NECESSIDADE PREMENTE

Eu fazia meu passeio matinal de bicicleta na terça-feira – 03/12/2013, quando me deparei com uma cena inusitada no momento em que eu passava pelo número 10655 da Avenida do Contorno. Esse número se localiza no Barro Preto e o horário, conforme registrava o meu relógio, 5h50min.

Eu havia percebido a distância que um ônibus vermelho se encontrava parado rente ao meio-fio e com as luzes de pânico piscando. Mantendo o meu ritmo de pedaladas fiquei tentando entender o que podia estar acontecendo.

Pude reparar que um pouco antes, próximo à parte de trás do ônibus o motorista se encontrava agachado, defecando sobre o passeio, ao lado de um poste metálico de iluminação. Sem dar muita importância para os veículos que passavam, ele se manteve firme no propósito de satisfazer suas necessidades fisiológicas.

Exatamente quando eu passei pelo já aliviado condutor, ele se levantou e passou um pequeno pedaço de papel com o propósito de se limpar ou ao menos amenizar a situação.

Eu não vi o resultado de sua excreta e isso naturalmente não me importa nem um pouco, mas dada a urgência que teve em se livrar do material, duvido de que o pequeno e único pedaço de papel utilizado tenha sido suficiente para a higienização.

Passei curioso pela cena e pelo ônibus, tendo conseguido contar 5 (cinco) passageiros sonolentos em seu interior, embora não possa assegurar que não tivesse algum outro fora do alcance das minhas vistas.

No momento em que passava pelo ônibus não me ocorreu de anotar, por curiosidade, a que linha o ônibus servia e demais dados possíveis. Por isso, sem permitir que os fatos interferissem em meus propósitos de cumprir o trajeto proposto em certo tempo, mantive a pegada mas fiquei monitorando a passagem do ônibus por mim, para gravar o máximo de detalhes possível.

Aproximadamente um minuto depois o ônibus apontou em uma curva, a mais ou menos duzentos metros. Quando se aproximava de mim foi possível ver o número da linha: 6260 e as inscrições alternadas em seu letreiro luminoso: Belo Horizonte, CEASA, Veneza.

Após o coletivo passar por mim, consegui gravar o número inscrito em seu para-choque traseiro: 90222. Eu não me dispus a tentar gravar a placa, pois seria grande o risco de os números se confundirem em minha cabeça e eu os perder a todos.

Confesso que inicialmente julguei mal o motorista, principalmente porque ele nem se dignou a se esconder atrás de uma árvore. Depois passei a refletir sobre o fato, procurando visualizar qual seria a minha reação se me encontrasse no lugar dele e assim compreender melhor suas razões.

Provavelmente o desafortunado condutor tentou de todas as formas possíveis, postergar o atendimento ao urgente chamado fisiológico, mas, tendo chegado ao seu limite, não teve alternativa senão agir como agem os que fazem das ruas sanitários públicos a céu aberto.

Rafael Arcângelo
Enviado por Rafael Arcângelo em 30/12/2014
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