contaminando-os.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 17/12/2014
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