Diário de uma boneca de porcelana

Sabe quando as lagrimas escorrem o corpo, na verdade ela esta tentando dizer que a alma esta a fim de gritar.

O cascão foi meu um amigo que tive, e ele sim entendia bem dos meus sonhos de menina, suas orelhas grandes estavam sempre prontas para escutar minhas fantasias e por muito as vezes seu corpo fofinho entre laçado pelos meus pequenos braços aquecia meu espírito.

Toda menina cresce e com ela cresce o sonho de ser feliz, ter família constituir um lar e no meu caso não poderia ser diferente, minha mente tinha como uma gravadora o filme perfeito de minha vida, véu grinalda, altar aliança, meu pai me conduzindo pelo lado esquerdo, mês amigos de infância sendo registrados pelos meus olhos em lagrimas, uns assoviando outros aplaudindo, assim sonhei, mas esqueci que a vida é feita de escolhas e cada qual tem conseqüências, o hoje sempre vai ter influencia no amanha, e o amanha sempre será o resultado do que eu me propor a fazer agora.

Os pingos nos telhados lembram as lagrimas de um homem que era meu herói, sempre tive que heróis não choram, mas descobri que isso era mentira heróis tem pontos fracos e no caso do meu pai eu era sua criptonita. Nunca foi minha intenção magoar alguém, não nasci pra ser ladra de paz de espírito, mas minhas atitudes levaram a furtar os sorrisos da minha família. A carência foi algemas que por muito tempo aprisionaram meu verdadeiro eu e por ela entreguei meus maiores tesouros nas mãos de pessoas que só quiseram o que eu tinha de material e por elas fali todo meu espiritual.

A droga te trás o alivio das dores pelas quais o ser não tem coragem de enfrentar mais essa cobra um preço caro pela escolha, não sabia que mais tarde todo cigarro de maconha toda carreira de cocaína, toda inalação de lança-perfume e todo cigarro de Crack com tabaco iria pedir fora meu dinheiro já pago pelo êxtase minha vida, iria cobrar minha ausência de mãe de filha e foi isso que aconteceu.

A boneca de porcelana se tornou em uma boneca de retalhos suja de barro e a casinha agora não era tão colorida como antes esta era feita de blocos a vista, chão de cimento decorado com um sofá velho e rasgado, o tapete era de pontas queimadas de palitos de fósforo, meus amigos de infância se tornaram bonecos sujos com suas faces tortas pelo efeito da droga e hoje vejo o quanto esta cega por carência, por falta de ter o que não tinha o ódio por mim estava estampada em minhas atitudes, mas todo começo tem que começar de um fim.

Foi com doses de Dorflex, e uma cartela de Fluxocetina que tentei tirar o que por mim não tinha direito, uma vez que não fui eu que a fiz, minha vida. Acreditava que a fuga para a dor que estava enraizada em minha alma só poderia ser conseguida através de meu suicídio, mas novamente um Poder Superior acreditou em mim, e novamente me deu a chance de trilhar os caminhos de volta para minha casa colorida, com vida com harmonia com amor, então ele me levou para sua casa no alto da montanha e lá tive a chance de me encontrar de me namorar, foi com dor que o banho me foi dado e pouco a pouco os farrapos foram ganhando brilho, aprendi que o amor só vou poder dar quando aprender a me amar, hoje estou me preparando para ser mãe, ser filha, ser humana em recuperação, e foi quando me namorei pela primeira vez, que pude ver meus olhos brilhando novamente e percebi que DEUS me deu a chance de ser feliz e serei, e se hoje escrevo no caderno de brochura os riscos que arisco nos trilhos de dores que percorro, porque sei que são nestes momentos que eis de crescer, conquistei amigos que me amam que querem ver a boneca de porcelana sendo feliz de cara limpa.

Num domingo qualquer para os homens comuns que as lagrimas escorreram, quando novamente pude dar um abraço no meu herói preferido roubar-lhe as lagrimas novamente, mas desta vez eram lagrimas de felicidade, pois ele sabe que sua boneca esta no lugar onde DEUS preparou para ela aprender a ser feliz novamente e assim é meu caminho, o caminho da boneca de porcelana de volta para casa.

guido campos
Enviado por guido campos em 04/12/2008
Reeditado em 04/12/2008
Código do texto: T1317860
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