“O SONHO DE VANI”
(Um conto real, apenas os nomes foram trocados para preservação de identidades.)
(Hull de La Fuente)
Capítulo I
A água do chuveiro escorria acariciando as curvas do bonito corpo de Vani. O perfume do sabonete e do xampu se misturava à nuvem de vapor causado pela alta temperatura da água, invadindo os corredores da bonita casa.
Feliz, ela cantarolava e esfregava a esponja ensaboada na nuca, nos seios firmes e no umbigo. Seus pensamentos eram todos para o grande momento que viveria, dentro de poucas horas. No quarto ao lado, um batalhão composto por cabeleireiro, maquiador, costureiro e auxiliares a esperavam para prepará-la. Dona Isabel, como toda mãe de noiva, batia na porta do banheiro, chamando-a nervosa:
– Vani! Olha a hora! Você está deixando todos nervosos!
– Hein? O que você falou? Não estou ouvindo. Espera eu terminar o banho – gritou através da porta.
– O Marquinhos já roeu todas as unhas! Ele disse que não vai dar tempo de secar essa sua cabeleira toda.
– Diga pra ele deixar de frescura. Só quem pode ter chiliques hoje, sou eu! – gritou de novo, passando a mão no vidro esfumaçado do Box.Queria olhar-se nua no espelho. O que viu, agradou-a. Imaginou Luciano acariciando seu corpo, naquela noite. Seria a coroação do sonho de ambos. Um frêmito de excitação deixou-a com a pele arrepiada de desejo. Era melhor terminar o banho. Abriu de novo o chuveiro e recomeçou a cantar, para o desespero da mãe.
– Fecha esse chuveiro Vani! Será que eu vou ter que chamar o ridículo do seu pai para arrombar esta porta? Pelo menos pra isto ele serve. Ainda mais nervoso como ele está. – admoestou-a, preocupada com a demora, mais pelo noivo, do que pelas pessoas que esperavam para arrumar a filha.
Isabel viu a própria imagem no espelho do quarto da filha. Aquela não era a imagem de uma mulher feliz, muito menos de uma mulher bonita. De que adiantava a roupa cara que estava usando, se nada lhe ficava bem? Em cinco meses sua vida sofrera mudanças radicais. Primeiro, o casamento de vinte e seis anos, havia terminado. O marido, oficial da Aeronáutica, deixara-a por uma moça da mesma idade da filha deles, Marina, de 22 anos. Brigar para reconquistá-lo não fazia sentido. A humilhação da troca por uma jovem, não tinha perdão.
Há muito os dois não se falavam. Só naquela semana, com a chegada do futuro genro e devido aos preparativos do casamento, eles voltaram a se falar. Isto é, falavam apenas o necessário, para não dar má impressão ao rapaz. O “Coronel Ridículo”, como passara a chamá-lo, havia sido reformado. Com sessenta anos de idade, dono de um corpo atlético, cabelos pintados, para esconder a brancura, passava a maior parte do dia no Clube, conversando com outros militares, também reformados. Foi ali que conheceu a garota por quem se apaixonou.
O jardim da bela mansão, antes tão bem cuidado por ele, assim como outras coisas que gostava de fazer, como a leitura, não mais lhe interessavam. Agia como um jovem e vestia-se igual aos rapazes de vinte anos, até os bonés ele usava com a