Matuto na Cidade Grande

Um matuto queria conhecer cidade grande, foi para o Rio de Janeiro. Sem traquejo social, andando a deus dará no meio da multidão, bateu-lhe uma intensa vontade de cagá, encostava em uma parede e transava as pernas, andava de novo tentando descobrir um lugar para liberar o barro. Viu uma construção abandonada, agachou e cagou um cagalhão taludo. Mas como o carioca é gozador ao flagra-lo, mentiu que era o dono e fez ele levar a bosta. Embrulhada num papel saiu pelas ruas . Ao passar em uma calçada de uma loja, um vendedor fazia propaganda de uma balança. Com um papo de camelô, falava das mil qualidades da balança, já foi logo pegando o embrulho do matuto, jogou na balança, deu 900,50 gramas, aí explicou ao matuto que tinha comprado o produto por um quilo e foi roubado em 50 gramas. Batendo o embrulho, revoltado pela a desonestidade com o pobre matuto, só que o papel que embrulhava a bosta, foi umedecendo e de repente sujou a mão do propagandista vendedor, este puto da vida, chamou o guarda e levou o matuto para a delegacia. O delegado mandou dar-lhe uma surra e que sumisse da cidade.

O matuto regressando a sua roça, um compadre quis saber como foi o passeio na cidade grande, então ele disse: “ l´Cumpadre lá tem prédio tão alto,que tá escrito edfice. Mué bonita é muita. Lá tem um pobrema . Si num gagá um quilo certinho entre na borracha!....”

Esse causo meu pai contava em 1949. Os roceiros riam muito.

Lair Estanislau Alves.