ANJO? EU?

Num dia desses, embora nossa empresa esteja instalada a cerca de uns 800 metros do Terminal Central de Ônibus de Uberlândia, não sei porque cargas d'água resolvi tomar um ônibus para ir até lá. Entrei no terminal e dirigi-me à plataforma onde eu deveria embarcar em um dos carros que fazem o trajeto passando perto de nosso escritório. Preguiça de andar? Sei não!

Estava eu lá aguardando quando encostou um carro amarelo. Nem dei bola pois todos os que me interessavam naquela extensa plataforma seriam de cor verde. Todos os passageiros que aguardavam aquele ônibus adentram, tendo ficado por último uma senhorinha de aproximadamente uns oitenta anos, branquinha, pequenina, bem magra e com um lenço surrado na cabeça. Entrou pela porta do meio e ficou em pé segurando-se em um dos canos de apoio. Assim que o carro começou a mover, com as portas ainda abertas, ela resolveu descer, sabe-se lá porque.

Eu que havia ficado na plataforma, agora sozinho, vi quando ela fez o movimento e, por coincidência (?) bem em minha frente, estiquei os braços e a segurei, podendo sentir os ossos dos seus braços magrelos. Sustentei aquele pequeno corpo que com certeza se estatelaria no chão, a aprumei e soltei.

Ela virou-se para a escada de acesso à plataforma, como se fosse sair de lá, bendizendo-me: "Brigada, moço! Deus te pague! Deus te abençoe". Partiu célere não vi mais pra onde.

Ergui os olhos para ver a placa que no alto da plataforma indicava o destino daquele ônibus. Surpresa: CANAÃ. O que eu estaria fazendo naquele local e naquela hora se meu destino não tinha nada a haver com aquele? Sai do terminal e fui à pé para o meu destino, pensando:

"Coincidência ou fui mandado lá por Deus?" "Obrigado, Senhor!" - clamei - "Mais uma vez tive a oportunidade de me passar por anjo". Anjo? Eu?

AGOSTINHO PAGANINI
Enviado por AGOSTINHO PAGANINI em 09/01/2016
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