Tio Daniel

Conto

Tio Daniel

Todas manhãs , bem cedinho, nem bem o sol saia, lá estava ele a beira do rio, a sonhar e imaginar .

Ás vezes, quando as folhas das árvores balançavam seu rosto se iluminava e um sorriso maroto brotava. Lentamente, percebia-se por um momento extrema alegria e emoção naquele rosto que normalmente era triste e nem um o sorriso das crianças o fazia despertar.

Por isto, todos se preocupavam, pela sua felicidade, queriam ver novamente aquele homem forte, sempre disposto a ajudar fosse quem fosse. Mas, desde que sua amada se fora era como se agisse automaticamente e isto entristecia seus amigos. Carinhosamente lhe chamavam de Tio Daniel, porque entendiam que assim seria uma maneira de poder agradecer por tudo o que fazia pela comunidade em que viviam. Onde todos procuravam de alguma forma serem sempre amigos, apoiando, orientando, dividindo o pouco que tinham. Sim, porque sendo uma região de pesca, nem sempre tinham alimentos para seus filhos ou até mesmo para os de mais idades.

Com seu pequeno barco Tio Daniel levava e trazia aqueles que precisavam ir até o vilarejo fosse para comprar alimentos, roupas, remédios, enfim.

As crianças ao voltar da escola, conversavam, riam, brincavam, lhe faziam até mesmo cócegas para ver se assim ganhavam um sorriso, porém Tio Daniel limitava-se apenas em esquivar-se. Os maiores então percebiam que mais um dia não ganhariam sequer um sorriso. Meio sem graça ele dizia : Crianças, não se atrasem, seus pais estão a esperá-los, corram, não os deixem preocupados, pois preciso voltar para beira do rio.

Todos sabiam, o que significava esta frase. Tio Daniel, sabia que um dia sua amada voltaria.

No final de cada tarde, o sol mostrando ainda seus pequenos e fracos raios, criava figuras que aguçavam a imaginação e ele ali, no seu pequeno barco, olhar distante, e pensativo, acompanhado de seu chimarrão.

A criançada sempre que podia espiava-o de longe, e viam quando as vezes ele levantava os olhos e uma lágrima corria, mas ninguém falava nada, pois todos sabiam a razão desta espera.

Entristecidos, resolveram fazer uma festa de aniversário para Tio Daniel, entusiasmados, eufóricos, planejavam fazer um bolo imenso onde todos pudessem se divertir e assim a comunidade toda ficaria feliz. O sigilo, é claro era a alma da realização e felicidade que todos queriam para Tio Daniel.

A criançada mal conseguia ir e vir da escola, sem manifestar–se sobre o assunto, pois queriam descobrir se o personagem principal estaria de acordo, mas nenhuma reação era demonstrada, era como se não tivesse percebido nada.

Certa tarde, quando o sol mostrava um pouquinho, ainda de luminosidade, a festa já por começar, ouviu-se ao longe alguém gritar seu nome, porém como tantos os chamavam, de perto, de longe, ele nem se preocupou, continuando sua vigília silenciosa.

Quando os primeiros raios de luar mostravam que a noite seria esplendorosa, cheia e branca, Tio Daniel avistou ao longe uma mancha branca que se movimentava, demorou bastante tempo até que conseguiu perceber que era um barquinho muito parecido com o seu. Dentro dele havia uma jovem, de roupa branca, esvoaçante, seus cabelos cacheados eram presos por um laço de fita azul, um azul tão lindo igual seus olhos que brilharam ao avistá-lo, seus lábios cor-de-amora, suavemente murmuraram: Daniel! É você! O que fazes aqui ? A festa já vai começar.

Surpreso sem saber de que festa se tratava. Ele disse: Que festa! Não sei de nada, onde tem festa?

Foi então que os dois barquinhos se encostaram lado a lado e os foguetes explodiram no céu iluminando todo o povoado.

Ao se erguerem com o susto dos foguetes os dois se abraçaram , emocionados se olharam encantados como enfeitiçados, Tio Daniel embevecido, viu os belos olhos azuis da amada com a qual sempre sonhara. O povo correu e todos gritaram : “ VIVA TIO DANIEL” , “ VIVA TIO DANIEL”...

Jovino

inalda
Enviado por inalda em 14/01/2009
Código do texto: T1384132