Alma e dor, Julieta

Vou lhes dizer o que aconteceu, eu vi um corpo estendido no chão. Havia muito sangue em volta, e apenas uma faca. Só uma faca ao lado dela. Ela era bem bonita, eu peguei sua mão fria e pequena. Estava morta. Incrível foi ver ela com os olhos abertos, vidrados, caidos para o lado. Era um olhar fixo, de amendrontar mesmo, lembrava qualquer olhar frio do drácula. No banheiro ela teve um fim, trágico fim. Quem fez isto com ela? Poderia ter sido ela mesma, acho que nunca cheguei a saber o porquê. Mas fiquei sabendo seu nome, era Julieta. Passei meus dedos sobre sua pele gelada, Julieta tinha o rosto perfeito. Sentei ao lado do seu corpo e o sangue, que ja tinha parado de escorrer, formava desenhos obscuros nos azuleijos brancos do banheiro. Eu não entendia muito bem tudo aquilo, assassinato ou suícidio? A faca estava ao lado, não muito longe do corpo. Por alguns instantes, imaginei se ela gostaria da cena que eu estava presenciando, realmente era algo inspirador. Julieta atirada ao chão do banheiro, ensanguentada, morta e fria, com uma faca ao seu lado. "Sou seu único companheiro agora e deveria concordar comigo." Derrepente, uma vontade começou a invadir meu peito. Senti-me um pouco estranho, me questionei sobre isto. Mas eu realmente queria beijar sua linda boca fina, gelada, tinha agora um tom escuro. O tom do sangue. Calmamente fui beijar sua boca, sem movimentos bruscos, talvez para não assustá-la. Ainda pensei em hesitar, mas acabei beijando seus lábios. Beijei sua alma, aquela boca fria esquentou meu corpo. Senti o veneno do amor daquela menina. E o feitiço foi lançado sobre mim, enquanto beijava ela, seus olhos brilhavam. Senti meu corpo esquentar, o coração pulsou mais forte do que o normal. Coloquei a mão sobre minha testa, fria feito pedra. Vi que alguma coisa de errada estava acontecendo, mas ao ver seu rosto outra vez, pálido ao chão, sentia-me calmo e tranquilo mesmo com o coração saltando pela boca...

Envenenado!é isto que fui. Envenenaste minha alma Julieta, e agora apodrece meu corpo ao lado do teu. Viajo com minha alma envenenada pelas infinidades do infinito, sob céus e infernos. Procurando pela sua alma atormentada, dolorida. Você será meu antidoto e eu, o remédio para sua dor.

Julieta, privei-me dos caprichos carnais para viver este sonho com você. Deixei meu corpo podre, ao lado do teu. Só sobrou minha alma, corrompida pela sua. Apareça, querida alma de Julieta, apareça...

Reny Moriarty
Enviado por Reny Moriarty em 13/05/2009
Código do texto: T1591422
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