Violeta I

(...) E as cores apareceram

Me levando até você

A terra estremece

Por que eu vejo você

Não precisa mentir

Nem rir de mim

Me deixa sorrir

Ser feliz com você (...)

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FÉRIAS, EU E O TÉDIO

EU TINHA ACABADO DE COMPLETAR 15 ANOS, não fiz festa, não debutei. Nada a ver com dinheiro, afinal, isso eu tinha, mas não gostava dele, não de querer ser melhor do que alguém por causa dele. Minha mãe sempre me disse: “Violet, seja humilde.”.

Numa tarde de quarta-feira acordei – cansadíssima por culpa de alguma festa, em festas existem bebidas, eu quase não bebia, mas pela dor de cabeça eu havia bebido. Olhei-me no espelho grande do meu quarto, meus cabelos loiros e finos estavam praticamente em pé, minha maquiagem borrava meus olhos violetas e eu estava completamente engraçada.

Lavei meu rosto, penteei meus cabelos, coloquei uma roupa mais decente e então escutei barulho de carros se aproximando, olhei pela janela

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PRIMEIRO CONTATO

UMA FAMÍLIA ESTAVA SE MUDANDO PARA A CASA AO LADO DA MINHA, uma casa muito bonita com um portão de ferro grande, a casa era de um azul claro com janelas escuras. Saindo do carro da família logo vi uma mulher de uma beleza madura, de cabelos ondulados e loiros – parecia ser a mãe da família, depois pude ver o homem grisalho com ela, certamente seria o marido, e então saía uma menina novinha, no auge de sua pré adolescência, ou seja: com os seus 12 anos. Mas foi então que eu tive minha surpresa, olhei para o lado, ele me olhava, foi a primeira vez que eu senti o calor do seu olhar, ele parecia estar me observando a espera que eu também o olhasse. Obviamente reparei nos seus olhos, eles eram tão marcantes, os cílios eram mais escuros que seus cabelos e seus olhos tinham uma cor castanha, um castanho-claro muito brilhante. Então reparei que estava a tempo demais olhando aquele garoto de braços fortes – e aparentemente mais velho que eu, - virei meu rosto e entrei, meu coração disparou, notei que um calor percorria meu rosto, eu estava vermelha como um tomate.

Depois desse primeiro contanto quase não o vi mais. Minhas aulas começaram, ele estudava a noite na minha escola, acredito, pois sempre o via saindo de carro à noite em direção ao colégio, na hora da aula e voltando quando acabava. Ele era meu vizinho e eu não gostava muito disso, mas com o tempo parei completamente de pensar na primeira vez que nossos olhos se encontraram.

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OCASIÃO

OLHEI PARA CIMA, via estrelas cintilantes, uma lua linda, com um tom azul – eu sempre amei azul. Este dia estava lindo, o ar estava perfeito para ser respirado, amo dias em que tem uma brisa quentinha que bate no rosto, mas que mesmo assim refresca.

Meu coração passou a bater mais rápido, mais forte, isso sempre acontecia antes, durante ou depois de me acontecer algo bom, que realmente tivesse importância.

Meu celular tocou.

Olhei aquela foto, do meu amor de tanto tempo, atendi.

- Oi Jhon! – Falei com entusiasmo.

- Tudo bem Violet?

- Sim, muito bem, essa noite está tão linda. Não é mesmo?

- Eu também achei, por isso mesmo te liguei. Quer dar uma volta?

- Tudo bem... – parei de falar por um segundo para pensar - Mas ainda sou uma menina de 15 anos e preciso perguntar para a minha mãe. Já te ligo!

- Ah, claro, tudo bem.

Então pedi para a minha mãe, ela deixou, afinal, gostava muito de Jhon, e sabia o quando nós nos gostavamos. Às 7 horas em ponto Jhon parou em frente da minha casa, naquele dia tão bom, no meio de março. Entrei em seu carro e saimos.

Enquando passávamos pela rua senti um calor em meu corpo, olhei para casa vizinha, lá estava ele – ele se chamava Poul, e estava me olhando pela sua janela, senti meu corpo estremecer, mas Jhon já estava acostumado com isso.

Quando chegamos ao lugar desejado nos sentamos e pedimos algo para beber, era tudo muito quente, ardia na boca, isso me deixava com calor.

Depois de bebermos olhei para Jhon. Eu ainda pensava nos olhos de Poul, me lembrando do dia que fiquei sabendo qual era o nome dele, a mãe de Poul berrava pela janela: “Poul, volte, você tem que escutar!”, enquanto ele batia a porta do carro e saia pela grande rua de nossas casas, mostrando ser um pouco temperamental. Voltei a prestar atenção em Jhon.

- Preciso de ar, quero dar uma volta à beira do lago. Vamos?

- Sim, vamos sim, lá fica fresquinho a essa hora.

Eu precisava muito dar essa volta com Jhon. Queria um pouco de tranquilidade ao lado dele.

- O meu comportamento muda completamente quando eu estou com você! – Disse ele quase me abraçando. - Você nota isso?

- Então somos dois... Tontos, isso sim! Claro que eu noto – Fiz uma cara brincalhona. – E você nota também.

Então ele parou em minha frente, detendo meus passos seguintes, segurou com firmeza minhas mãos, colocando-as em seu peito coberto com uma camisa fina branca. Olhou firmemente em meus olhos, seus olhos verdes cintilavam. Chegou ainda mais perto e me abraçou contra seu corpo. Me senti muito forte, olhei para ele. Suas mãos tremiam, pensei que fosse o frio, mas não era uma noite fria. Foi quando eu notei que eu tremia também.

- Somos dois tontos sim Violet, e eu sou um tonto que gosta muito de você.

Eu não sabia onde enfiar minha cara, estava tudo tão perfeito, eu estava tão feliz. Não consegui dizer o mesmo para ele, algo me impedia.

Já era um pouco tarde, eu tinha que ir para a minha casa. Jhon me deixou na porta de casa e apenas ligou o carro quando eu estava segura.

Senti o calor de algum olhar.

Poul me observava.

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PROVA ATRASADA

SEM DÚVIDAS A PIOR COISA A SE FAZER EM MINHA ESCOLA É UMA PROVA ATRASADA. O horário é horrível e o dia mais ainda – sexta-feira às 8 da noite, nada animante, ainda mais sendo uma prova de matemática. Era começo de abril, e quase sempre chovia, e era exatamente o que estava acontecendo. Minha mãe não estava em casa, - ela esta sempre em reuniões – e então eu teria uma bela chuva a caminho da escola, não é segredo para ninguém que eu simplesmente odeio a chuva, ela pinica, depois cola no corpo, bagunça os meus cabelos finos, ou seja, eu fico um desastre na chuva, e o pior, eu não tinha guarda-chuva. Botei a touca da jaqueta em cima dos cabelos mesmo, afinal, eram apenas quatro quadras – de muito sofrimento.

Quando em fim tive coragem de sair de casa eram 07h30min, sai perambulando em linha reta, foi quando notei os faróis quentes se aproximando e parando. Era um carro conhecido, vermelho e pequeno, muito bonitinho por sinal. Poul estava indo para a escola. Falei com ele, não olhei para os seus olhos.

- Não precisa se incomodar vizinho!

- Claro que preciso, não quero escutar seus espirros amanhã de manhã, pretendo dormir! – disse ele brincando.

Tudo bem, aceitei a carona, afinal, não precisaria ficar conversando por muito tempo. Não me sentia confortável ao lado dele.

-Violet?!

- Sim! Obrigada pela carona vizinho!

- Poul...

- Hã?!

- Meu nome!

- Ah sim, até mais!

Fui indiferente, eu sei, sei também que quando terminou a prova lá estava ele, com o seu carrinho vermelho e pequeno me aguardando. Não chovia mais, mas ele foi muito educado me oferecendo carona, fui obrigada a aceitar.

Foi então que aconteceu pela segunda vez, mas desta vez minhas pernas tremeram. Ele me olhou enquanto eu o observava, seus olhos chocaram-se nos meus, era como se eu fosse desmaiar, acho que fiz uma cara de cão sem dono.

- Você não faz ideia do quanto é linda!

Meu rosto ficou quente e fiquei vermelha com certeza, Poul que era lindo, mas eu ainda não havia pensado nisso. Quando cheguei em casa aconteceu pela primeira vez ao pensar em Poul, meu coração bateu mais rápido, precisei de alguns minutos para me recompor.

Ele me olhava de novo, pela janela talvez, mas ele olhava.

Eu podia sentir o calor de seus olhos castanhos, lindos olhos castanhos...

Aura Ksna
Enviado por Aura Ksna em 15/09/2009
Código do texto: T1812483
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