Sopa de Pedras

Pois bem, vou contar-lhes a história da "Sopa de pedras" de Pedro Malasartes. Ele era um moço muito esperto, na fazenda onde morava havia uma horta com muitas verduras e legumes, igualzinho a do quintal da vovó e tinha também, crianças que não gostavam de sopa.

Um belo dia, Pedro Malasartes teve uma ideia, disse às crianças que ia fazer uma Sopa de p edras.

- Sopa de Pedras? - Juca fez uma careta. - Essa não, Vovó Tuta! Onde já se viu isso?

- Sim, pois garanto que dá uma sopa pra lá de boa.

- Demora muito para cozinhar? - perguntei.

- Demora um bocado.

- E dá para comer?

- Claro, Dódi! Então Pedro Malasartes ia perder tempo à toa? A sopa de Pedro Malasartes é famosa, maravilhosa. Vem gente de todo o mundo provar. E o melhor de tudo isso é que eu sei a receita.

- Vamos aproveitar que a chuva passou e fazer essa "Sopa de Pedras" para o jantar lá no fogão à lenha do quintal e vocês vão me ajudar. Depois, me dizem se ficou gostosa ou não. Vamos crianças?

- Juca! Vai buscar a água do rio. Tem que ser da nascente que fica aqui perto onde a água é bem limpinha.

- Você Dódi vai catar pedrinhas do rio. Mas, todas têm que ser bem redondinhas e lisinhas.

- Eu vou pegar os legumes e as verduras na horta com a ajuda do Dodô e da Mona. Tudo bem?

- Seu pai vai catar lenha e acender o fogo para colocar a água para ferver.

E lá fomos nós, cantarolando pelo caminho, enquanto realizávamos nossas tarefas.

- Nossa! Como é difícil achar pedras redondinhas.

Quando trazia uma pedra que não era redondinha, Vovó Tuta mandava voltar. O Juca levava uma pequena cumbuca que dava para trazer pouca água por vez e assim o tempo passava. Nós já estávamos cansados desse vai e vem e com muita fome também.

O tacho da vovó já estava com os legumes e verduras de todas as cores que cozinhavam. Vovó Tuta, enquanto mexia a sopa, cantarolava uma música que não entendi muito bem a letra, por causa das pedras que faziam barulho no fundo da panela. E, assim, vovó comandava aquela difícil tarefa.

A mamãe trouxe o tempero, a carne e o macarrão.

Enquanto isso, Juca enchia o tacho de água do rio e eu lavava as pedrinhas bem lavadas e as colocava na sopa. A sopa estava com um cheirinho pra lá de bom. Exaustos e com muita fome, não víamos a hora de tomar a tal Sopa de Pedras. Quando ficou pronta, nós tomamos rapidamente a sopa e achamos uma delícia.

Juca desconfiou e perguntou:

- Vovó Tuta! E as pedras?

- As pedras? Estão no fundo da panela. Elas são para dar um gostinho diferente. Depois a gente lava e guarda para fazer outra sopa no dia em que precisar pregar uma peça em outras crianças que dizem não gostar de sopa de legumes e verduras.

- Ah, tá, Vó. Já entendi tudo. - disse o Juca irritado, embora tenha gostado muito da sopa.

Vovó Tuta contou que Pedro Malasartes é um personagem popular e sempre que se conta uma história de algum esperto, levando vantagem contra alguém, logo essa história aparece como "mais uma do Pedro Malasartes".

- Vovó, canta aquela música de novo? O que ela dizia?

Era a receita da Sopa de Pedras de Pedro Malasartes que ele cantava enquanto preparava a sopa.

“Minha sopa de pedra

Tem melhor sabor...

Boto legumes da horta,

Só pra dar cor...

Verdura fresquinha,

Um bocadinho só...

Boto água do rio

Pra ficar melhor."

Coleção Desperta Criança Poeta!- Volume II

O medo é um estado de poesia - PROSA E POESIA

Lisboa-Portugal - Editora Mágico de OZ

Sandra Ferrari Radich