Pai Zé E Suas Artes 2

De muitas das artes, boas para encartes, para serem lidas em todas as partes, um tanto do vício, para aumentar do meu conto, iniciado há dias que se foram, quadriplicados de trasanteontem.

Entre as pausas, vou lembrando das peripécias do Pai Zé, em suas atuações, por aqui, no nosso humilde canto, sem nada dos prantos, longe do seu querer primeiro.

Pai Zé, só se diferenciava do Pai Francisco, pelos filhos e nos modos que porei, em seguida, dos meus guardados na memória, antes que se percam nos meus rastros do tempo.

Se as pilhas de lenhas falassem, diriam dos atos dos momentos, se as medidas acontecidas, faziam agrados, onde se portavam como assentos, antes de irem ao forno, por utilidades primárias.

Pai Zé, talvez não pensasse na fama, mas sim, do melhor que sonhava, em sua mente, para algum de nós, belo cartaz no ramo musical, uma das paixões, condicionado à sua vida.

Muitas vezes nos colocava às lenhas acima, lado a lado, no jeito, prontos aos acordes vocais.

Dava três passos para traz, com uma varinha, se colocava qual um maestro, incitando a gente a cantar, aquelas canções tocadas nas rádios locais:

Sonhei que eu era um dia um trovador (O Trovador); Maringá, Maringá (Maringá); Tu não te lembras da casinha pequenina (Casinha Pequenina); Não há, ó gente, oh! Não! Luar como esse do sertão (Luar Do Sertão); O Passarinho Do relógio está maluco, ainda não é hora do batente, ele fica impertinente, acordando toda gente, fazendo: Cuco-Cuco... Cuco-Cuco... Cuco-Cuco! (O Passarinho Do Relógio), entre outras...

Aconteceu, mais para frente...

A Rádio Independência de Curitiba, Programa do Gilberto Fontoura, fazia gincanas para animar seus ouvintes nas praças públicas de Curitiba, e numa delas, não houve escapatória...

Pai Zé, teve presença, por seus filhos, no auditório preparado ao céu aberto.

Contatos de comunicação perfeita, inscrição no prazo, agitos legais nos seus conformes.

Ansiedades de todos os membros, por ele selecionados, banhos tomados, arrumados, cuidados feitos da Mãe Cezê nos zelos, e lá fomos: Oze; Cli; Cler; Zico...

A canção tinha que ser uma paródia e ele escolheu: Sem Destino (Vagabondo) dos Incríveis, grande sucesso da hora.

Claro que ensaiamos, anteriormente, diante do maestro, sobre o título: Quando Meu Bairro acorda: Homenagem às grandes evoluções.

O dia causou furor para a vizinhança, onde ninguém ousou apagar seus rádios, naqueles momentos entre a saída até o seu final, presente à grande missão dos cantores mirins.

Aplausos, assobios, grandes desejos de sucessos, ouvidos e sentidos, por incentivos, com a esperança de voltarmos vencedores.

Mesmo não havendo êxito em prêmio algum, sentíamos orgulhosos daquele feito.

Para ele, visivelmente, o suficiente para contentamento, ouvindo pelo rádio, pois achava muito mais interessante assim, motivo de não ir lá no evento, ao mesmo intento, feliz ao sentir concluído o seu objetivo maior.

Certa feita, Pai Zé, pregou um tremendo susto no meu sobrinho Luiz, o Fumaça, uma de suas artes de fazer gosto.

Mana Rosil, por curso do destino, foi pra longe de Curitiba, morar na cidade de Paranaguá.

Deu bom, na sua agenda de trabalho, entre outras complicações, que só o orçamento financeiro pode dizer, quando tiver língua para falar, propício para aquele espaço permitido, conseguiu trazer o filho Luiz, ido demais pequeno, ainda de peito.

Os anos passaram.

Muitas coisas aconteceram neste tempo todo:

Luiz Fumaça, já não era neném, mas sim um piá pronto, e cheio de graças com as brincadeiras, sem paciência, para aguardar no seu quadrado.

Olhem eu aí, de novo, contando o que o futebol pode arranjar por ser um esporte eterno, escolhido na maioria dos moleques, no qual sempre vou me incluir.

Sei o que digo.

Luiz Fumaça, tinha até esquecido do seu compromisso, em conhecer seus avós e tios.

Levado da breca, acostumado já era assim, vendo meninos jogando bola, não se fez de rogado:

Foi a ter com eles, como se já estivesse familiarizado com a turma do Tio Zico.

As regas eram claras e inequívocas aos que estavam dentro daquelas quatro linhas.

Chão disforme, tocos por arrancar, declive total, mas esportivamente batizada de quadra de futebol:

Nada de chutes que venha a trazer prejuízos e incômodos aos vizinhos...

Bem, Luiz Fumaça não sabia, espero que não haja ofensa, muito menos habilidade para o trato com a redonda.

Não deu minutos dos seus chutes transversais para alhures, e numa daquelas, eis a pelota aos pés do Pai Zé, acabando de descer do ônibus e chegando no seu terreiro, onde de cara já estranhou aquele garoto, vindo de outras paradas.

Se deparando com aquele homem todo polido: fardado; quepe na cabeça; divisas nos ombros alinhadas e aquele olhar indagador, sério no seu propósito da surpresa, por onde até os pássaros iniciaram revoada...

Coincidência ou não.

Luiz o fixou de semblante: Olhos esbugalhados; calado; atônito; apavorado; assustado; Todos os ditos, para a cena no seu entender, escabrosa, não lhe negando o avassalador do repente:

Branco, bem mais branco que um branco da limpeza de um pano branco.

Diferente daquele tom que tinha, pelas mudanças precisas, nos trajetos aos litorais de Paranaguá e Santa Catarina, e à bagagem, de então, ao Bairro São Braz.

Pai Zé, simplesmente apanhou a gracinha, ajeitou o pé, e devolveu com um belo chute, para de volta aos pés de canelas e o deixou ali, na espera da bronca.

Veio a noite e o golpe final.

Mana Rosil apresenta Luiz Fumaça ao seu Avô, Pai Zé.

O resto da noite, deixo que o Sobrinho conte...

Bombeiro: 3º Sargento; Socorrista; Enfermeiro; Padioleiro; Salva-Vidas, de tudo: Mais um pouco.

Com muito orgulho, ajunto de novo, forço um bis, e aponho, atento, para as novas promoções.

Pai Zé, vezes outras, convocado para adentrar nas matas, para atendimentos às vítimas dos acidentes aéreos, principalmente em ocorrências na Serra do Mar.

Conta dos quadros fortes, imagens indescritíveis, doloridas, a ponto de causar problemas psíquicos aos seus companheiros, não cabíveis agora desvendar, até por respeito em não querer avançar, mais que isso, pelos dramas, que nem ele se permitia aliviar com a gente.

Mas, pequenos incidentes posso detalhar, nos lapsos instantes em que permitia, tais acontecimentos, das poucas ocasiões.

Pai Zé, tinha escalas alternadas de serviços, era do jeito que vinha, diante da exigência óbvia, por vinte e quatro horas nas eminências dos sinistros.

Breu total após o sol se pôr, pois não havia luz de rua, nas nossas noites.

O ônibus ficava a mais de três pontos, numa distância de duzentos e cinquenta metros entre eles, na sua parada final.

Antes de meia noite, antecedendo à sua saída da hora, ficava à espreita no local, e assim, deslocar-se para o local de ação.

Havia um campo de futebol em frente ao primeiro ponto, depois do nosso.

Naquela noite, um fato nos deixava de cabelos arrepiados para as nossas tenras idades.

Pai Zé, contando com detalhes, ter ouvido nitidamente o desfile de sua corporação, com todos os apetrechos, que causava tipos sonoros, cuja emoção já havia sentido, num desfile de Natal e entregas dos presentes, que tive privilégio de trazer para casa em alguns anos, por doações.

Não satisfeito da narração foi até o local daquele ponto, para certificar-se da ocorrência, e sua verdade, no entanto, nunca mais tocando no assunto, para alguns, digamos, curiosos.

Pai Zé, contava de um outro fato que lhe deixava bastante perturbado, entendendo, que com toda sua força e coragem, não podia explicar o que havia acontecido, numa bela manhã de sol, prometendo maravilhas, para mais um dia de trabalho na função que lhe fora designado.

Saindo do seu acampamento para alongamentos iniciais, constantes nos seus critérios de disciplina, quando uma mão gelada, batia no seu ombro.

Ele olha para traz e cumprimento com um:

- Olá, tudo bem, como vai?

Olha pra frente, aguardando o pareamento, mas se preocupa, pois a pessoa lhe pareceu, também, pálida demais e não avançando.

Gira seu corpo de retorno, sem pestanejo, no intuito de prestar ajuda, freando na pergunta:

O Senhor...

Fração de segundos.

O mar bramindo a vinte metros à sua direita, os donos dos estabelecimentos ainda nem começavam a abrir as portas, a mais de vinte metros à sua esquerda.

Às costas, duzentos metros, as pedras que formavam o morro, e o indivíduo simplesmente sumira das suas vistas, em espaços impossíveis para tal.

Os arrepios que teve no momento, não pode dar lugar às dúvidas ou soluções para o caso, tava preparado para os banhistas, que dali a pouco, tomariam aquele silêncio do amanhecer.

A História é peculiar a qualquer indivíduo.

Caminho percorrido de um seguimento, designado pelo ser supremo.

Neste contexto, o percurso, qual um livro, pode ser traduzido em várias vertentes, acoplados no âmago da memória de cada um, que queiram assim, eternizar.

Quis aqui, não de final ponto, exemplificar as andanças, que me deixaram memórias, enquanto, os nossos protagonistas nas suas lutas diárias, quando propuseram melhorias, seguindo os planos e definindo religiosamente, para que nós, filhos, tivéssemos, também, um seguimento repleto do Amor, sentimento único, determinante da estabilidade emocional, em vista as dificuldades nos caminhos.

Pai Zé, e Mãe Cezê: Duas estrelas, quais anjos, continuam na proteção, lá de cima, dando visibilidade aos mandamentos divinos.

No dito, por registro: Quem conta: Tem um conto,

Onde das tantas, nas escritas, tento com encanto.

Qual Pai Zé, Mãe Cezê, à lida: De grato, portanto,

Nada de moleza, sigo a Vida! Que age, de pronto.

José Corrêa Martins Filho
Enviado por José Corrêa Martins Filho em 18/08/2023
Reeditado em 27/08/2023
Código do texto: T7864676
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