ANARA ( PARTE II )

CAPÍTULO V

Anara:

Não sei o que dizer.

Criei Martin com desvelo e tentei ser boa mãe.

Confesso que o mimei demais e ele sentiu que poderia tudo fazer.

Meu filho teve conquistas e brincou com as mulheres, mas o que ele fez a esta moça foi uma triste atitude. Talvez a vida o ensine ou ele nunca aprenda que não pode comprar pessoas e vidas.

Meu consolo é que Louis não é assim, mas vê-la arrasada como vi, me entristece.

Você foi a mulher dele e merece ter tudo.

Além dos meus sentimentos, lhe dou este valor para que viva bem e faça tudo que desejar.

É claro que nunca sua vida será a mesma, mas quero ajudá-la.

Anara, não esqueça que entrou aqui com coragem, enfrentou o preconceito e a alta sociedade.

Sei que o amor nos leva a atitudes fortes.

Eu mandei Martin ir e talvez eu não o queira mais. Fiz o que fiz por amor acredite, para que a vida possa ensinar a ele o que não ensinei.

Mas Martin a amou e talvez este sentimento foi a única coisa que ele fez de bom.

Conheço Martin e a falha foi minha, mas você conseguiu que ele amasse.

Anara sentiu as lágrimas rolarem.

Sabemos que quando perdemos alguém amado, levamos até o fim nossa luta, podemos mudar, batalhar, até valorizar mais ou morrer.

Creio que Martin fará coisas belas, ganhará a vida com o suor de seu trabalho, vai aprender a valorizar a vida alheia, respeitar as mulheres para ser respeitado, assim espero.

Quero que pare de sacrificar-se.

Se tivéssemos conversado, eu a teria convencido a pensar melhor, mas essa foi sua decisão.

Peço apenas que não deixe que ele mate essa doce menina que existe em você.

Não deixe que ele destrua sua beleza, seus méritos e qualidades.

A quem você quer vingar tirando esta criança de seu ventre? A si mesma?

Anara assustou-se.

Criança? Meu Deus! Disse ela levando as mãos à cabeça.

Criança que deve ser amada e é sua querida.

Ë seu sangue, é sua parte e a continuação de uma pessoa que luta demais.

Pense Anara. Pense que você fará o mesmo que Martin fez, a impedindo de sonhar e viver.

Indiretamente fará a escolha que cabe a Deus fazer e não a você. Pense nisso.

Mary Laine

Anara tinha os olhos chorosos, pegou a carta e chorou. Chorou por Lívia, pelo ódio que era maior que o amor.

- Acalme-se filha.

- Estou com uma parte dele.

- Fala do bebê?

- Sim. Estou com muitas partes dele.

- Pense que é sua parte filha, e não dele.

- Ele está aqui mãe. E quando eu olhar para esta criança, eu o verei, verei Lívia mãe.

- Esqueça isso. O que ganhou filha? Ele teve o que merece. Acabou.

- Não entende mãe.

- O que Anara?

- Ele sempre estará aqui.

- Onde?

- Em meu passado, em minha vida... Disse ela.

- Não pode apagar as linhas que Deus escreve e fazer sozinha sua história. Em sua história existirão falhas, pessoas que passarão e morrerão, pessoas que erraram e outras que a farão feliz. Você errará porque não é perfeita e isso a impede de julgar. Pense Anara que o quer é o que Lívia sempre procurou.

- Um conto de fadas. Disse a mãe continuando a falar

- Só que Lívia não tinha medo das falhas, porque sua vontade de que fosse dar certo era maior. Talvez este era um mérito. Ao mesmo tempo, não teve forças. Pense apenas Anara, que este bebê é uma outra história.

- Mãe estou confusa.

- Anara, sempre existiram amores e com eles escolhas. Amores diversos, de amigo, de pais, de irmão. Mas junto com eles estão sempre as escolhas. A mãe de Martin fez a dela, o mandou embora. Você fez a sua, vingar-se. Martin fez a dele, casar-se com você e ignorar Lívia. Apenas ignorá-la. Esquece que Lívia fez a dela? Ela fez a escolha.

Anara levantou atordoada.

- Ele a levou a morte. disse ela sem ódio, mas entre lágrimas.

- Não foi Martin que pegou a corda. Disse Mirtes

- Pare mãe, disse ela nervosa.

- Lívia entrou no conto de fadas. Foi ela quem se entregou a ele. Ele não a forçou a tirar a própria vida.

- Pare mãe!

- Foi ela que pegou uma maldita corda e pendurou no pescoço se matando? Ou foi ele? Dizia a mãe enquanto Anara tapava o ouvido desesperada.

- Quer vingar a fraqueza de Lívia ou a frieza do rapaz? Você é forte, e ela sempre, foi sonhadora. Se não fosse com ele, seria com outro rapaz, por quem ela se apaixonaria. Não estou tirando a parcela de culpa do rapaz, mas Lívia foi fraca.

- Pare mãe, chorava ela.

- Você a admirava e não admitiu sua fraqueza porque a imaginava forte e lutadora. E agora, quer fazer o que? Buscar a morte como solução, como fez Lívia? Ele foi errado. Sim, foi filha. Mas Lívia não soube enfrentar a vida, não soube erguer a cabeça e se levantar. Não soube ser uma verdadeira cigana.

- Pare mãe. Lívia estava grávida, disse Anara aos prantos. Ela estava grávida. E o que diriam todos?

Mirtes empalideceu.

- Grávida?

- Sim, mãe. Mas não se conteve.

- Era isso que eu queria ouvir. Lívia estava grávida, então se matou. Anara, você também está e quer tirá-lo por ódio. Nunca se mataria por medo de enfrentar as coisas e contar ao povo.

Anara estava atordoada.

- Eu amava Lívia, minha filha. Eu a vi nascer e crescer,mas ela era diferente, todos nós somos. Você vê as coisas de uma forma, eu de outra, seu pai outra. Foi o que aconteceu. Ela escolheu, Anara. Por amor talvez, mas não apenas escolheu, como teve medo quando viu que o príncipe não existia e fugiu da luta.

Anara estava boquiaberta. A mãe nunca lhe dissera isso.

- Por que fala isso?

- Porque naquela época, você não me ouviria, estava cega de ódio, hoje é outra mulher. Você o conheceu e deve Ter conhecido suas qualidades, uma talvez. Percebeu que Lívia não foi conduzida por ele. Ela se conduziu desde do princípio. Agora pense Anara e depois falaremos, disse Mirtes a deixando só.

Anara sentou e chorou, um turbilhão de emoções a acometiam.

Uma linda luz foi iluminando o quarto enquanto Anara estava com as mãos entre a cabeça.

A figura de Lívia se fez presente e Anara assustou-se.

- Lívia! Estou sonhando?

- Minha amiga, a vida é muito bonita, a natureza é a perfeição das coisas. Venho apenas dizer que a amo muito e que isto é algo que os anos e a morte não vai arrancar de mim.

Anara chorava enquanto a amiga falava.

- Sua amizade teve a mão de Deus. Sua mãe disse sobre escolhas. Eu fiz minha escolha e fui contra a natureza das coisas. E você, fará a mesma escolha? A escolha por alguém que não pode escolher. Pense nisso. Meu ciclo se fechou. Mas o seu deve continuar ou irá pelo mesmo caminho que eu, disse Lívia sorrindo e brilhando. O amor não pode ser julgado, deve ser sentido apenas, disse Lívia desaparecendo enquanto Anara chorava e sentia uma imensa saudade da amiga.

Martin saiu de casa não levava nada, além da saudade e da mágoa.

No mesmo dia, pegou um navio e se foi para o alto mar.

Foi viver entre pescadores. Na noite que partiu, bebeu no cais da cidade vizinha.

- O que busca nobre? Perguntou um velho marinheiro

- Nada mais busco além de mim.

- O que fez de tão grave?

- Matei alguém.

- Entendo, disse o velho pescador.

- Partiria conosco. Perguntou olhando o jovem

- Não tenho mais ninguém, meus amigos me viraram as costas depois que lhes relatei tudo.

Os olhos verdes de Martin tinham uma dor. Não só pelos pais e pelo ódio de Anara, mas por Lívia.

- Vamos para o mar.

E assim Martin embarcou.

Na calada da terceira noite, em que viajava o velho pescador estava fumando um cigarro, sentado em um caixote, olhando a lua, enquanto o mar o levava para longe.

Martin saiu do seu catre e foi encontrar o velho pescador.

- O que olha tanto Narel?

- Estou tentando ouvir o canto das sereias, disse ele. Elas cantam e nos levam ao mar.

- A única coisa a que o amor por uma mulher me levou, foi a lama.

- Já amou, Martin? Há três dias viajamos e o vejo calado. Foi tão grave vosso pecado?

- Foram minhas atitudes que magoaram aqueles que amei. Eu era um nobre, meu pai amigo da nobreza, minha mãe uma dama educada e boa. Quando bem jovem, me divertia com as mulheres da corte. Certa vez cansei-me, quando conheci Aramel. Aramel era uma jovem cigana com quem flertei. Passamos a noite juntos e no dia seguinte eu não mais a queria. Aramel não ligou, foi-se para longe. Soube depois que morrera só, pois fora expulsa após engravidar de um nobre francês. Confesso que gostei da aventura. Então conheci Lívia, uma cigana bela, prometi-lhe muitas coisas, casamento, riqueza e amor. Depois da primeira noite a abandonei. Abandonei sempre as mulheres, elas tornavam-se sem graça e eu me enjoava.

- Uma mulher pode ser várias em uma só, se realmente quiser.

- Então ela chorou e implorou-me o reparo do erro. Esperava um filho meu. Dei-lhe dinheiro e a expulsei de minha vida. Um ano se passou e então eu a conheci. Conheci Anara, ela era diferente de todas as mulheres que eu havia conhecido, me rejeitou desde o primeiro momento, eu não queria acreditar, decidi lutar, Ofereci muito dinheiro e a comprei do pai e finalmente nos casamos.

- Deixei meu noivado e a amei desde o primeiro instante. Então ela nunca se entregou a mim. Quando fez, já o tinha feito antes para meu irmão, com quem cortei relações. E então a peguei tentando me matar. Meus pais e meu fiel amigo Vitor tudo viram e ouviram.

- Quem era ela, nobre?

- Era como irmã de Lívia e veio vingá-la. No dia em que paguei sua honra, ela enforcou-se, disse ele limpando as lágrimas que teimavam em cair.

- Maldição da cigana. Disse o marinheiro

- Anara levou-me uma casa, dinheiro, meu amigo, meu irmão, jóias e meus pais.

Levou a mim porque eu a amei. Levou um filho meu. E deixou muito de si. Deixou-me muita culpa e vontade de mudar

- Levou-lhe um Filho?

- Sim. Quando soube, apunhalou o próprio ventre para não ter nada de mim.

- Meu Deus! E onde está ela?

- Em seu povo, com os ciganos.

- Que amor é este que os ciganos carregam no peito, disse o velho pescador dando uma tragada no cigarro.

- Fala de ódio Narel? Perguntou Martin

- Não, Martin, falo de amor. O amor de pai para filho. Temos o amor dos pais por Lívia, não?

- Sim. O pai me disse certa vez que era seu único tesouro.

- Temos o amor dos pais por Anara.

- Ele a vendeu a contragosto e achou melhor nunca mais vê-la.

- Porque ele sabia que era uma vingança. Concluiu o pescador

- Temos o amor de seus pais por você.

- Amor que acabou, disse Martin.

- Engana-se, amor que vive e quer salvar. Sua mãe o entregou à vida para que aprendesse o caminho sozinho. Pais que são pais criam filhos para o mundo. Como os animais. Os pássaros alimentam os filhotes só quando muito pequenos, depois eles devem se virar. Eles ensinam os caminhos e ajudam a voar. Ensinam, mas os deixam levar seus tombos para que aprendam. É assim com os pássaros, com os leões, com os ursos. O macaco mima mais, como as mães que protegem demasiadamente os filhos e quando eles caem e elas não estão por perto, estes filhos nunca mais se levantam.

Martin ouvia atento.

- Martin, sua mãe quis arrumar o que errou. Com o coração na mão, tomou tal atitude e foi para seu bem.

Martin percebeu que o homem falava a verdade.

- Vou lhe contar uma história de morte, ódio e vingança e me fala de amor.

- Todos nesta história agiram por amor. Lívia se matou por amor, Anara veio vingá-la por amor à sua amiga.

- Sei disso.

- E você mudará por amor a ela porque eu sei que a ama muito, disse o velho pescador. Também passou por cima de seus princípios para desposá-la.

- Ela odeia-me. Apunhalou a barriga para não gerar um filho meu.

- Talvez um dia as coisas mudem. Também tive amores. Amores fortes. O destino nos uniu, já amei uma cigana.

- Uma cigana?

- Sim. Chamava-se Marfim. Tinha os olhos mais lindos que vi. Quando nasceu, seu pai lhe trouxe o marfim que conseguira em luta. Depois daquele dia, Marfim apaixonou-se pelos elefantes.

- Elefantes?

- Sim. Ela era uma bela cigana. Mas queria ser mais. Queria partir e partiu. Nos conhecemos quando eu comprei redes de seus tios. Marfim me olhou e daquele dia eu a amei. Ela me contava belas histórias e então eu lhe perguntei:

- Como se chama?

- Chamo-me Marfim.

- Por que este nome?

- Quando nasci, mamãe morreu. Comigo em sua barriga, foi pisoteada por um elefante. Agüentou dar a luz. Meu pai o caçou, e lhe trouxe o Marfim em seu leito de morte.

E ela disse:

- Minha filha será o marfim.

Lembro-me que por vezes conversamos.

- E então? Perguntou Martim

- Eu a amava, algo novo, diferente. Nunca a beijei ou toquei. Bastava olhá-la, entende? Por alguns anos, larguei a pesca e os ciganos me aceitaram. Foram sete anos com eles, por isso sei que amam demais, um amor que queima e começa arder o interior do corpo e do espírito. Numa manhã, não a encontrei.

- Onde ela estava?

- Havia partido com os elefantes.

- Meu Deus! Parece lenda. Nunca mais a viu?

- Nunca mais. Marfim me amava, mas o amor pelos elefantes a dividia. Amava-me, mas queria a eles também. Quando a pisotearam, a encantaram e a tornaram um deles.

- Quando soube dela?

- Alguns dizem que ela vive com eles. Outros dizem que ela se atirou com um elefante no mar para estar perto de mim também.

- Meu Deus! Seria verdade?

- Ciganos amam demais e sacrificam-se por amor, mas quando se dá a escolha, não abrem mão de nada. Ela quis a nós dois. Não sei se ainda tem aos elefantes. Quanto a mim, sempre terá até o fim.

- Meu Deus! Disse o jovem emocionado

- Sua Anara é forte, sacrificou-se por amor, mas creio que deve fazer uma escolha. E fará.

- Qual será?

- Não abrirá mão de nada que ama, disse o velho indo se deitar.

Martin ficou pensando e chorou.

Anara sentou-se à frente de Vitor e disse:

- Terei o bebê.

Vitor, alegre, a abraçou.

- Que bom. Fez uma boa escolha.

- E Martin? Perguntou ele.

Um brilho de amor passou pelos seus olhos da cigana.

- Martin não é mal. Tudo começou com Aramel, a cigana. Teve aventuras com elas e com as damas. Nunca nenhuma delas se matou por ele. Sei que ele errou, mas quem não errou?

- Lívia errou, disse Anara. Foi fraca.

- É verdade. E você errou também quando quis fazer justiça com as próprias mãos.

- Errei. Porque... O amo.

Neste instante, Vitor sorriu, a jovem cigana estava de volta, a mesma Anara de sempre, apenas mais decidida.

- Soube que Martin partiu e talvez não volte.

- Irei atrás, disse ela, eu irei.

- E quanto a Lívia, sempre a amarei.

- Não fez escolha desta vez?

- Não. Cansei de abrir mão das coisas que amo.

- Vai em busca dele cigana?

- Assim que meu filho nascer.

FINAL

Os meses correram, Martin era um pescador ao lado de Narel, conhecera segredos que nem mesmo ele imaginava existir.

O homem velho e humilde lhe ensinara mais sobre a vida que as etiquetas sociais e os colégios ingleses

- A esta altura, se ela ficou com o bebê, ele já deve Ter nascido, então eu sou pai.

- Quero que seja livre, forte e lutador, disse Martin. E quanto a ela, eu a amarei por toda a vida e espero que me perdoe um dia.

Anara deu a luz a uma pequena menina.

Procurou por Martin, mas não o achou e muito triste estava.

- Não dará um nome à criança?

- Não, disse ela.

Vitor se incumbiu de procurá-lo. Depois de muitas tentativas por quase seis meses ao sair para o cais numa noite fria avistou um grande barco, aproximou-se e perguntou ao jovem de costas.

- Conhece Martin? Um nobre que se juntou aos pescadores e fugiu da vida

O jovem virou-se enquanto arrumava a rede e Vitor o reconheceu.

- Martin, amigo.

- Vitor, que felicidade. Disse ele sujo e barbado

- Como estás? Agora és um pescador?

- Sim.

- Seus pais lhe procuram há meses.

- Verdade? Perguntou com um brilho nos olhos

- Sim e mais alguém o procura. Anara e sua filha.

Martin sorriu.

- Filha?

- Sim.

- Vá revê-los. Avisarei seus pais ao anoitecer e depois iremos ao acampamento.

- Anara ainda me odeia?

- Ela o ama e também o procurou.

- Irei vê-los, disse ao velho. Espere-me que voltaremos a viajar juntos amigo, obrigado por tudo Narel.

- Vá filho o abraçando com emoção, pois sabia que não mais se veriam disse o velho.

A noite caía quando os pais receberam a notícia da volta do filho com alegria. Inclusive Louis, o irmão.

Foi com alegria que Martin, em singelos trajes, adentrou os portões. Era um homem trabalhador.

- Martin, meu filho. Disse a mãe enquanto abraçaram-se.

Ele e o irmão também se abraçaram, perdoando-se.

Conversaram e por fim ele disse:

- Vamos vê-la Vitor.

- Quem filho?

- Anara, mãe.

O sorriso de alegria da mãe mostrou a felicidade de todos.

O acampamento estava em festa.

Anara segurava a pequena nos braços, com amor.

Foi então que o avistou. De nada se parecia com o nobre petulante. Era um homem de verdade.

- Anara!

- Martin! Disse ela.

- Perdou-me? perguntou aflito

Favero e a mulher sentiram no intimo que Anara merecia ser feliz e apesar do erro de Martin reconheciam o erro da jovem e ambos sorrindo encorajaram Anara a lutar por sua vida

- Tento esquecer o passado disse ela.

- Esta é nossa pequena.

- Como se chama?

- Deixei para você escolher.

- Marfim será seu nome. Disse ele se lembrando da cigana do pescador

- É bonito. Disse Anara sorrindo

- Uma linda história de amor e escolhas. Disse ele

- Não abri mão das coisas que amo. Eu o amo muito e tentei fingir. Odiei tais sentimentos, cometi erros, mas em memória de Lívia, quero ser feliz. Veio para ficar?

- Não. Eu voltarei ao mar.

- Não me ama? Não quer ficar comigo e com nossa filha?

- Quero, mas tenho compromissos com um velho pescador.

- Poderemos falar com ele.

- Anara esperei muito por este momento, disse ele a beijando.

No dia seguinte junto de Anara e Vitor, Martin foi ao encontro de seu velho amigo.

- Onde está Narel, perguntou.

- Narel o velho pescador partiu durante a madrugada.

- Mas íamos ficar em terra por três meses. Eu pedi que esperasse.

- Ele sabia que ia ficar e apenas escreveu isto:

Caminhe só agora. Se cair, saberá se levantar. Eu irei para o mar. Irei como sempre fiz e talvez não volte. Vou em busca de Marfim.

Martin chorou, mas o velho sabia que sua decisão seria ficar com sua Anara.

Anara e Martin se beijaram e a lua foi testemunha daquele momento de Deus.

No dia seguinte, Anara voltou para a casa de Martin. Ele passou a trabalhar e era uma nova pessoa.

Alguns meses se passaram, Anara cuidava da pequena Marfim e conversava com Martin quando os espirito Lívia e de Narel o pescador aproximaram-se dos dois, e os envolveram com amor.

- Fique com Deus Anara. Disse Lívia

- Levante sempre meu querido filho, disse Narel.

E os vultos, unidos pela força de Deus, certos do grandioso amor que liberta e salva, seguiram rumo ao infinito.

Fim

Patrícia Cavazzana/Gidelson da Silva

pelo espírito Isabel

Gil o sete
Enviado por Gil o sete em 05/08/2009
Código do texto: T1738380
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