A ESPERA

Ansiosa, ela acompanhava com o olhar, cada transeunte que por ali passava; a praça estava muito movimentada, e ela estava sentada num lugar mais afastado, num banco que havia na praça, em frente ao teatro. Terminara um grande evento no teatro municipal, e, no meio daquela multidão, ela buscava alguém muito especial – o seu amado, que participara daquele evento. Seu coração estava alvoroçado. As mãos suavam, as pernas tremiam; enquanto isso, sua mente, rememorava as cenas do último encontro, quando se despediram e partiram numa longa viagem, com destinos opostos. Havia passado algumas semanas, sem nenhum contato físico; nesse tempo, apenas trocaram correspondências e alguns telefonemas. A saudade havia tomado todos os espaços do seu ser. Por mais que trouxesse as lembranças ao presente, dos bons momentos vividos, ainda, faltava-lhe a presença física. Precisava tocá-lo, fazê-lo real. Trouxe à lembrança, a despedida - estavam tão felizes naquele dia! Sorriam, feito duas crianças. Brincavam com as palavras. Olhavam-se com uma ternura imensa. Conversaram tantas coisas – sérias, bobas... Fizeram juras de amor; enfim, alimentaram suas almas, de forma que ficariam supridos pelo tempo que fosse necessário naquela separação. Sabiam que logo passaria, mesmo que a saudade os perturbasse. Confiavam no amor que sentiam, e não haveria distância que apagasse aquela chama, tão acesa em seus corações. Como gostariam de permanecerem juntos, mas não podiam. Tinham que se separarem, por motivos óbvios – cada um tinha uma vida profissional para cuidar e os compromissos profissionais exigiam suas presenças, lamentavelmente, em lugares diferentes e distantes.

Naquele dia, o destino os unia novamente; voltavam à mesma cidade. Ele, conforme lhe telefonara na véspera, chegaria cedo, pois era um dos palestrantes de uma Convenção Lojista; Ela, como estava desenvolvendo um trabalho de pesquisa numa cidade vizinha, precisava de um material especial, que só naquela cidade encontrava, resolveu unir o útil ao agradável – se combinaram: ao término do evento do qual ele estava participando, se encontrariam. Ela concordou, embora não soubesse ao certo, a hora que chegaria à cidade. Mesmo assim, chegou um pouco antes do término do evento, não havendo tempo para se dirigir ao hotel, veio direto para o teatro. A saudade era grande demais e queria esperá-lo na saída. Queria aproveitar cada instante ao lado do seu amado.

De repente, seus pensamentos foram interrompidos, alguém bateu em seu ombro, e, quando ela se voltou, deu de cara com o seu amor. Ele chegou do lado oposto do que ela esperava. Já era uma característica peculiar, sempre a surpreendia. E ela, adorava!

Ela ficou extasiada – como sempre – com a presença radiante, bela, daquele homem. Cada vez que o encontrava, parecia ser mais bonito, mais elegante.

Talvez fosse efeito de sua visão, do amor que por ele sentia, pois a quem se ama, o bem querer se reveste de uma beleza inexplicável, às vezes, exagerada, que só é vista aos olhos de quem ama.

Apesar de ser uma mulher recatada, não pode resistir, deixou-se envolver num abraço, daqueles que se eleva do chão, e, parece que flutua no ar; seguido de um demorado e frenético beijo. Protagonizaram uma cena romântica, digna de um filme de amor, em plena praça pública.

Deram-se conta que já não eram mais dois adolescentes, embora, seus corações gritassem o contrário, pois quando se ama o espírito rejuvenesce.

Assim, de mãos dadas, caminharam para o carro, que por ele foi dirigido lentamente; pois, sua atenção estava mais para a amada, que para o trânsito.

Mais uma vez, a espera e a saudade foram vencidas. O troféu foi o amor.

Cellyme
Enviado por Cellyme em 11/06/2009
Reeditado em 28/10/2011
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