O meu último dia seu...

Foi um baque. Confesso que fiquei totalmente sem chão com a notícia de que nunca mais iria vê-lo na minha vida.

Em um instante tudo aquilo que vivemos passou como um filme em minha cabeça (que cliché isso, não? Mas é verdade...)

Lembrei do nosso primeiro beijo, dentro do seu carro, no estacionamento de um shopping que havia tempos que eu não ía! O bombom que eu havia lhe dado causando um dos mais belos sorrisos de orelha a orelha que eu já tinha visto na vida... Aquele desenho maravilhoso meu (puxa vida, como você desenhava bem!) que você me entregou num gesto lindo e cativante... Ali, naquele momento, eu já sabia que você tinha me ganhado! E no fundo você também sabia!!!

Fomos tão felizes... Tão cúmplices um do outro... Tudo era tão lindo e mágico que parecia mentira. A primeira vez em que fizemos amor em sua cama, no seu quartinho onde dormimos muitas vezes juntos e emaranhados feito dois bichanos preguiçosos! Sempre sentia você intenso, verdadeiro, por inteiro, transpirando amor pelos seus poros... Sempre era assim: mágico, intenso, confortador... Assim como nossos passeios.

Lembra quando pegamos o metrô juntos, pela primeira vez a caminho da galeria? A gente se divertia com tudo! E todas as besteiras que eu falava você ria feito criança... Meus infames trocadilhos! Lembro também das vezes em que fomos assistir a peças de teatro, shows (caramba! Até os shows eram mágicos ao seu lado, lembra?) e claro, como dois apaixonados que éramos, nunca poderia faltar um cineminha de vez em quando, claro, com muitas e saborosas pipocas... Não tão saborosas como as que você fazia para mim quando ficávamos em casa vendo os filmes que você baixava na internet!

E as vezes em que fomos à praia... Jurávamos amor eterno perante os deuses da natureza, descalços na areia, sendo agraciados pela água do mar a molhar nossos pés...

Era tudo tão confortável, tão aconchegante... Tão vidinha de casados. Era bom. Era maravilhoso. Na verdade faltou um teto só nosso para ficar melhor ainda.

Dormir agarradinha com você toda noite era um privilégio para mim. Eu me sentia totalmente amada e protegida. Achava que nada de mal iria nos acontecer. Nunca. Acreditei que seríamos para sempre um do outro... Acreditei que nem a morte seria capaz de nos separar. Sei que a vida de ninguém é para sempre, mas eu, tola e ingênua, vivi tudo intensamente e maravilhada, sem me precaver de que, cedo ou tarde, isso iria acontecer...

Por que fizeram isso comigo? Por que fizeram isso com a gente??? Como ela pode ser tão cruel e levar você de mim??? Porque não eu? Porque não nós dois ao mesmo tempo??? Por que???

Eu nunca a temi, mas eis que ela foi mais esperta que eu e te levou de mim para sempre sem ao menos me preparar para isso... Mal sabe ela o quanto dói para mim viver sem você. Viver dói muito, agora eu sei. Será que aí onde você está a dor também existe? Será que morrer dói?

Se dói ou não eu ainda não sei, mas sei que não deve ser pior do que o que eu estou sentindo agora, aqui, sem você. Se ao menos ela pudesse me levar também... Pelo menos haveria uma chance de ficarmos juntos outra vez... Na eternidade...

Elaine Thrash – 01/10/09 - no trem...

Elaine Thrash
Enviado por Elaine Thrash em 02/10/2009
Reeditado em 02/10/2009
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