A MULHER DA TROUXA ( Causo Iaçuense / 2)

Esse causo é mais um que virou uma lenda na minha doce Iaçu. Não tenho muito a falar sobre ele, porque o que já falaram dessa tal Mulher da Trouxa não é nada animador ir atrás para pescar alguma novidade. Vamos ao que se propagou…

Há muito tempo, na cidade, morava uma jovem que tinha uma relação conturbada com a mãe. E mãe precisa ser tratada com todo respeito, amor e carinho. Mas, o problema dessa jovem era descarregar toda a frustração em quem estava mais próximo. Até que um dia, ela perde a mãe. E fica sem ter alguém para despejar a sua lamentação, fúria…xingava e xingava.

E numa noite de tempestade, o vento ao bater a porta, ela se irritou com o barulho e passa a falar os vários impropérios de costume. Como se desafiasse as forças do mal. Com isso, ao se aproximar para fechar a porta, encontra-se com uma mulher desfigurada com uma trouxa na cabeça, dizendo que tinha vindo para atendê-la, já que ela vivia a convidá-la…

Ela gritou desesperada. Ao ser socorrida pelos vizinhos em total descontrole, alegou estar sendo perseguida por uma mulher com uma trouxa na cabeça. Como ninguém conseguia perceber a presença da criatura do além, apenas ela, o que a deixava mais nervosa e desequilibrada. Em todos os lugares que ela ia, sentia que a tal criatura a acompanhava a certa distância… Agora pergunto, e aí?

Até aí o causo que já vem de outros carnavais, praticamente é o mesmo. O que diferencia é justamente a direção tomada a partir dessa suposta aparição. Conforme os blá, blá, blá… a jovem ficou louca e se jogou da Ponte Severino Vieira. E desde então, em noites de tempestade ela aparece naquele local, com uma trouxa na cabeça, imitando a responsável pela sua loucura e morte.

Outros dizem que após a tal aparição da original Mulher da Trouxa, a jovem que gostava de falar palavrões se regenerou. Tornou-se uma pessoa mais consciente e temente a Deus, como tinha sido a única a ver a assombração, recebeu esse apelido: Mulher da Trouxa. Ela era bem magrinha, as pessoas faziam brincadeira em relação as canelas finas com uma trouxa desproporcional na cabeça, isso às escondidas quando “ ela” passava para ir à igreja. Essa é a outra versão.

E já houve uma terceira versão… dizem se tratar de uma lavadeira magra que lavava roupa no rio Paraguaçu, próximo a Ponte Severino Vieira, e de repente choveu forte, por um descuido ela morreu afogada e o corpo nunca foi encontrado. E vez ou outra “ela” aparece no local, com a sua trouxa…

Quem é/ foi realmente a MULHER DA TROUXA? Não sei e nem me interessa saber… Não sou caçador de fantasmas.

Bem, caro leitor, o ponto comum de um causo como esse é justamente a Ponte Severino Vieira, pois as histórias desencontradas… lá é o local de encontro, o predileto da MULHER DA TROUXA em dias de temporais. Lavadeira? Moça desbocada? Louca? Sei lá… como disse o saudoso Ariano Suassuna, “não sei, só sei que foi assim.”

E. Amorim

("toque poético" é o nosso blog)