OS SUPER PASSARINHOS

OS SUPER PASSARINHOS

"Seu" João Quebra Queixo estava no alpendre de

de sua casa absorto em ouvir o cantar dos passarinhos que

desatavam o cantar na Serra dos Picos numa verdadeira 4a.

sinfonia de Beethovenn. Estava extasiado com tanta magia no

trinado dos pássaros. Sabiás numa árvore, golinhas e canários

em outra, primaveras, pintassilgos, enfim uma variedade i-

mensa da pássaros que gorgeavam de maneira uníssona e afi-

nada sob a batuta de Deus. De olhos fechados tirava boas

baforadas do seu cachimbo, pois ainda não tinha conseguido

deixar o vício do fumo. Lembrou-se então de quando criava

passarinhos engaiolados e sentiu vergonha de si próprio. Afi-

nal, os bichinhos tinham sido criados para serem livres nas matas

verdejantes. Mas o passado já estava distante e como caboclo

experiente que era sabia que passado é passado, não volta mais e

e este ele queria esquecer. Entretanto, lembrou-se que de uma certa

feita um casal de canários seus que viviam em gaiolas com hastes de

ferro em vez de palitos de carnaubeiras, tinha batido asas com a

gaiola que pesava cerca de 500 gramas e ficaram a voar como um

avião teco-teco,que para quem não sabe era um aviãozinho monomotor. Dizia Seu João que os canários ao trinar haviam dito a palavra má-

gica SHAZAM, a qual dava super poderes ao homem que a pronunciava e

transformava-se no Capitão Marvel, uma figura de aço do tempo

dos gibis antigos, que obtinha o poder de voar como os passarinhos e

uma força sobrenatural. Assim, os canários transformaram-se em super aves, embora tenham ficado do mesmo tamanho.

Logo, começaram a voar dando voos rasantes, querendo se libertarem da gaiola, em direção à serra. Iam e viiham, vinham e iam

e Seu João a correr atrás das aves, pega e não pega. Dizia ele que

quase pega a gaiola numa das investidas, mas bateu de frente com

um pé de aroeira de 1 metro de diâmetro com tanta força, que a árvore

tombou. Nesta corrida desenfreada já tinha gasto o par de alpercata

mas nada de cansaço. As aves, porém, não aguentaram o repuxo e

pararam. A gaiola ficou pendurada em um juazeiro. Seu João subiu no

juazeiro e tomando aquilo como um castigo de Deus, abriu a porta da

gaiola e libertou os passarinhos. NUNCA MAIS ENGAIOLOU PÁSSAROS.

A frente do mercado onde ele contava a estória estava apinha-

da de gente e o Zé Capote, que não perdia uma, desta vez ficou ouvindo

na frente de todos e perguntou imbecilmente:

- Mas seu João, como senhor não cansou e os passarinhos que têm

asas cansaram que ficaram de bico aberto?

Foi o suficiente para Seu jogar cinco dedos da sua mão de ferro no

pé do ouvido do Zé Capote que caiu estatelado no chão, desmaiado e vendo mil passarinhos em sua cabeça.

Então, Seu João Quebra Queixo soltou um urro de lobisomem e

disse:

- Isso serve de lição para que este cabra fila da puta nunca mais duvide de homem e quem achou ruim que corra dentro. Todos emudeceram. Ninguém era doido para tamanha afoiteza ou contestação

Ao contrário foram acalmar Seu João que estava mais vermelho do que pimentão dos vermelhos, claro, pois todos sabem que existem pimentões

verdes.

Seu João diz que a estória aconteceu em 1940, em plena Segunda Guerra Mundial.

Antonio Tavares de Lima
Enviado por Antonio Tavares de Lima em 05/07/2015
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