Zé Perequeté

O menino tinha o apelido de Zé Perequeté. Zé de José Filho, e Perequeté de traquino, da perturbação que dava desde pequeno.

Na travessa da rua que dava à residência do prefeito, havia uma carroça bem na frente da casa. Nesta, havia pessoas numa conversa boa.

O menino perguntou ao pai:

_ O Seu Juarez é carroceiro?

E o pai, escondendo a vergonha numa tosse:

_ Não, filho! Ele foi carroceiro, mas já faz muito tempo!

E o pai ficou calado de cabeça baixa.

O menino levantou da cadeira e caminhou até a porta que dava para a sala.

O pai pediu:

_ Zé, venha sentar!

Mas o menino apenas sentou numa cadeira perto de onde estava.

O pai levantou, foi até onde estava o menino e disse em tom baixo, porém firme:

_ José Filho, sente perto de mim novamente. Agora!

O menino fez cara de zangado, mas seguiu o pai.

Já sentado na cadeira, perguntou:

_ E a carroça agora é do filho do prefeito?

O pai, que era calmo, mas nem tanto, levantou rápido e puxou a orelha do menino.

_ Vamos para casa, Zé Perequeté!

E, então, as outras pessoas que se encontravam sentadas e conversando na calçada da casa, disseram:

_ Ora, ora esse menino! Esta carroça é uma relíquia da cidade.

Adiante, no burburinho que se ouviu da conversa dos dois na rua, o menino balbuciou:

_ Mas, pai, o Senhor não diz que sua tarrafa vai ser minha quando o Senhor ficar velho? Então, pensei que...

E as desculpas de Zé Perequeté ficaram perdidas ao som dos passos que se afastavam...

Teresa Cristina flordecaju
Enviado por Teresa Cristina flordecaju em 07/07/2015
Reeditado em 14/07/2015
Código do texto: T5303014
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.