A Aliança

E eu acordei pensando naquela visita... Pensando na vida e em tudo mais. E eu viajava em meus pensamentos com outros assuntos normais, como por exemplo, o amor, aquilo que poucos temem viver, que todos querem ter e que uma vez pelo menos passaremos a sentir com certeza. Caminhava em direção a visita e pensava no que se tornara o amor, hoje em dia, uma coisa banal, uma palavra batida...

E fui andando em direção ao hospital... Sim, ali era a minha visita! Ela estava mal e eu precisava dar meus préstimos ao marido dela que se encontrava na sala de espera da cirurgia. Encontrava-se em coma, os médicos condenaram a situação. Eu precisava fazer alguma coisa. Na recepção disseram “Quinto andar!”. Peguei o elevador com medo do que iria encontrar, as portas abriram e comecei a desenrolar o corredor, ao fundo dele encontrei ele, sentado numa cadeira desconfortável, imóvel, cabeça baixa, olhava para um objeto que ele exprimia entre as mãos trêmulas, este objeto estava ainda envolto pelo plástico que o médico colocou para entregar a ele. Era com certeza o objeto dourado mais valioso no mundo para aquele homem: A Aliança dela.

Eu não consegui falar, apenas chorei quando avistei aquela cena, dei a volta, mal pude conter meus pés naquele lugar, entrei no elevador e fui para o andar que ele (o elevador) me levou, procurava uma cadeira e acabei encontrando o jardim do hospital, sentei ali mesmo, contendo as lágrimas no chão. Fiquei algum tempo ali sentada, não tive forças para voltar a minha visita, fui caminhando para ir embora... Eu havia entendido finalmente... O Amor!

Ana Nery Machado

02/01/2010