Os pulítico...

Ô mundão véio sem portêra, sô!

Tô falâno que aqui na Colonha num dianta querê escondê as coisa que nóis fica tudo sabêno.

Ônte nóis viu na televisão o quebra páu lá em Brasílha. Tava lá uns deputado querêno bancá os bonitão da bala chita. Tudo cupinchâno o governo pra vê se sobra umas beradinha nas eleição. Ô povinho!!

Tem gente lá que anda achâno que nóis vai tudo nas conversa mole deles.

E o presidênti?

Todo posudo achâno que levô o povo no bico. Coitado, már sabe ele a truletada que vai levá se ficá de achá que nóis sêmo inguinorante e que tudo que ele falá nóis caí de juêlho gritâno amém.

O povo tá ficâno esperto! Pode até enganá os ôtro um poquinho, mas vai tê que ví comê no côcho. Ele mais a currióla desses deputado, tudo puxa saco, que ântis das eleição ficáro prometêno um monte de bestêra e depois, cascáro tudo fora.

Iguar um que veio fazê um comíço aqui na Colonha uma vêiz.

O danado mandô os prefeito da região ajeitá umas narguração de quarqué coisa pra ele vim e botá banca de bão pra cima do povo. Depois sumiu que ninguém mais dá notíça dele.

O prefeito daqui, o seu Francilino Gorgúio que, dêisde minino até uns diazinho antes de sê prefeito, era conhecido como Lino Bocão por que falava pelos cotovelo e pra tudo tinha umas arrumação lá da cabeça dele, num pudia vê as alegria dos ôtro que já desandava a botá umas palavrinha de disconfiança na boca do povo. Falava as coisa na certeza. Num tinha esse que num cabava concordâno. Os mais disconfiado, que num dava aprovação na falação dele, tamém num tinha muita corage de contrariá, por que o tráia dava uns nó no pensamento dos ôtro, que num tinha jeito, lá vinha concordânça. Era bão de prosa. Num foi atoa que virô candidato e ganhô as eleição aqui. Essa é ôtra estória que um dia eu conto.

Bão, depois que virô prefeito passô a achá rúim o pelido dele e xingava de tudo que é nome o coitado que chamava ele assim. No começo ainda tentô expricá que num ficava bem pra cidade ficá chamano o prefeito no pelido, que dava de baxá as honra e que ia ficá compricado pras otoridade constituída, quem nem que ele, podê trabaiá. Que ninguém ia levá ele a sério e que, porisso, a cidade ia acabâno num tê pogréssio. E aí num diantava de tê recramação. Mas isso foi só no começo. Depois vêno que num diantava, destampô no xingamento que, pelo menos, pelas frente ninguém mais chamô.

Então acudino a precisão do tar deputado, tratô de arranjá a narguração.

Mandô fazê lá uns buracão na rua do Tunico Cipó. Disse que ia nargurá umas obra, por causo de que precisava meroiá a rêdi de esgoto da cidade. O Tunico, quando viu aquela esparramação de terra na frente da casa dele, coitado, logo na casa dele que a Dona Celinha tinha capricho, dexava tudo nos brinco de briânte, desandô a ladainha, assim meio no desespêro, pra cima do seu Francilino. Falô que num havéra de tê condição, que já fáiz mais de dois mêis que, se num era aquele poerão, era aquela barraiada. Que a casa dele tinha virado um saco de gato que, do jeito que andava, era miór fica com as janela tudo fechada pros urubú num entrá de tanta porcariada que tava ficâno. Que a coitada da Dona Celinha nem mais drumia de tanta frição. Coitada, logo ela! Tão caprichosa e agora enroscada por causo dum merdinha dum deputado que achava que era o mais bão de tudo.

O seu Francilino, que nunca se apertava, chamô o Tunico meio de banda dizêno que num era pra ficá de assim não. Que era só uns buraquinho atoa. Que a rua dele era a escoída por causo de que num tinha aquele movimento do centrão e, aí, dava pra cumeçá um trabáio de miór qualidade. Que depois mandava dá um trato por dentro e por fora da casa dele. Que era só a conta do dircursinho do deputado. Que nóis havéra de agradá o hôme por causo de que ele era muito bão pra cidade e que, nas hora dos pega pra capá, sempre sobrava umas ajudinha e que, se num fizesse aquela obra, ia sê uma disfêita e que, no fim, o povo ia botá as curpa tudo neles!!!... nele e na dona Celinha. Que ia falá que eles achava que era os miór da cidade com esses enjoamento de num tê uma poerinha, nem por uns minutinho.

Nem diantô o Tunico dizê que a rêdi de esgoto passava por de tráis da casa e não na frente, na rua. O seu Francilino falô que isso num era pobrema, que ele sabia disso, mas por consideração a Dona Celinha num queria fazê bagunça botâno o povão tudo no quintar dela. E por isso arranjô de fazê no meio da rua mesmo. E que depois mandava arrumá tudo direitinho. E se o deputado fosse eleito, ia até mandá botá o nome na rua de Rua Dona Celinha.

Aí sim, agora tava tudo acertado!

O Tunico virô a ladainha, agora, pros lado da Dona Celinha repetino as palavra do prefeito, mas a coitada num havéra de botá conformação, por que ela disse que num era só a sujerada: é que as galinha dela, depois que começáro abrí os buraco alí, tava desaparecêno e que ela foi vê se tinha arguma caída nos buraco e achô só umas peninha. Os hôme que tava lá cavano disséro que víro umas duas galinha sucidarse, mas que quando corrêro pra acudí num dava mais tempo e pra num causá disgosto pra ela, de vê as coitadinha espichada, eles leváro as galinha pra dá o merecido fim.

E veio o dia da narguração dos buraco do seu Francilino que mandô encostá do lado o caminhão da prefeitura pra serví de palanque. Mandô o seu Ontonho Batuta ensaiá a banda, que era pra rasgá os dobrado depois dos discurso e encomendô lá em Posalegre umas déiz caixa de fuguete. Ântis, falô pro Dr Lindorfo que era pra mandá o Arnardinho caprichá nos cachorro quente, que ia enchê a rua com o povão e que eles ia ficá tudo morto de fome. E que depois era pra mandá as conta tudo lá pra prefeitura.

Már cumeçô o dia, nem bem os galo começáro a cantá e lá veio o fuguetório, que era pra lembrá o povo da festa. Teve gente que veio de longe, tudo mandado buscá pelo seu Francilino nos caminhão da prefeitura.

A rua do Tunico Cipó nunca ficô tão cheio de gente. Era muleque pulâno pra tudo que era buraco, jogano bolinho de terra em quem passava perto. Aquela corriria.

Até a Dona Celinha tascô o vestidão mais bonito que só saía do armário pras missa dos domingo. O seu Tunico cheio de disse-me-disse, falâno das importânça da obra, que ele fêiz questão de começá bem na frente da casa dele, que era pro povo seguí os exêmpro, que o prefeito tinha pedido a sua artorização, que ele não só dexára mas fazia questão de ajudá.

A banda chegô mandâno os trêis dobrado que tinha dado tempo de ensaiá e, como o deputado tava meio demorâno, já tinha repetido umas quatro vêiz cada.

Teve gente que começô a desconfiá que o deputado tinha dado bolo no prefeito e que ele tava fazêno festa atoa. O seu Francilino tamém num tava gostâno muito dessa demoração do deputado, mas bancava o firmão dizêno que hôme importante era assim mesmo, cheio dos compromisso, que atrazava mesmo, mas que já devia de tá chegâno. Era só um poquinho mais de pacência.

E lá e veio o hôme. Seu Francilino foi o primerão a recebê na porta do carrão que trôxe ele. Depois enfilerô o Dr Lindorfo, o padre Onofre e mais uns vereadozinho de úrtima hora.

Fôro tudo pra cima do caminhão e seu Francilino deitô uma rasgação de seda pra cima do deputado, cheio dos agradecimento. O Dr Lindorfo, que já tinha preparado o discurso, tamém tava querêno falá, mas, pelo adiantado da hora, o deputado acho miór só o prefeito e ele falá. O deputado fêiz um discurso daqueles compridão. Toda hora o prefeito puxava uns aprauso, todo mundo ia atráis, e terminava com uns batido dos bumbo e dos prato da banda. Foi pra mais de déiz.

Bão, depois daquele palavrório todo, foi a vêiz do padre benzê os buraco e, assim que o povo disse amém, a banda do Ontonho Batuta mandô bala no Hino Nacionár.

Lá em cima do palanque eles ficáro tudo durinho oiâno pro céu. Só o seu Francilino que dava umas balangada e espantava uns mosquito. Oiáva pros lado e fazia uns sinarzinho pruns muleque saí das berada do caminhão. Assim que a banda cabô de tocá o hino, foi aquela sarva de parma e, aí, pruveitâno pra agradá um poquinho mais o deputado, o seu prefeito virô e disse: - Hê hê... marchinha boa essa! É véia, mais é bonita!!

Os buraco?

Só depois de muito choro do Tunico e da Dona Celinha que tapáro eles. Mas mesmo assim, ficô meio afundado, fazêno cada poção de água quando chove que é capaiz de dá pra pescá de vêiz em quando.

A rua até hoje continua chamano Rua A, que nóis conhece por rua do Tunico Cipó.

Chico Da Mona
Enviado por Chico Da Mona em 12/06/2007
Reeditado em 12/06/2007
Código do texto: T523114