Velhos dias

De repente a vida não tinha mais sentido. Uma grande interrogação e um grande abismo formaram-se entre a menina que um dia sonhou com uma casa de varanda, um lago, patinhos nadando com pessoas felizes a correr e a brincar e a senhora de cabelos grisalhos, pensativa, que eu vejo no espelho e, nem triste, nem alegre me pergunto: O que eu fiz da minha vida?

Assim começa a história de uma pessoa comum, com mistérios entre o céu e a terra, que ninguém até hoje tentou desvendar.

Ainda me lembro de minha mãe contando como se fosse hoje, sobre uma parente próxima que visitava sempre a casa dos bisavós.

Era um sítio muito bonito, terras a perder de vista com um pequeno riacho ao fundo, de águas claras e pedrinhas brancas que davam para ver o fundo do rio. Uma casa grande, mas simples, rodeada de um jardim, onde roseiras floriam o ano inteiro.

O casal vivia ali feliz e tinham uma filha muito amorosa, que todo dia colhia rosas para enfeitar a mesa da sala.

Numa dessas visitas contaram sobre uma senhora que veio até o sítio onde moravam e na porteira do sítio chamou a menina, ainda pequena, para dizer que veio avisar a família sobre uma grande fortuna.

Ficou ali conversando com a menina, pois os pais estavam entretidos com os afazeres e não deram conta que a menina estava longe.

A mulher pediu para contar aos pais o seu nome e o propósito de tal visita.

Falou sobre a casa, o sitio, o jardim, como se já tivesse vivido ali, mas a menina, por ser pequena, não entendia muito sobre isso.

Ficaram em torno de uma hora conversando, até que a mulher pediu para abraçar a menina para despedir-se, pois estava tarde e precisava ir embora.

A menina consentiu e a mulher a abraçou fortemente e beijou-a no rosto e disse para não esquecer de contar aos pais tudo o que tinham conversado.

A menina veio toda feliz, correndo para a casa. De lá olhou para a estrada e não avistou mais a tal mulher.

Entrou em casa, sentou-se e ficou pensativa, de como gostou daquela mulher tão boa.

Os pais, cansados do trabalho, entraram em casa, tomaram banho, a mãe deu banho na filha, arrumam-se e a mãe foi cuidar do jantar. Enquanto isso, a menina no colo do pai contava sobre tudo que fez naquele dia, as brincadeiras, enfim.

Sentaram-se na mesa para jantar e a menina estava mais tagarela que de costume. Jantaram e o pai perguntou para a menina, o que ela fazia em cima da porteira a tarde toda, pois ele de longe acompanhava os passos da menina, como um pai zeloso que era.

A menina emendou que estava a conversar com uma mulher muito bonita e boazinha.

O pai insistiu de que não havia ninguém lá além da filha.

Aí para espanto do casal, a menina sorrindo apontou para o quadro da sala e disse que aquela mulher da foto é quem estava lá conversando com ela e contou sobre um tesouro escondido debaixo das roseiras do jardim. E que não era para contar para mais ninguém.

Naquela noite, o pai da menina desenterrou do jardim uma grande quantia em ouro, que ficou para a família. E nunca mais a menina viu aquela mulher novamente.

Sissili
Enviado por Sissili em 17/03/2021
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