O tatú que queria voar

O tatú que queria voar

Na floresta de Pindasupim, no interior do Amazonas, escondido embaixo de muitas folhas, existia um pequeno animal, de casco duro e de nariz comprido e gelado. Seu nome era Mintande, um tatú-bola, que além de mentiroso era também um sonhador. Gostava muito de contar estória para seus amigos e quase nunca exagerava nas fábulas criadas e vividas apenas na sua imaginação. Ele gostava sempre de dizer que voava como uma águiae que era mais esperto que D’ Bruna, uma coruja anciã a quem todos pediam conselhos. Certa vez, Mitande estava mais uma vez contando suas estórias quando repentinamente pairou sobre sua cabeça uma pena de águia que se desprendera do Angenor, uma águia de humor não muito apurado e que certamente se ouvisse seu nome ser pronunciado em vão era briga na certa. Quando a pena caiu em cima do jovem tatu, mais que rapidamente ele esbravejou um grito de alegria.

- Fui abençoado pelos deuses da floresta! Serei a partir de agora um Tatú-bola-alado!

Todos se espantaram com a profecia de Mitande. Será que ele voava mesmo, ou será mais uma de suas invenções marabulosas?

- Mitande, prove que você realmente pode voar? Retrucou a perereca que assistia tudo de dentro de uma fresta da árvore ao lado. E continuou, ironizando o tatu. – Você sabe que não se pode voar quem não tem asas. Uma vez um tio meu tentou ir a uma festa no céu e acabou caído lá de cima e morrendo na terra que era seu lugar. Se você conseguir sair do chão eu também vou querer voar.

- Posso sim. Irritadíssimo com o abuso da perereca, gritou o tatu.

- Vou te mostrar, mas primeiro tenho que fazer um ritual. Na verdade Mitande estava querendo ganhar tempo para ver se todos esqueciam sua promessa.

Que ritual é esse que você nunca nos falou? Falou o gambá.

_ Esse aqui é por causa dessa pena. Tentou desvencilhar da pergunta. Porém antes que o tatu fugisse da responsabilidade de mostrar sua proeza, foi pego pela cauda repentinamente pelo seu Angenor, que viu de longe que o tatu escondia sobre seu casco a pena de sua asa que caíra num de seus vôos matinais.

- Tentando voar Mitande? Perguntou a águia.

- Que isso Angenor, eu só estava contando para meus amigos como suas penas são bonitas e sedosas. Como é possível um tatú- bola voar? È impossível.

- Vou te mostrar que os deuses da floresta ouviram suas preces. Neste momento Angenor voou o mais alto que pode segurando Mitande pela cauda e levando consigo as alturas do céu.

-Você sempre disse que queria voar, não é? Agora você vai ter esse gostinho, mas será pela primeira e última vez, pois eu vou te soltar e você vai cair no chão e morrerá por que você nunca vai voar.

Neste momento a águia solta o tatu que começa a cair em direção a morte. Num momento de desespero, Mitande começa a pedir a ajuda dos deuses da floresta.

-Ò deuses da floresta, ajude-me a sair vivo desta que prometo nunca mais mentir para meus amigos!

Neste momento, um vento forte começa a soprar e forma um redemoinho justamente embaixo do semi-finado tatú e milagrosamente ele vai aliviando a queda do animalzinho até que ele pouse no chão suavemente provando a todos que assistiam assustadamente que ele pode voar.

Quando ele chega ao chão sem nenhum arranhão, todos correm em direção ao tatú-bola-alado para tocar em seu casco que a partir deste momento passou a ser o novo rei da floresta.

Salvo pelos deuses, ou pela força da natureza, não se sabe ainda. Mas o mais importante é que agora o tatú-bola-alado nunca mais conta mentiras. Quem sabe da próxima vez ele na terá tanta sorte assim.

Henrique de Paula
Enviado por Henrique de Paula em 29/03/2008
Código do texto: T922110
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