TODA HISTORIA DO CINEMA DE HOLLYWOOD

TODA HISTORIA DO CINEMA DE HOLLYWOOD

Hollywood: A capital do cinema

Como o distrito ganhou o papel principal da produção cinematográfica mundial

Texto Wladimir Weltman | 10/01/2014 17h14

É em Los Angeles, na Califórnia, que as estrelas do cinema desfilam luxo e riqueza sobre o tapete vermelho para receber a consagração do Oscar. Por lá, os astros trafegam nas largas avenidas com seus carros conversíveis, iluminados pelos flashes enlouquecidos dos fãs que caminham sobre as estrelas da calçada da fama do Hollywood Boulevard.

Mas, até a primeira década do século 20, a maior parte da produção cinematográfica dos Estados Unidos acontecia bem longe dali, na região entre Nova York e Nova Jersey, no lado oposto do país, na costa leste. Estava distante também o glamour que hoje cerca essa indústria poderosa. Nos primórdios, os filmes eram apresentados em lojas improvisadas, em tendas de exibidores itinerantes e entre cenas ao vivo do teatro de vaudeville. Eles tinham em torno de 1 minuto de duração, em geral apenas um esquete, reproduzindo cenas reais, como um evento esportivo, ou uma situação ensaiada, tipo pastelão. Não havia quase nenhuma sofisticação técnica, nada de edição ou composição de enquadramento. A novidade das fotografias realistas em movimento era suficiente para alegrar as plateias do fim do século 19 e início do 20. A história foi mudando com o sucesso de público e as consequentes boas rendas.

Em 1909, uma equipe nova-iorquina rodava um roteiro que se passava na Califórnia e resolveu fazer as tomadas in loco. Partiram de trem para Los Angeles e lá descobriram a terra prometida da cinematografia.

Quando o cinema surgiu, as lâmpadas eram fracas e caras, e não havia instalação de rede elétrica em todos os lugares. Para complicar, a película não era muito sensível, tanto que os atores usavam maquiagem carregada para clarear os rostos, escurecendo em volta dos olhos, de forma a facilitar o registro de suas fisionomias.

A melhor fonte de luz era mesmo a natural. E, para aproveitá-la, os estúdios das primeiras duas décadas do século 20 trabalhavam em cenários de apenas três lados, sem teto. Quando muito, leves musselinas eram colocadas na parte de cima para difundir e suavizar os efeitos dos raios do sol. Com seis meses por ano sem receber uma gota de chuva, Los Angeles era perfeita para o emergente setor de entretenimento. Sobretudo se comparada a Nova York, já àquela altura cheia de arranha-céus, com o metro quadrado caro e ocupado.

Uma vilã na costa leste

Os primeiros grandes estúdios, ainda baseados em Nova York e Nova Jersey, eram os mesmos que haviam criado e patenteado os equipamentos originais. O público já havia se encantado pelo cinema e o dinheiro não parava de entrar. Distribuidores e exibidores em todo o país ansiavam por lançamentos. Com os lucros, veio a disputa pelo novo mercado, e as companhias detentoras das patentes brigavam entre si nos tribunais para ver quem mandava no pedaço. Até que em fins de 1908 resolveram se unir e criar um truste, ou seja, um acordo entre empresas, com o objetivo de restringir a concorrência.

A empreitada ganhou o nome Motion Picture Patents Company (MPPC), tendo como participantes a Edison, Pathé (de origem francesa), Biograph, Vitagraph, Lubin, Selig, Essanay, Kalem e Kleine Optical Company (a maior importadora de filmes da Europa). A George Eastman Company (Kodak), única fabricante de película dos EUA, também fazia parte do grupo e concordou em fornecer matéria-prima apenas aos membros da organização.

O que esse grupo não percebeu, porém, foi que o mercado havia crescido para além de suas ambições, e o público queria mais novidades do que ele era capaz de fornecer. Sem contar que, embora tivesse 6 mil exibidores registrados, havia a pressão de outros 2 mil que não aceitaram se licenciar. Assim, uma minoria de distribuidores que tinham ficado de fora do acordo com a MPPC resolveu, em 1909, de forma independente, financiar novas produtoras.

Para garantir o monopólio, a MPPC usou corte de fornecimento de filme bruto, cancelamento de licenças de uso de equipamentos, processos e até violência física - quando recursos legais não funcionavam, o truste usava métodos dignos de mafiosos para segurar a concorrência. Tamanha reação impeliu os independentes a buscar novos lugares, de preferência bem longe, para trabalhar. Foi quando descobriram a Califórnia.

Aventureiros, os desbravadores do oeste usaram máquinas e matéria- prima de companhias estrangeiras. Trabalhando com baixos orçamentos, quebraram um dos paradigmas da MPPC: faziam obras mais longas, usando mais de um carretel de película. Esses produtores também logo perceberam o interesse do público pelos artistas e investiram na exposição de seus protagonistas, criando o chamado star system. Nasciam as primeiras celebridades da tela.

Em 1911, já havia filmes independentes e estrangeiros suficientes para atender ao mercado de exibidores livres, metade do qual passaram a dominar no ano seguinte. Em 1915, numa iniciativa de William Fox em nome da Paramount, Fox e Universal, lançaram mão da lei antitruste e venceram também nos tribunais: a MPPC e seus subsidiários foram declarados um monopólio ilegal e condenados a pagar 20 milhões de dólares em prejuízos.

O golpe fatal contra a MPPC veio em 1918, quando a Suprema Corte americana ordenou a dissolução oficial da organização, encerrando o domínio da costa leste sobre a produção cinematográfica nos EUA. E Hollywood, desde 1903 incorporada como distrito de Los Angeles, se tornou o centro dessa indústria, responsável por 60% de tudo que brilhava nas telas pelo país afora.

Se faltava romper as fronteiras e avançar pelo resto do planeta, a oportunidade veio em 1914, quando a Primeira Guerra eclodiu na Europa. Até aquele momento, o cinema francês e o italiano tinham muita força no mercado mundial, mas os combates interromperam a produção não apenas nesses dois países, mas na Alemanha, Inglaterra, Suécia e Espanha. Hollywood prontamente supriu a demanda. Em 1918, a soberania norte- americana tinha se consolidado. Saíam dos estúdios hollywoodianos 800 longas-metragens por ano, 82% da produção mundial. Duas décadas depois, a Segunda Guerra tornou o processo irreversível.

"Hollywood nasceu esquizofrênica. Por 75 anos tem sido duas coisas, uma cidade e um estado de espírito, uma indústria e uma forma de arte." A frase de Richard Corliss, crítico da revista Time, resume a natureza do lugar que melhor se identifica com a Sétima Arte. Para além dos aspectos econômicos, geográficos e históricos, o fator psicológico explica Hollywood e o conteúdo dos filmes produzidos ali.

Os estúdios independentes que venceram a exclusividade da MPPC eram conduzidos por imigrantes, a maioria judeus, que buscaram nos EUA oportunidade e liberdade. Com o sucesso e a confirmação de que tinham chegado ao lugar certo, eles se viram divididos entre ganhar cada vez mais dinheiro e retribuir a boa acolhida servindo aos interesses do país e seus cidadãos.

Sexo, drogas e crimes

Nos anos 1920, num período de queda nas bilheterias, os estúdios ensaiaram um namoro com um tipo de história comercial de gosto duvidoso. Também nessa época ganhou holofotes uma série de fatos ligando os nomes de astros a escândalos. Em 1921, o ator Roscoe "Fatty" Arbuckle foi acusado de estupro e assassinato da aspirante a atriz Virginia Rappe; em 1923, o ator e diretor Wallace Reid sucumbiu a uma overdose. Diante dos clamores da sociedade mais conservadora, os chefões de Hollywood criaram, em 14 de janeiro de 1922, a Motion Picture Producers and Distributors of America. Para presidi-la, convidaram William Harrison Hays, um republicano que se dedicou a censurar a produção cinematográfica.

Outro abalo, esse nas finanças de Hollywood, veio com a queda da bolsa de Nova York, em 1929, embora o processo de recuperação do setor tenha se iniciado já em 1934. "O cinema foi o último negócio que sofreu as fisgadas da Depressão. E ficou na vanguarda das indústrias que saíram dela mais cedo", escreveu Tino Balio em seu livro Grand Design: Hollywood as a Modern Business Enterprise, 1930-1939. Com boa parte da população desempregada ou ganhando muito pouco, os filmes eram uma diversão relativamente barata e que possibilitava um escape emocional imediato.

"A Grande Depressão fez surgir a consciência social de Hollywood", contam Paul F. Boller Jr. e Ronald L. Davis em Hollywood Anecdotes. "Populismo era a ideologia favorita de Hollywood nos anos 30 e 40. (...) Os filmes personalizavam os conflitos, por meio de melodramas em que os heróis eram indivíduos idealistas e não sofisticados das pequenas cidades, enquanto os vilões eram políticos corruptos, banqueiros gananciosos e industriais loucos por poder", descreveram os autores.

O onipresente e hollywoodiano "final feliz", a partir daí, tratou de vender o conceito do American Way of Life. "Hollywood é aquele lugar onde os Estados Unidos fizeram de si o sonho universal e aí colocaram esse sonho para ser produzido em massa", avaliou a escritora inglesa Angela Carter. E o planeta nunca mais parou de consumir esse sonho, principalmente nos anos dourados, entre 1934 e 1950, quando o surgimento da televisão sacudiu a hegemonia do cinema. Era hora, portanto, de se reinventar, com películas coloridas para competir com o preto e branco da TV. Para baixar custos, os estúdios tiveram de abrir mão de elencos de astros contratados, passando a negociar a participacão por trabalho, prática que prevalece até hoje.

Na década de 1960, Hollywood ainda tentava driblar a crise financeira e recriar o fascínio perdido. O problema é que, àquela altura, desbravadores como Carl Laemmle (Universal), Richard D. Zanuck (20th Century Fox), Louis Mayer (MGM) e os irmãos da Warner haviam saído de cena. Seus legados estavam nas mãos de grandes corporações, e nem todas dedicavam a suas aquisições a atenção dos donos originais. Vieram então fracassos de bilheteria, como Cleópatra, estrelado por Elizabeth Taylor, que praticamente levou a Fox à falência.

A redenção veio a partir dos anos 1970. Em seu best-seller Como a geração Sexo-Drogas-e-Rock¿n¿Roll Salvou Hollywood, o jornalista Peter Biskind fala desse renascimento: "Para quem era jovem, ambicioso e tinha talento, não havia lugar melhor em toda a terra do que Hollywood". Também o diretor Steven Spielberg avalia a explosão criativa da época: "Os jovens tiveram permissão para tomar tudo de assalto com toda a sua ingenuidade, toda a sua sabedoria e todos os privilégios da juventude. Foi uma avalanche de ideias novas e ousadas."

E, como num roteiro típico dos anos dourados, o "bem" triunfou, e Hollywood voltou a dominar o mercado de filmes, faturando todas as bilheterias americanas e internacionais - e dando uma nova vida ao mito que até hoje nos faz comprar pipoca, refrigerante, sentar na sala escura e esquecer da vida diante das telas por onde desfilam os sonhos nascidos na ensolarada Califórnia.

Seria um bom negócio?

Foi em West Orange, Nova Jersey, que em 1891 Thomas Edison registrou a patente de seu cinetoscópio, do grego kineto (movimento) e scopos (assistir): o aparelho registrava fotos sucessivas, que depois ganhavam movimento e eram vistas através de um visor. Para pôr a máquina em ação, bastava depositar um níquel de dólar. Edison não punha fé no seu cinetoscópio. Nem queria aprimorá-lo, como relatam Paul F. Boller Jr. e Ronald L. Davis no livro Hollywood Anecdotes: "Quando seus associados sugeriram que desenvolvesse um jeito de projetar as imagens numa tela, ele vetou. `(...) Não podemos matar a galinha dos ovos de ouro¿, ele disse". Edison estava satisfeito com os lucros até ali e não queria mexer naquilo que estava dando certo. Já em 1895, os irmãos Auguste e Louis Lumiére apresentaram em Paris o primeiro filme comercial do mundo. É certo que a maravilhosa máquina que filmava e projetava não tinha sido concebida por eles, mas pelo desconhecido Léon Bouly, em 1892. Sem dinheiro para pagar a anuidade da patente, Bouly perdeu os direitos sobre o aparelho. Depois de fazer algumas melhorias no projeto inicial, os irmãos registraram a criação como deles. O curioso é que Auguste não anteviu as possibilidades econômicas do investimento. À época, ele disse: "Minha invenção será explorada como curiosidade científica, mas, fora isso, não tem nenhum valor comercial". Reação bem diferente teve Pearl Leah Warner quando, no nascer do século 20, os Warner Brothers levaram a matriarca para ver um filme pela primeira vez, pedindo a sua bênção para investir as economias da família em cinema: "Parece um ótimo negócio. O cliente chega, paga antes de saber o que vai levar. E, quando vai pra casa, sai com as mãos abanando, feliz da vida, prometendo voltar", comentou Pearl. "E nem é preciso fazer estoque de mercadoria!"

A História do Cinema - A Era de Ouro em Hollywood

Categoria: Especial

Por Daniel Dalpizzolo

Filmes que até hoje estão na história do cinema foram criados nessa época tão especial.

Parte III - A Era de Ouro em Hollywood

Veja também:

Parte I - O Surgimento da Sétima Arte

Parte II - Do Mudo ao Colorido

Durante as décadas de 1930 e 1940, o cinema americano viveu sua chamada “Era de Ouro”. O país se recuperava da “depressão” ocasionada pela crise do capitalismo, e o cinema era uma forma de incentivo para a reconstituição moral da população. Por isso, grandes partes dos filmes desse período enfatizam o lado humanista da sociedade, declarando-se verdadeiras poesias em favor dos bons valores humanos. Destacam-se, nesse período, os filmes de Frank Capra (A Felicidade Não Se Compra, 1946), um dos cineastas mais engajados nessa recuperação da sociedade americana, os musicais hollywoodianos, sempre com temas alegres e que visavam à diversão instantânea e as comédias de costume, que fazem grande sucesso até os dias de hoje.

Incluso nesta chamada “Era de Ouro”, também teve aquele que é conhecido até hoje como “O Ano de Ouro de Hollywood”. O ano em questão fora 1939, e é realmente impressionante o número de obras-primas inesquecíveis produzidas nesse espaço tão pequeno de tempo. Dentre elas, podemos citar A Mulher Faz o Homem (para mim, a melhor), de Frank Capra; ...E O Vento Levou e O Mágico de Oz, ambos de Victor Flaming; No Tempo das Diligências, de John Ford; O Morro dos Ventos Uivantes, de William Wyler; Ninotchka, de Ernst Lubitch; e Adeus, Mr. Chips, de Sam Wood.

No ano de 1941, Orson Welles, um dos mais polêmicos autores de toda a história do cinema, produziria, logo em seu primeiro filme, aquela que seria talvez a obra mais revolucionária do cinema. A produção em questão é Cidadão Kane, obra-prima que definira muitas das características utilizadas até os dias atuais na produção da arte. Entre algumas de suas revoluções estão a narrativa não-linear (sem ser definida por ordem cronológica), a descoberta da profundidade de campo, que permite que as câmeras captem tanto o primeiro plano da ação quanto seu fundo, e a filmagem do teto das locações (sim, antes disso os cinegrafistas jamais o incluíam dentro da ação, já que o mesmo contava com vários holofotes, fios, etc.

O ano de 1941 também é de imensurável importância para certa horda de cinéfilos. Fora neste ano que John Huston lançara O Falcão Maltês (ou, como muitos - eu incluso - preferem chamar, Relíquia Macabra), aquela que é tida até os dias de hoje como a primeira obra de um dos gêneros (ou movimento) mais fabulosos de todo o cinema, o noir. Corrupção, crimes, pecados, investigações, muita violência e mulheres fatais são as características mais marcantes deste estilo de cinema, de onde surgiram obras inesquecíveis como Crepúsculo dos Deuses (Billy Wilder, 1950), um dos maiores filmes da história do cinema; A Marca da Maldade (Orson Welles, 1958); Pacto de Sangue (Billy Wilder, 1944); e O Terceiro Homem (Carol Reed, 1949)

Também na década de 1940, desta feita em 1945, um outro movimento de extrema importância para o cinema tivera seu marco inicial, porém muito longe dos Estados Unidos. Trato do surgimento do Neo-Realismo, quando Frederico Fellini e Roberto Rossellini, respectivamente roteirista e diretor da obra em questão, lançam Roma, Cidade Aberta, filme que prima pela transposição fiel da realidade urbana para as telas de cinema. O Neo-Realismo é um movimento que tem tempo e lugar, já que representara a Itália da época pós-Segunda Guerra, quando se livrava do domínio Fascista. Eram filmes engajados politicamente, que tentavam abordar de maneira transparente a realidade das ruas, empobrecidas por conseqüência da guerra. Ladrões de Bicicleta (Vittorio DeSica, 1948) e Alemanha, Ano Zero (Roberto Rossellini, 1947) são dois bons exemplos deste movimento.

Já na década de 1950, outros lugares do planeta começavam a despontar para o mundo do cinema. Akira Kurosawa, tido como o maior cineasta asiático da história, abrira os olhos do ocidente para o cinema oriental com obras como Rashomon (1950) e Os Sete Samurais, enquanto Ingmar Bergman, inesquecível diretor sueco e um dos maiores especialistas em retratar os sentimentos humanos através das lentes cinematográficas, destacava o cinema do norte europeu com obras-primas fundamentais como O Sétimo Selo (1956) e Morangos Silvestres (1957). São apenas dois bons exemplos, mas existem muitos outros que podem ser citados (e que, mesmo que subentendidos, estão presentes nesta pequena homenagem).

Também foi na década de 1950 que os musicais hollywoodianos chegaram a seu ápice, com o lançamento de um dos filmes mais lembrados e comentados de todo o período clássico do cinema. Sim, estou falando de Cantando na Chuva (1952), onde Stanley Donnen e Gene Kelly conseguiram a proeza de reunir todas as características do cinema musical das décadas anteriores e realizar uma espécie de síntese de toda a essência do gênero. Tornou-se, anos depois, o filme mais popular desse gênero, considerado por muitos como a maior obra-prima do estilo - fato do qual não posso discordar, já que o filme é realmente maravilhoso.

Já em 1959, um grupo de intelectuais franceses, que se reuniam todo o dia em um cineclube para assistir e comentar filmes, acabara criando aquele que, depois da própria invenção do cinema, é o acontecimento mais importante ocorrido na França em toda a história da sétima arte. Falo do surgimento da Nouvelle Vague, movimento que escreveu praticamente todas as características do cinema francês contemporâneo (e que foram aprendidas por muita gente, não só na França). O grupo era composto por nomes como François Truffaut (que escreveu, em 1954, a Teoria do Autor, principal pilar do movimento), diretor de Os Incompreendidos (1959); Jean-Luc Godard, diretor de Acossado (1959); e Alain Resnais, que dirigiu Hiroshima, Mon Amour (1959). Todas as obras citadas foram as primeiras de seus autores, que determinaram, por isso, o início do movimento.

Nos anos 1960, começaria a surgir mudanças extremamente importantes nas características temáticas e morais do cinema. Autores de maior engajamento passaram a driblar as barreiras do Código Heyes, ousando em temáticas e críticas sociais e dando maior explicitação às imagens de suas obras. As amarras antiquadas que haviam sido criadas para evitar a transposição de certos elementos e temas estavam prestes a serem desatadas, possibilitando, assim, a transposição de elementos mais realísticos às produções cinematográficas. Apesar de o Código Heyes ter sido substituído por completo apenas em 1968, ele já não estava sendo muito respeitado há anos, o que possibilitou um maior esclarecimento de referências para os autores do período sessentista (as décadas passadas eram marcadas muito mais pela insinuação, algo que pôde ser deixado um pouco de lado aqui).

Também fora na década de 1960 que as obras começaram e receber um tratamento mais autoral, experimental, com cineastas sempre à procura de imprimir em seus trabalhos marcas pessoais, que possibilitassem ao espectador uma associação lógica entre produto e produtor - e isso vale tanto para o cinema comercial quanto para o alternativo. Também foi nos anos 1960 que tivemos a extinção de alguns estilos que marcaram a “Era de Ouro de Hollywood”, como o musical (que teve seus últimos suspiros nos anos 1970 e está retornando com muita força no início deste novo século) e o faroeste, que teve seu fim decretado realmente ao fim desta década - durante os anos 1970 também ocorreram tentativas, mas poucos filmes memoráveis surgiram.

Porém, vale lembrar que a década de 1960 serviu também para o surgimento de um dos maiores autores (para mim, o maior - sim, até mais do que Hawks e Ford) do western, Sergio Leone. O diretor italiano, cria do gênero intitulado western spaguetthi, produzira algumas das obras mais memoráveis do faroeste e demonstrara ao mundo um controle técnico superior a quase tudo o que já havia sido visto no cinema. É um dos maiores mestres no tocante ao controle de câmera, à elaboração visual de planos e enquadramentos e à criação de climas épicos. Leone deixara como legado apenas seis trabalhos, cinco faroestes e um filme de gângster, mas conseguira uma proeza inigualável: adentrar em dois dos gêneros mais genuinamente americanos (lembrando, ele era italiano) e produzir as duas maiores obras-primas da história destes gêneros, Era Uma Vez no Oeste e Era Uma Vez na América - claro, é uma opinião pessoal, mas o texto todo fora escrito acerca de minhas preferências.

O final da década de 1960 (mais precisamente o ano de 1969) também fora palco da realização de outra das obras mais importantes de toda a trajetória da sétima arte. 2001: Uma Odisséia no Espaço, de Stanley Kubrick, é, na modesta opinião da pessoa que vos fala, a maior obra do cinema, sem exagero algum. É um filme revolucionário, de parte técnica inigualável, que representa o alcance máximo da força das imagens em uma obra cinematográfica. Uma verdadeira odisséia, que, mesmo que tenha totais condições de acender o ódio em muitas pessoas, em razão de ser um produto de difícil degustação, deve ser assistida por todos. O filme é um marco da ficção-científica e até os dias de hoje é referência para a grande maioria dos autores cinematográficos, em razão de sua atemporalidade - continua sendo um filme extremamente atual, em razão de sua técnica espantosamente perfeita.

Na próxima e última parte deste especial, serão abordadas as décadas mais recentes do cinema, desde os anos 1970, provavelmente a de maior engajamento político de toda a história, até a década vigente, onde é notável o declínio de qualidade e criatividade dos estúdios e autores cinematográficos. Veremos quais são as melhores produções do cinema contemporâneo, bem como os autores mais importantes do mesmo.

Aqui chegamos a uma simples e real fascinação pela historia cinematográfica e biográfica dos velhos e novos tempos que o cinema norte americano nos propôs e nos fez sentir de perto todos fatores explorados e inexplorados que nós comtemplamos e nos apreendemos com ele e hoje podemos dizer que estamos plenamente felizes e conformados com sua mundial trajetória pela vida de uma serie de filmagens e historias que sempre nos faz eram otimistas e conhecedores da vida e de um passado colado no tempo de uma inesquecível lembrança que sempre nos recordaremos e vai ficar em nossas lembranças como um incentivo artístico e um real espelho construtivo de nossas vidas. Obrigado!

Por: Roberto Barros

ROBERTO BARROS XXI
Enviado por ROBERTO BARROS XXI em 24/10/2016
Reeditado em 24/10/2016
Código do texto: T5801770
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