O Fantasma do Bacupari

O bacupari é uma fruta doce, amarela, originária da região amazônica, mas que há algumas décadas atrás ainda se encontrava em pontos isolados do cerrado araxaense. Contam os antigos que uma entidade desconhecida vagava pelos altos de onde hoje se encontra o bairro Bela Vista, imediações da TV integração e da Capela de Santa Filomena, e que esta entidade vigiava os frutos desta árvore com veemência.

Pois no final da década de 50, três jovens amigos se aventuraram por daquela região à procura das também doces gabirobas quando o gaguinho do grupo achou a árvore rara em uma fenda nas rochas. Explorando-a de cabo a rabo, um pontinho amarelo na ponta de um ganho chamou a sua atenção. O balbo subiu na mesma e apanhou o danado do fruto, rasgou-o com as mãos e provou. Imediatamente gritou aos outros: – A-a-achei um ba-bacupari...

– Quê? – Gritou Lilico, seu amigo.

– A-a-achei um ba-bacupari ca-ca-caramba!!!

Em súbito, um forte vento começou a soprar no longo do cerrado, jogando capim seco para cima e deixando os três companheiros perdidos entre a poeira marrom que tomou conta da paisagem. Assustados, eles deixaram as gabirobas armazenadas nas camisas caírem ao chão quando lá no horizonte um ponto amarelo crescente chamou a sua atenção. – Mas que bola de fogo é aquela? – questionou Lilico aos outros dois.

A chama tomou grandes proporções e a palavra bacupari ecoou no cerrado, entoada por uma voz feminina estridente que congelou o sangue de cada um dos amigos num primeiro momento, e deu às suas pernas uma potência sobre humana em seguida. Pessoas do baixo Santo Antônio contaram por muitos anos a história dos três rapazes que desceram o morro correndo como loucos e pulando cercas com um vigor tal que emulavam super heróis alçando vôo. Parecia que tinham visto um fantasma.

Ouvi muitas vezes essa lenda na minha infância, e confesso que na curiosidade de tirar as dúvidas, a única provável árvore de bacupari que encontrei naquele mesmo local antes de se tornar o bairro Bela Vista, bem no final dos anos 80, estava seca e morta entre as pedras.

Acho que nunca vou saber de verdade se existiu mesmo esta entidade por lá.

Ivan Anderson
Enviado por Ivan Anderson em 18/09/2015
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