Lembranças que a vida traz - Cap. I

***atendendo um pedido especial, volto a publicar este conto...bjm a tds!!***

Lembranças que a vida traz - Cap. I

O horário da maré, esta era sua preocupação. Ela sabia que se perdesse aquele momento nada faria com que sorrisse novamente.

Subiu na canoa, remou para bem longe, a cada remada sentia seu coração disparar. Há anos não voltava àquele rio. Sentia tanta saudade, tanta alegria lhe correr pelo corpo em forma de arrepios ao reviver cada momento que sua memória trazia à tona.

Felicidade maior não existira, sentia a cada movimento na água uma paz, uma mistura de saudade e alegria. Ao retornar àquela cidade após tantos anos lhe fez voltar à mente toda uma época de sonhos e fantasias. Uma época onde a pureza da alma de uma menina se transformaria no maior dos sentimentos que ela sentiria. Seu único, grande e verdadeiro amor. Foi assim que há alguns anos tudo começou...

Ela passava pela calçada, havia alguns amigos de sua família conversando à porta da padaria, após cumprimentos rápidos, tomou seu caminho cortando a praça em direção à sua casa.

Mal ela sabia que alguém a seguia de longe. Por estar em uma cidade onde todos conheciam sua família, não se preocupava ao andar pelas ruas, a cidade ainda era tranqüila. Pelo menos, era o que parecia.

Caminhava tranquilamente, sem pressa de chegar, sua casa era perto e logo passava pelo portão de entrada. Adorava aquele lugar, foi ali que crescera e seria ali que seu destino tomaria outro rumo, mesmo que ela nunca tivesse pensado em tal assunto.

Seu namorado estava atrasado com sempre, isso já começa a irritá-la. Havia saído de casa logo após a chuva ter amenizado.

Custava ele chegar na hora? Gostava dele, mas preferia que fosse como o começo do namoro, pontualíssimo!!! Seria pedir demais, não é mesmo?

Mas gostava dele e sabia que era correspondida. Até então, achava que sabia o que era amar alguém. Será? Muitas coisas acontecem para mudar nossas vidas e nem nos damos conta.

Esse era seu caso, sua distração não lhe avisara o que viria a acontecer em breve.

Encontrou um banco da praça onde poderia sentar-se a espera dele. Um amigo veio sentar-se a seu lado, a conversa ia bem até que um estranho aproximou-se deles e quis participar da conversa.

Ele perguntou se poderia sentar-se no banco á sua frente. Ela disse que sim e não deu importância ao novato que chegara. Continuou sua conversa com o amigo.

O novato, sem se intimidar com a indiferença, apresentou-se e começou a conversar com ela. Não havia mais como ignorá-lo e seu amigo começou a se incomodar. Acabou por sair irritado.

Pouco depois um outro amigo dela senta-se a seu lado, e ainda por cima, brinca com ela dizendo: “toma cuidado com esse daí, pois ele é perigoso”.

Acabam por rirem da brincadeira. Ela responde que não corre este risco, pois já tem namorado!

A cara que o jovem garoto faz lhe toca fundo na alma. Que estranho! Nunca sentira isso antes.

Pede licença a ele e saí com o amigo para conhecer umas pessoas que o estão visitando na cidade. Logo após ela se despede de todos e vai procurar outro banco para sentar e esperar pelo namorado, que ainda não chegara, como sempre.

Não passou nem cinco minutos e vem o jovem rapaz conversar com ela de novo. Mas que insistência?!!

-Posso sentar-me aqui com você?

-Ela o olha, sorri, e diz com ironia que não pode impedi-lo, pois a praça é pública.

Ela sentou-se a sua frente sem fazer cerimônia, estava bem à vontade perto dela.

-Você está esperando por alguém?

-Sim estou! Espero por meu namorado. Ele já deve star chegando.

-Se eu fosse seu namorado jamais deixaria você esperando!!!

Assustada, ela o olha! Seu coração dispara. O que era isso? Quem era aquele garoto? O que ele queria com ela? Será que ele não entendera que ela esperava pelo namorado?

Muita ousadia da parte dele fazer isso.

Ela sorri, mas não tem tempo de responder. Atrás de si ouve uma voz falar bem alto:

-Ainda bem que você chegou. Se demorasse mais um pouco perdia a namorada!

-Ela fica irritada com a brincadeira e olha para ver quem dissera. Era seu amigo que ria alto e apontava para o lado.

Seu namorado estava já a seu lado, o garoto levantou-se entendendo o recado. Ela vê que o “clima” fica difícil, terá que apresentar os dois. Como não tinha mais o que fazer ali, o garoto se despediu e foi embora.

Sentia-se aliviada com esta atitude. Apesar de não ter feito nada de errado, não queria causar problemas para ninguém.

Apenas disse ao namorado a verdade; que acabara de conhecer o garoto, que ele pediu para sentar-se ali e ela permitiu. Simples assim. Somente isso.

Não pensou mais no assunto.

Estava de férias queria aproveitá-las muito bem. Vestiu um biquíni, avisou a mãe que iria para a fazenda e só voltaria no fim da tarde.

O sol estava maravilhoso, convidando para um passeio, algo que ela adorava fazer em dias assim. Chegou à fazenda, mergulhou nas águas mornas daquele rio que lhe parecia imenso, aquele local lhe trazia tantas lembranças...

Ficou horas ali deitada se bronzeando e mergulhando. Adorava aquele lugar, sonhava acordada sempre que ia até a ponte.

Entrou na água mais uma vez, já estava ficando tarde, hora de voltar para casa. Ouve um carro se aproximando, olha para trás e vê seu pai chegando.

De repente, o tempo começa mudar, um forte vento bate as canoas a sua frente, na ponte onde ela estava sentada. Iria começar a chover. Pelo jeito, seria uma chuva bastante forte. Com frio, ela levanta para vestir a roupa e ir embora, mas algo a detém, ou melhor, alguém.

Alguém do outro lado do rio está assoviando, gritando e gesticulando para ela. Pede para que ela vá de canoa buscá-lo do outro lado.

Ela diz que não pode, pois o vento está muito forte e não conseguirá remar até lá por causa da chuva que se aproxima.

Aquele garoto não era estranho! Quem seria ele?

Usava uma blusa e um short de cor preta. Estava molhado, pois havia pulado de cima da ponte no rio enquanto gritava por ela.

Ela acabara se recordando dele. Era o mesmo garoto da praça, o mesmo que sentara a sua frente naquela noite e a “cantara” na maior cara de pau...

Agora ela sabia o que ele desejava. Queria acabar com seu sossego, com sua segurança quanto ao namoro.

Ouve uma pessoa gritando atrás de si, olha e vê seu pai chamando para ir embora para casa com ele.

Levantando-se, acaba de vestir a roupa, pega as sandálias e dá um adeusinho a ele que continuava olhando para ela de longe.

Ainda assim, antes de entrar no carro, ela olha para o outro lado do rio. Ele ainda está lá! Seu coração dispara dentro do peito novamente.

Viera o caminho inteiro pensando no que acontecera, estava ficando irritada com a insistência dele. Afinal, sabia de seu namorado e não respeitava isso.

Bem, mas não pensaria mais nisso, tinha seu namorado e gostava dele. Aquele garoto iria acabar desistindo.

Era o que pensava...

continua...

SanMara
Enviado por SanMara em 04/02/2010
Código do texto: T2069431
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