O Coronel Juquinha era considerado,não sem razão,o maior muquirana de Minas.Rico como um nababo,"roía as unhas prá economizar feijão e não dava adeus a ninguém,para não ter que abrir a mão.Uma vez,viajando de uma fazenda para outra,onde ia levar um burro,pegou o trem,acomodou o animal no vagão de carga e sentou na terceira classe,esperando não ser visto pelo cobrador;mas,foi,e quando este lhe cobrou os trezentos réis da passagem,o coronel correu até o vagão de carga,montou no burro,e,disse que não pagava,porque ia a cavalo.Mas,estava acontecendo no Rio,uma exposição agro-pecuaria e o coronel queria ir,para conhecer a Capital,ver o mar e xeretar as novidades da sua área;Levou a mulher,D.Vitoria,boa senhora que o tolerava há quase quarenta anos.No Rio,foi direto á exposição e lá assuntou num rapaz que oferecia passeios aéreos,sobrevoando a Guanabara.O Coronel balançou;ao mesmo tempo que veria o mar,conheceria a cidade,andaria de avião,era historia para contar pros netos;mas,o problema era o dinheiro;o piloto pedia 30 mil réis por pessoa-um assalto-e o coronel relutava em pagar.Por fim,o desejo venceu a prudencia e o coronel começou a inticar o piloto,para cobrar mais barato e tanto atormentou o homem,que este,de saco cheio, irritado,lhe propôs,fazer a uma hora do passeio completamente calado.Nem um pio,nem um ai,nada,nadica de nada.Se conseguisse,a viagem do casal sairia de graça.Acomodaram-se no pequeno teco-teco e o avião levantou vôo;passaram pelas belezas do Rio e o coronel,mudo;viram o Cristo Redentor,a Urca,Copacabana,e,o coronel nem um oh!.Nervoso,e farejando o prejuizo,o piloto sobrevoou a Baía de Guanabara e lá no meio começou com as acrobacias.O avião embicava,arremetia,balançava,fazia looping,looping up,descia parecendo querer se enfiar no mar eo coronel mudo.Depois  de 45 minutos de sofrimento ,o piloto,exasperado,disse ao coronel:-vamos descer,o senhor ganhou,não vai ter que pagar nada;mas,por favor,me diga-enquanto estava lá em cima,sobrevoando o mar,eu,fazendo aquelas acrobacias loucas,o senhor não teve vontade de me dizer nada?Placidamente,o coronel respondeu:-bão,ter eu tive,mas,se falasse,perdia a apostaE o que o senhor queria me dizer?-Que na terceira vorta que o senhor deu,a Vitória,minha mulher,caiu no mar.
Miriam de Sales Oliveira
Enviado por Miriam de Sales Oliveira em 23/03/2008
Código do texto: T913002
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