(Causo popular)

Leitores, a moda é algo que vez em quando volta, o que era brega passa a ser tendência, o inimaginável desfila pelas ruas sem um pingo de cerimônia. Mas uma moda que nunca voltou foi a da Belle Époque, os homens usarem fraque, cartola e bengala e as mulheres vestidos longos com muitas anáguas. Era lindo. Mas imagine usar roupas pesadas como aquelas no Sertão do Ceará. Devia ser um suplício.

Apois. O causo popular de hoje conta o ocorrido com um casal de namorados daquela época.
Naquele tempo, não se permitia que namorados ficassem a sós em uma sala, não era direito. Mas a moça em questão já estava dobrando o Cabo da Boa Esperança quando apareceu um pretendente e os pais, não querendo ter vitalina dentro de casa, davam essa pequena liberdade ao casal e não, não era o caso de a jovem ser feia, era até bem-parecida. Mas tinha um problema, sofria de flatulências. Não ficava dez minutos sem soltar um peido de todas as variantes, dos sonoros e inofensivos aos silenciosos, fatais. Então, por ser moça de muito boa educação, toda vez que lhe vinha a vontade de peidar ela se levantava da cadeira de palhinha ao pé do rapaz, ia à cozinha, peidava e voltava, satisfeita e em alegre conversação, com uma bandeja de chá, biscoitos ou outros quitutes para disfarçar as saídas constantes.
Mas o que ela não imaginava, leitores, é que o peido ficava preso dentro das calçolas, debaixo das anáguas e quando ela se sentava ele se libertava, espalhando seu aroma no ambiente.
A essa altura o rapaz já tinha descoberto o porquê das idas à cozinha mas, como era muito fino e educado, não dizia nada, cheirava o peido da donzela impávido, mudando de cor mas sem um risco de ruga no rosto.

Acontece que certas coisas a gente não suporta por muito tempo e este era o caso, afinal, como dizem aqui no Ceará, peido é igual menino, você só aguenta o seu.
Então quando, pela décima vez, a moça se levantou para ir à cozinha, o rapaz, cansado de sofrer, disse-lhe francamente "minha filha, faça-me um favor, peide aqui e vá feder lá dentro!"