O capataz (causos do povo)

 

Anos atrás conheci um peão

Homem bom e apaixonado

Que amava a sua esposa

E por ela se sentia amado

 

Mas o capataz da fazenda

Sujeito mal intencionado

Cismou um dia de conquistar

A esposa do seu empregado

 

O peão se sentindo mal

A sua patroa procurou

O que seu capataz fazia

Pra sua patroa contou

 

Ela escutou tudo em silencio

Quando o peão parou de falar

Olhando nos olhos dele falou

Você vai ter que se acostumar

 

Com o sistema da fazenda

Pois aqui tudo e repartido

Aqui você não tem esposa

Sua esposa não tem marido

 

Aqui mulher de empregado

Também é mulher de patrão

Tua mulher e muito bonita

Bonita demais pra um peão

 

Revoltado com o que ouvia

Deixou a sala sem se despedir

O capataz foi ao seu encontro

Dizendo pra ele a sorrir

 

Esta noite a sua esposa

 Na minha cama vai dormir

São as ordens da patroa

Não se atreva a discutir

 

O peão olhou pra ele e disse

Não vais ter tanto sorte assim

Tanto você como sua patroa

Vão se lembrar sempre de mim

 

Foi em casa e logo voltou

Trazendo um chicote na mão

E foi dizendo pro capataz

Te, prepara vais levar uma lição.

 

 

 O capataz tratou logo de fugir

Mas o peão, tempo não lhe deu.

Quando o chicote estalou no ar

Foi que o capataz compreendeu

 

Que o peão não tava brincado

E logo se preparou para o pior

O peão lhe deu tamanha surra

Que a morte teria sido bem melhor

 

A patroa da sala a tudo escutava

Pressentindo o pior se escondeu

Se trancando dentro do quarto

Mas o peão lhe surpreendeu

 

Entrando pela janela

Com essa ela não contava

O chicote trabalhou firme

Enquanto seu corpo riscava

 

Depois da surra consumada

Olhou pra patroa lhe dizendo

Porque você se meteu comigo

Diga-me, pois não compreendo.

 

Mas isto já não importa mais

Só uma coisa eu vou lhe dizer

Quem mexe com minha mulher

Não tem tempo pra se arrepender

 

Alguém já havia me dito

O que vocês praticavam aqui

Minha mulher e a única coisa

Que eu não gosto de dividir

 

Lembre-se disso para o futuro

Eu vou embora, mas fica o recado.

Que este castigo lhe sirva de lição

Seu capataz também foi castigado

 

Agora que já fiz meu trabalho

E disto eu não tenho duvida

Sempre fui bom com o chicote

A surra que lhe dei foi merecida

 

Jamais bati em mulher nesta vida

Mas eu tinha que lhe dar uma lição

Quando olhar pro seu corpo marcado

Vais lembrar com certeza deste peão!

 

Balneário dos Prazeres: 14 / 04 / 2008

 

Partes deste causo são verdadeiros, 
disto não tenha duvidas, no vilarejo onde eu morava, 
muito se falou sobre esta fazendeira e do seu capataz 
e do peao atrevido e da surra  que deu na patroa, 
dizem que depois da surra que levou, ela vendeu tudo e sumiu, seu nome hoje é só uma triste lembrança, quanto ao peao 
continua pelas redondezas morando na fazenda de um 
amigo, já está bem velhinho e não gosta quando lhe falam
da surra que deu no capataz e na patroa, o capataz foi outro que sumiu e nunca mais voltou por aquelas bandas!