Mais Uma de Sogra X Genro!

 
            Essa disputa territorial pelo coração da Filha/Esposa é tão antiga quanto a de Caim e Abel. Irmãos costumam se pegar para valer, mas Genros e Sogras não deixam por menos. Não sou um psicólogo para tentar entender nos meandros infinitos da imensidão da alma humana o que verdadeiramente motiva tantas disputas e desentendimentos, mas creio que seja devido a um equívoco básico na construção do diálogo entre um e outro. Ou seja, a sogra fala a língua da mãe e o genro a do caçador. Pronto: isso é a raiz de todos os conflitos.

            Seja como for, Dona Izoldina resolveu pregar uma peça no seu Genro não querido, o Adamastor. A filha, Laura, era um poço de doçura e se esforçava muito para tentar conciliar a mãe com sua alma gêmea. Porém, sinceramente, era mais fácil fazer um Flamenguista torcer para o Vasco do que aproximar aqueles dois. No entanto, o bom coração de Laura contava com a oposição severa da teimosia que um nutria pelo outro.

            Adamastor comemorava muito cada revés que Dona Izoldina tinha na sua vida, por exemplo, quando ela se confundiu e, achando que tinha depositado o tíquete do estacionamento do Shopping avançou sobre a cancela aberta assim que o carro da frente passou. O resultado não poderia ser outro, a cancela atingiu o seu sedã tipo luxo ao meio. Adamastor contava a história duas mil e quinhentas vezes e rolava de rir a cada uma.

            Dona Izoldina, querendo ser simpática, resolveu passar um ¨susto¨ brincalhão no genro. Chegou com uma mala, que deveria devolver à filha. Adamastor lia em agonia as notícias do jornal e ficou tenso ao saber que a crise financeira não daria trégua. Ademais, a querida Laura havia arranhado o carro na coluna do prédio e seu humor não estava nem perto de ser ruim. Estava para lá do péssimo. A sogra toca a campainha do apartamento carregando a enorme mala que enchera de jornais para parecer estufada. Adamastor, sabendo que era ela, abriu a porta com descaso e desgosto. Bateu o olho na enorme mala e sua pressão foi a mil. Dona Izoldina soltou um sorriso maroto vendo a reação maravilhosa na cara do genro e soltou:
           
- Vou ficar até que se canse de mim!
            Adamastor bateu a porta com toda a força no nariz da infeliz dizendo:
            - Então, tchau!



(Se gostou, leia O HOMEM QUE NÃO BEBIA CERVEJA! Abraços)