Sonho Impossível.

Quem nasceu para burro de carga, nunca chega a burro de sela. Dito popular.

Quando os circos chegavam no Vilarejo onde eu morava na periferia, isto é, na zona rural, era um acontecimento de grande repercussão de lazer. Nos cafundós das Minas Gerais, com 13 anos, era um perfeito imitador dos artistas circenses, principalmente os palhaços. Uma prima disse para minha mãe:- “ ô tia, praquê a sinhora quer ir no circo? A sinhora já tem um paiaço dentro de casa!...”

Com o tempo e as coisas melhorando, meu pai comprou um rádio e eu passei a imitar alguns cantores; Vicente Celestino e Jorge Veiga por exemplos, mas o que mais agradava era a imitação do comediante Zé Trindade. Sem dúvida a vocação artística estava a flor da pele. As pessoas achavam engraçado minhas misuras cênicas. Incentivado por alguns admiradores, procurei o dono do circo na época, com a intenção de apresentar meus dons artísticos. Saí mal na imitação de Jorge Veiga por questões de nota, mas a voz do Jorge, perfeita. Na imitação do Zé Trindade fui muito aplaudido. Entusiasmei, queria ir embora com o circo, me pediram autorização por escrito de meus pais, por ser de menor. Como achava minha mãe mais flexível fui falar com ela; respondeu-me:- nem pensar! ... Não criei filho para ficar perdido no mundo. Com minha insistência , ela polemizou:-“ você quer ser artista de circo?... O povo vai rir de você!...”

Minha mãe estava certa, ser artista de circo, teatro e cinema era para um semi analfabeto, realmente um sonho impossível. O riso que minha mãe referia, quem sabe, seria de deboche.

Lair Estanislau Alves.