PAI E FILHO - Enrola familiar

Um grupo de rapazes andando pelos povoados no fim de semana a fim de divertirem-se, parando aqui , acolá, sempre nas bodegas para tomar umas. Certo dia paramos num povoado chamado Queimada e fomos ao bar de seu Ananias e depois das rodadas corriqueiras, primeira, outras e a saideira resolvemos visitar um conhecido nosso que morava bem perto. Chegando foi aquela alegria, ele bom e velho amigo e nós todos alegres , nem precisa dizer o porquê. Ele nos resolveu mostrar um porco que estava engordando. Engordando era seu modo de dizer, porque para nós o porco já estava demasiadamente gordo. Pelos nossos cálculos ele já estava pesando quase umas dez arrobas. Para um porco, já estava enorme.

Mas a história começa com este porco e recomeça com outro não muito gordo.

Ele nos relatou que antes deste porco ele estava criando um outro que não engordava nem a pau. Isto é, comia, comia e nada, já estava ficando desesperado de tanto comprar milho para o dito cujo. Num belo dia chegou seu filho, Jurandir, roleiro juramentado, Não podia ver nada que valesse algo para não propor negócio. Neste dia estava usando um relógio, um pouco velho, mas no seu dizer: Uma maravilha de relógio. Sempre marcando a hora certinha. Olhou para o porco magrelo, deu uma olhada pro relógio e propôs ao pai uma troca. Os dois no Pau. No linguajar deste tipo de negócio: um pelo outro sem volta. O pai pegou o relógio deu uma olhada, mesmo sem entender achou um negócio bom. Como ele já sabia do problema do porco, achou uma boa oportunidade para se livrar do, come e dorme sem carne. O filho também, velho matreiro, sabendo das condições do relógio, aceitou de cara a troca. Relógio no braço do pai e porco na carroceria da C 10 do filho E ficaram cada um com a cara de vitorioso no negócio. Passado alguns dias o filho retornou e foi logo queixando da troca. - Pai o negocio não presta pra mim. O porco só come e não engorda nada. Me lasquei na troca. O pai retrucou: E o relógio que fiquei não passaram dois dias pifou. Levei no relojoeiro para consertar e ele me disse que não valia a pena gastar nada, porque o relógio já era; não servia prá mais nada. Então vamos fazer o seguinte, vamos desfazer o negócio. Você me devolve o porco e eu lhe devolvo o relógio.O filho achou uma solução mais vantajosa pro dois. Vamos fazer o seguinte: Eu trago o porco a gente mata ele, faz uma feijoada, o senhor entra com o feijão,que prá isto ele ainda presta, compramos uma garrafa de pinga e vamos encher o bucho. E assim foi feito.

Não ficou desamisade entre pai e filho e ainda saíram de barriga cheia e muita história contada enquanto devoravam a feijoada com porco magro.