O amor...

A tarde caía sobre a cidade, as ruas entorpecidas de cansaço, pessoas afoitas e apressadas para retornarem logo ao casulo doméstico, encontrar seus filhos (as), maridos e esposas, os bares noturnos começando a lotar, a noite ja baixava sobre as cabeças e pensamentos nefastos invadiam as cabeças de muitos.. Tal qual um passáro preso na gaiola, sentia-se um jovem rapaz, pele clara,olhos arregalados de fome, roupas sujas e fétidas ,suor misturado a lagrimas escorriam do rosto desse rapaz, jogado na sargeta feito um cão sem dono,largado e esquecido pela vida. De mãos estendidas suplicando moedas pra talvez poder fazer um lanche qualquer, há 5 dias não sentia sabor de comida,nem do pão conhecia mais o sabor. Uma senhora bem apessoada de posses, de coração nobre parou diante desse rapaz, estendeu-lhe a mão e o convidou para um lanche na padaria da esquina,o rapaz já sem expectativa nenhuma logo se mostrou arredio,assustado com aquele convite, parou, se afastou ponderou um pouco viu que nada mais poderia temer ainda mais vindo daquela senhora.Decidiu aceitar o convite,aproximaram-se da padaria onde os funcionarios ja faziam revezamento de turno,prostaram-se sob o teto da pequena varandinha logo na entrada, ali eram colocadas mesinhas de sol para aqueles que desejassem comer, conversar,chorar ou sei la o que naquele local. A senhora pediu que trouxessem para ela uma garrafinha de agua mineral e para aquele rapaz a melhor refeição que tivessem disponivel.O rapaz que até então se mantinha calado e confuso resolveu então perguntar a aquela senhora quem era e por que estava fazendo tamanho agrado a ele; '' senhora por favor me responda com clareza, por que está fazendo isso por um ser como eu? Por que não me deu apenas moedinhas e desejou-me sorte como faz a maioria? '' A senhora com um suave sorriso nos labios respondeu ; '' Ora meu nome é Marta, não me chamo maioria,Pensei que talvez você sendo tão jovem e já entregue ás desgraças da vida assim gostaria de alguem que lhe ouvisse um pouco, gostaria de me contar sua história? se não toda, pelo menos parte dela. Por que entregastes assim tua vida ao destino imundo das ruas?'' :

- Ora, ninguém nunca se interessou em saber de mim, não sei por que a senhora está fazendo isso, mas já que deseja saber...

Nessa hora a garçonete se aproximou e com a bandeja cheia largou como se fosse um fardo, em cima da mesa uma farta fatia de torta com um belo sanduiche de frango, que logo encheu os olhos do esfomiado rapaz, em seguida como se estivesse de mal humor largou também a garrafinha de água de dona Marta na mesa,parou olhou bem aquele imundo rapaz e a senhora e fez a pergunta: ''Deseja mais alguma coisa senhora?'' dona Marta sorrindo ;'' Não minha querida desejo que sorria, a noite está tão bela,apenas sorria.'' A moça confusa com aquelas palavras deu um sorriso sem graça e saiu.

Dona Marta olhou o rapaz que á essas alturas ja não havia mais aguentado se segurar diante daquele suculento sanduiche ja havia caido de boca sobre o sanduiche esquecendo completamente dos bons modos,dona Marta sorriu e aguardou tranquilamente o rapaz terminar a refeição e se sentir satisfeito para prosseguirem com a conversa. Terminado a refeição o rapaz agradeceu,os olhos desse moço até brilhando estavam novamente!

- Dona Marta,há muito fui jogado para fora de minha casa, minha mulher decidiu que não mais me amava e que estava apaixonada por um velho conhecido,a dor foi tamanha que não consegui me manter no trabalho,minha vida perdeu o sentido, eu vivia e morria por aquela mulher,ela era a única coisa que me fazia sorrir,ela e minha doce Anne.. A como era linda minha Anne,tinha os olhinhos parecidos com os meus,o cabelo um pouco mais louro que os da mãe,pele clarinha,jeitinho de anjo. Eu á via todas as semanas,sempre que tinha um tempo corria até a escola dela e passavoms um tempo juntos,era minha única felicidade depois de minha mulher,certo dia me ligaram no escritorio onde trabalhava e disseram que Anne estava no hospital e precisava do pai para reponder por ela, já que a mãe não estava em condições. Meu mundo caiu, o desespero se abateu sobre mim, não sabia o que tinha acontecido com Anne nem com minha mulher Emilia. Corri para o hospital, logo no corredor a cena mais chocante de minha vida... Emilia estava deitada sobre uma maca completamente desfigurada e já quase sem vida,Minha Anne tão linda e tão angelical, não me enchergava! Meu Deus, que desgraça havia se abatido sobre nós,tentaram de tudo para salvar Emilia mais ela ja chegou na mesa de cirurgia morta. Minha anne logo foi internada mas não conseguiu resistir a operação, era fragil demais para tal cirurgia. O carro de Emilia que tinha ido buscar Anne no colegio estava completamente destruído,perdi meu amor e minha filhade uma só vez. Perdi o gosto pela vida,não mais voltei ao trabalho, meus amigos passavam por mi e fingiam não me conhecer, fui excluido e esquecido por todos. Perdi tudo que tinha, casa, emprego, amigos,dinheiro, tentei por vezes acabar com minha vida, mas foi em vão. Fui tão desgraçado que nem isso consegui. percebi que é aqui na sargeta que devo terminar meus dias, até poder encontrar minha filha novamente, dona Marta eu sei que vou vê-la em algum lugar perto daqui,me pego as vezes sonhando com as duas,imagino que ao virar a esquina vou ver o sorriso de Anne... As vezes a noite sinto o perfume e o abraço de Emilia, sinto como se ela ainda estivesse aqui e me amasse como antes... Imploro a deus para que eu morra bem de pressa,a senhora não tem idéia do quanto sofro sem elas. A médica que operou Anne dizem que enlouqueceu e largou o hospital logo depois de perdê-la na mesa de cirurgia,disseram-me que ela foi a única que ouviu Anne orar antes do falecer,e Anne fez um pedido a tal médica. Pediu que cuidasse do pai dela, meu desespero foi tamanho na época que me esqueci de procurar a tal médica para agradecer tudo que fez parar salvar minha filha. Ela sumiu, nem nome sei dessa tal Doutora.

O rapaz já com os olhos marejados deixou a emoção tomar conta de si por completo e o choro foi inevitavel.

- E qual seu nome meu filho?

Perguntou a senhora também com os olhos cheios de lagrimas em compaixão ao rapaz.

- Alberto senhora, meu nome é Alberto.

O rapaz enxugando as lagrimas levantou-se agradeceu por tudo que a senhora havia feito por ele e virou-se para sair dali.

- Espere Alberto! por anos venho te procurando... Precisava te dizer que as ultimas palavras que sua filha disse foram pra você! Deseja saber quais foram?

Alberto confuso e emocionado deixou seu corpo cair sobre a cadeira, olhando para a senhora não conseguia acreditar que aquela fosse a médica que havia cuidado de Anne nos ultimos momentos de vida dela...

- É a senhora? responda-me, a senhora é a tal médica? por favor, responda?!

- Por anos procurei por você,não sabia como encontrar o pai daquela garotinha tão doce, que mesmo sofrendo se fez calma e tranquila para acalmar os que estavam a sua volta,ela me disse Alberto, que tinha uma doença que ninguém sabia, só ela por que um anjo veio avisá-la em sonho,e que a mãe dela nao ia suportar a dor de perdê-la para a tal doença e que por isso papai do céu resoveu levar as duas juntas, mais que você papai dela era muito forte,e ia ser muito feliz por ela,disse que o amor que ela sentia por você era tão grande que viria te visitar todos os dias, pediu pra que te disesse que você foi o melhor pai do mundo,e que te amava do jeitinho que papai do céu ensinou ela a amar,ela me pediu pra que eu cuidasse de você,pois você não conseguia dormir direito a noite,mais que ela passaria todas as suas noites em claro com você, as ultimas palavras que sua filha me disse Alberto, '' doutora,diz pro meu papai que eu já sabia disso,diz pra ele que vou pra um bom lugar com mamãe,nós duas queremos ver ele sorrindo,vamo sesperar por ele tá?!, diz pra ele doutora que agora vou ser o anjinho dele que ele sempre disse que eu era,vou cuidar dele como ele cuidou de mim.''

O silêncio se fez presente, os olhares baixos a noite parecia especialmente calada, o dois como num suspiro único se abraçaram ternamente.

E naquele momento tudo se fez mais calmo e realizado, que antes, todas as palavras já eram dispensaveis, e como um sopro de vento Alberto e dona Marta sentiram a presença e o perfume de Anne.

O amor envolveu tudo e todos se fizeram melhores pessoas.

... ... ...

Comentários da autora: acho que o texto dispensa meus comentarios,desculpem meus erros!?

Moral: O amor... Nada além do amor...

Abraços!