Pequena Tempestade

Não queria que minha defesa desaparecesse e você visse o que havia por detrás de tudo...

Insegurança, vulnerabilidade, amor...

Teus olhos reluziam as estrelas em um brilho tão intenso e dominante que jamais apreciei. E eu desprotegida, tentando me esconder atrás de alguma proteção.

O passo que destes em minha direção foi lento e calculado, mas as batidas de meu coração foram frenéticas e descompassadas.

Como eu poderia lutar, sem armas e arrimo? Como poderia me esconder? Deveria fugir.

Lá estava você, confuso com o que via, e eu, amedrontada com o que mostrei.

Você sorriu e então eu estremeci. Era como o mau sendo tomado pelo bem, com tanta intensidade, com tanta voracidade que era inútil lutar.

Era inútil.

E então meus olhos cerraram numa vontade própria e eu apenas temendo a dor. Fez-se silêncio. A brisa de uma tempestade tomou meu rosto. Mas o céu estava limpo agora mesmo...

Algo macio tocou minhas mãos. Era de uma sublime suavidade, de um frio terno. Mas não era úmido como eu esperava.

Então abri meus olhos...

Não era a chuva que caía, era você. Tão próximo, tão intenso... A brisa não era de nenhuma tempestade, era sua respiração que envolvia minha face. E suas mãos envolviam as minhas. Tinha medo de olhar seus olhos, havia entusiasmo neles, assim como beleza e vida. No entanto eu não conseguia mais fechar os meus.

Meu corpo estava febril e eu só sentia a doçura de seu sopro. E eu não resisti quando algo entrelaçou meu corpo. Eu apenas desmoronei, feito meu muro, e me entreguei aos sentimentos que abalavam meu coração.

O rosto enterrado em seu peito, um nó na garganta me sufocando e o coração acelerado, bombardeando vida por minhas veias. Era a esperança preenchendo minha angústia, era a presença dominando meu vazio. Era você, quebrando minha barreira e invadindo minha vida.

Era minha pequena tempestade que veio para lavar minha alma, renovar minha coragem e deixar você, em nosso pequeno mundo particular.