Último Adeus - Parte 3

Amanda parou. Olhou para Felipe que mantinha a mesma reação de espanto. Aproximou-se lentamente do lençol, estendeu as mãos e tentou puxar, mas foi interrompida.

- Eu já disse que não.

- Eu reconheço essa voz.

- QUER SAIR DO MEU QUARTO AGORA?

- NÃO! – exclamou empurrando Felipe para o mesmo lugar que caiu. Aproveitando que ele estava longe, ela pegou o lençol e puxou – Diego!

Uma lágrima escorreu de seus olhos. Ela não acreditava no que estava vendo. Estava sendo trocada por um HOMEM, como poderia estar acontecendo.

- Diego você é meu irmão!

- Desculpe, mas...

- NÃO! NÃO! Mamãe vai ficar puta quando descobrir que o filhinho queridinho dela é... É... GAY.

- POR FAVOR, não fale nada – disse Diego suplicando. Ele tentou se aproximar dela, mas foi ignorado.

- Não me toque – gritou afastando-se do irmão. Amanda permaneceu parada não entendendo a situação. Ela sabia que o irmão e Felipe eram próximos, saiam juntos, mas não sabia que esse elo era tão íntimo assim - Aproveitem ai, aproveitem. Pelos risos deveria estar muito bom o que estavam fazendo.

Ela saiu do quarto correndo. Desceu as escadas e nem ao menos disse um adeus ou um tchau para Antônia.

- Amanda espere por favor.

- Eu não quero ouvir.

A cada vez que falava, sua voz ficava cada vez mais alta e o aperto em seu peito crescia. Aos poucos ela dava pequenos passos para trás tentando sair da presença do irmão e de Felipe.

- Eu te amava felipe, e você vez e faz isso comigo.

- Eu também te amava!

- Amava? Que amor é esse que faz uma pessoa trair a outra?

- Maninha, eu sei que erramos.

- Cala a boca – gritou e por impulso deu um tapa na cara do seu irmão – isso pra você é pouco. VOCÊ É MEU SANGUE, eu confiava em você... Agora me vem com uma punhalada dessas nas costas. MUITO OBRIGADO DIEGO!

- EU JÁ PEDI DESCULPAS.

- Não quero ouvir. Eu vou seguir minha vida!

- CUIDADO COM O QUE VOCÊ VAI FAZER.

- Quem é você pra me dar ordens! Não temos mais nada. Esse é o fim esqueceu?

- Verdade! É o fim.

Amanda olhou para os lados e viu que a poucos passos estaria na rua. A movimentação começou a crescer. A chuva começou a cair forte batendo no rosto de todos, nas janelas das casas e dos carros. Alguns visinhos corriam para tirar as roupas do varal, outros para se protegerem da chuva. Amanda continua seu percurso. Sentia nojo, ódio e tristeza por tudo o que estava acontecendo.

- Cuidado, Amanda!

- Leia essa carta que você vai entender – segurou a carta na mão e a jogou para Felipe – eu só queria que tudo fosse diferente.

- O que vai fazer? - perguntou Diego.

- Eu pensava que o amor era pra poucas pessoas, pensava que o amor era dádiva dos deuses, mas vi que o amor é traiçoeiro de mais, quando não é tratado como se deve, é levado para outro lado. – deu mais um longo passo para trás – eu realmente te amava Felipe, não é a toa que vim até aqui pra tirar satisfações e quando menos espero me deparo com uma cena como essa. E você Diego, mesmo te odiando, eu te amo, você é meu irmão. Não dá mais pra mim... Só não queria que terminasse desse jeito.

Não havia resposta maior ou uma das melhores desculpas, poderiam amenizar a dor de um ser humano, muito menos de Amanda. Diego e Felipe choraram junto dela. Eles tentaram se aproximar, no entanto, mais uma vez foram impedidos.

- Só quero dizer...

- O QUE? – Perguntou Felipe.

- Nada, que estou indo pra casa.

Amanda vira seu corpo para rua e atravessa. Um carro em alta velocidade acabou atropelando ela sem conseguir freiar. Em poucos segundos, todos os seus sonhos foram perdidos, todas as suas sensações de se sentir uma pessoa realizada e feliz foram jogadas para o alto junto com os estilhaços do vidro do carro.

- AMANDA! – Gritou Felipe e Diego ao mesmo tempo.

É tão ruim sentir a sensação de aperto em seu peito. Aquele gosto amargo do desgosto e impotência subindo pela sua garganta. Essas e mais outras sensações passaram pelo corpo e pela mente de Amanda, uma jovem que pode ser um de nós, uma jovem que acreditava no amor e foi traída pelo próprio pensamento.

Ás vezes nos deixamos levar pelo momento, pelo efeito de bem estar e daquele desejo, entretanto, quando a realidade é realmente vista por outros olhos, tudo muda. Se amor é vida, então um dia quero encontrá-lo para vivê-lo. Não adianta a boa causa partir de uma pessoa, amor é compartilhar, é sentir, é ousar, é mudar, o amor é tudo e mais um pouco é um cálice de sentimentos que está prestes a derramar ou se não for levado a sério, estará prestes a desaparecer.

Amanda acabou morrendo com esse gostinho, no entanto, ela sabia que independente de tudo, não desistiu de lutar, foi até que a última gota de esperança sumisse, já que suas forças estavam acabando e estavam a um passo de se perder entre lamúrias. Tudo isso é um sentimento, tudo isso pode encontrar-se entre linhas tortas escrita por uma pessoa em desespero onde por fim apenas descreveu: “Este é meu ÚLTIMO ADEUS, estou indo para um lugar de paz. Agora é a minha vez de me metamorfosear”.

Well Rianc
Enviado por Well Rianc em 11/06/2010
Código do texto: T2313832
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