Lembro do cheiro da maresia e muito vagamente do meu companheiro de viagem. 
A tarde findando lenta e o  barquinho de madeira  pintado  em dois tons de verde com  um  motor barulhento. Íamos  deslizando sob o céu azul e limpo. Como sempre, ri das piadas, escutei as mesmas histórias e o som da agua batendo no casco...era minha cançao companheira.

Noite caindo preguiçosa . Morna. Perfeita. As luzes da baía, casinhas vistas de longe... cada vez mais distante. O vento em meus cabelos e os  respingos d'agua no rosto. Se eu fosse  Iemanjá ou  sereia saberia a direção e tomaria outros rumos.
 
Um abraço forte e o marinheiro me beijou. Tão doce , tocou meu rosto com carinho e  rimos como crianças.  
Deitados no fundo do barco, olhando as estrelas, sem  hora para voltar , de mãos dadas, namorando a madrugada... Romances vem e vão. São como ondas, tormentas ou marolas miúdas quebrando na areia.É sempre assim...partem em meio aos acenos e promessas de  regresso. Eu me despeço sabendo que é para sempre.

Mulher da noite não tem amor certo. É companhia  por  uma semana, um dia, horas ou minutos. 
Rostos perdidos,  idas e vindas, ciclos de luas e  tabela de marés. Roda gigante, carrossel de existência nula....
Bebidas, risadas, perfume barato, um salto quebrado, jogo da vida, de sorte ou azar.

Giselle Sato
Enviado por Giselle Sato em 16/01/2009
Código do texto: T1388249
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