Inesperável encontro

O encontro foi inesperado. Já se conheciam há uns dois anos e nunca seus olhares se cruzaram em nome do desejo. Uma relação casual, de trabalho. Ele professor e ela sua aluna. Tão improvável esse encontro, afinal de contas ela era um risco.

De que forma se aborda uma mulher como essa? Qual é o momento certo, como perceber a fragilidade afetiva e sexual de uma mulher que, embora proibida, está carente de amor?

Foi assim que aconteceu. Na cantina da faculdade ele a encontrou sentada, fumando, pensativa. O olhar perdido, fazendo parecer que olhava para a televisão. Ele, de repente, como nunca antes, chegara sorridente e interessado nela. Ela estranhou a simpatia não usual, mas retribuiu, afinal era um rosto conhecido e confiável por quem ela já nutria admiração no campo profissional. Por que não? Ela pensou.

Começaram a conversar e trocar impressões sobre diversos assuntos. Ambos sentiram uma empatia até então não existente. Ele havia pouco que tinha se divorciado. Travavam uma luta velada em se trégua pra descobrir, um no outro, sinais de um interesse a mais. Despediram-se. No ar ficou a impressão, em cada um a sua maneira, de que a história não terminaria ali.

Alguns dias depois encontraram-se novamente, no setor de fotocópias, sorrisos amistosos foram trocados, papearam um pouco e ela, sabendo muito bem o que queria, perguntou “inocentemente”:

– Você já foi na Danceteria Germânica?

E ele, sem pestanejar, respondeu:

- Claro, é muito legal lá.

- Bom, hoje eu estarei por lá, seria muito legal se vc aparecesse. Disse ela, num tom adorável.

- Ok, Combinado.

Um turbilhão de sensações tomou conta dele por alguns instantes. Não acreditava no que estava acontecendo. Foi pra casa um pouco mais cedo cantarolando. Um banho caprichado. Um rápido olhar para o guarda-roupas e, de repente, em cima da cama o traje perfeito para uma noite perfeita. Duas borrifadas de Portinari no pescoço e seja o que Deus quiser. Como ainda era cedo, foi para a sala descansar e assistir televisão até às onze quando pretendia sair.

A noite parecia calma quando saiu de seu apartamento. Um flat lindo localizado num apart hotel de frente para o mar. A Germânica estava lotada, mas não demorou quase nada para ele entrar. Em poucos instantes ele já estava em frente ao bar comprando uma cerveja gelada. Passou o olhar por todos os cantos e quase não conseguiu esconder seu desapontamento em não vê-la por ali. – Acho que ela não veio, pensou?

Sem se dar conta do tempo ele surpreendeu-se com a brincadeira. Ela havia chegado por trás e tapado seus olhos indagando com voz inconfundível sobre quem se tratava. O coração dele disparou. – Ela veio mesmo, incrível, pensou consigo.

- É a gatinha mais linda desta festa. Disse ele.

- Há não vale, quero saber se você sabe quem sou eu? Brincou ela.

- Tá bom, é vc.

Ela destapou seus olhos. Estava deslumbrante, linda numa roupa branca muito charmosa. Seu rosto irradiava beleza, seus traços eram incrivelmente belos. Seu cabelo ruivo e crespo compunha um conjunto irresistível.

Ela apresentou uma prima que viera em sua companhia. A apresentação foi bem humorada e todos ficaram muito à vontade. O papo rolou descontraído, estavam se divertindo. Os olhares de vez em quando se cruzavam. Ela não tinha certeza se a intenção dele era só amizade ou se queria algo mais. Ele, por sua vez, fazia o gênero gentleman, mas não avançava o sinal. Estava em dúvida se podia fazê-lo com segurança.

A festa chegou ao fim. Os três estavam muito bem humorados. Prepararam-se para sair. Ele então ousou convidá-la para saírem sozinhos. Ela disse que não podia. Mas combinaram de se encontrar no próximo final de semana.

Continua... ( provavelmente nos textos eróticos, rs!)