Altar de Minha Alma

Busquei-a em todos os lugares que nos são caros, mas lá voce não estava, só encontrei saudade.

Fui procurá-la dentro do mar e o encontrei vazio. Perguntei a uma solitária gaivota que acompanhava meu desespero: -Voce viu, por acaso, nas suas andanças pelo mundo, uma brisa suave que assanha meus cabelos e alisa as ondas do mar? Ela respondeu-me que sim. Que a brisa calma que procuro é encontrada sempre ao amanhacer, quando o sol, com sua autoridade de astro rei, expulsa as trevas da noite, dando vida a um novo dia.

- A brisa, dizia-me ainda a amiga ave, é vista sempre nas praias, tecendo com as ondas, caprichosos bordados na areia.

- Sua brisa, amigo sonhador, é vista correndo com os pequeninos grãos de areia em direção da "Dama de Branco", para lá empilhá-los aos pés da montanha do amor.

Finalmente, dando graciosos volteios no ar e dirigindo-se rumo ao horizonte, a altaneira ave marinha ainda gritou enquanto desaparecia: - Se queres ver a brisa que tanto amas, busque-a ao entardecer na direção do sol poente por sobre a duna maior!

Dizendo isso, desapareceu no fim da tarde, no fim do mar.

Fiquei emocionado e, antes que as trevas da noite cobrissem de negro a beleza crepuscular daquela tarde, corri em direção ao sul, buscando a montanha de areia. no desespero de encontrá-la, galguei ofegante pequenas dunas, tentando de voce me aproximar para tocá-la, para sentí-la, para amá-la.

Reamente a solitária ave tinha razão, voce estava lá.

Fiquei extasiado com aquela beleza que me apresentava aquela tarde de amor, aquela tarde de ternura. Enquanto o sol lutava desesperadamente contra uma noite que não era bem vinda, seus raios, ultrapassando nuvens relutantes, incendiavam o mar, e tornava a alva donzela de areia, em uma dourada senhora. Naquele instante eu vi voce.

Finalmente voce estava ali.

Aquele conjunto maravilhoso de beleza que a natureza prodigiosamente me proporcionava, tocava profundamente meu coração, assim como faz o teu amor.

Eu senti a tua presença física. Voce estava na paisagem, e o crepúsculo vibrava, formando uma aura de luz cobrindo a abóboda celeste, formando um escudo de ouro protegendo o nosso amor.

Diante de tanta beleza e envolvido pelo sentimento de um amor tão puro, prostei-me de joelhos e chorei. Realmente chorei, mas foi um choro bom, um choro purificante, que faziam as lágrimas descerem fácil pelo meu rosto, indo juntar-se aos grãos de areia que a brisa delicadamente soprava.

Vi teus olhos no brilho suave do sol ao entardecer. Vi teu corpo esculpido delicadamente pela suavidade rósea das nuvens crepusculares daquele céu de emoção.

E num frêmito extasiante, cheguei a sentir teu beijo delicado trazido na aragem úmida que vem do mar.

Senti ainda a vibração de teu maravilhoso corpo em contato com o meu, na batida descompassada do meu deslumbrado coração. Por fim voce estava totalmente presente e ocupava finalmente o lugar que sempre foi teu e onde voce sempre estará, para ser amada e para ser adorada.

Finalmente, voce "Brisa", estava presente no altar da minha alma.

Gecahy
Enviado por Gecahy em 04/04/2010
Código do texto: T2176839
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