Almas em Êxtase

Naquela noite a lua não se fazia presente, mas o céu sorria em lamentos, transcendia em misticismo, trazendo para penumbra um silêncio no mínimo instigante, introspectivo ao visionar dele, sentindo no rosto a caricia serena da mão aveluda, como quem enxuga uma lágrima deslizando, revelando um segredo.

Logo a música da o tom do entrelace, da comunhão dos dedos buscando doces mistérios, ritos incandescentes.

Sua pele brilha em violeta, veste-se em seda felina e num gesto esvoaçante ele a envolve num xale multicor aquecendo-a da brisa um tanto fria, descobrindo seu primeiro suspiro.

Entre o abraço, os pulsares se mesclam, multiplicam insinuações, busca nos lábios o desejo, ensejado a principio nas letras idas e vindas à sutileza das almas apanhadas pelo destino.

Algumas badalas alimentam a trilha sonora dos afagos, percorrendo aquela geografia sucinta, delgada já quase desnuda se deixando beijar, emanando pela paixão melodia para ouvidos,

luzes para mudez das paredes.

Mais um gole de vinho, e o poeta leva sua musa já em pele crua, ao seu alvo ninho.

Em pequenas notas ele desvenda cada entranha, cada entalhe criado pelo Divino, até sentir o gosto do pecado, o sabor desabrochando em flor orvalhada, ávida.

A madrugada chega e as ondas dão o ritmo do navegar insano, escorrendo pela umidade dos corpos gemendo em codinomes, fazendo o enlace ainda mais forte, mais tentador, êxtase a meia luz.

E as pálpebras se fecham buscando torpores ainda maiores,gozos em alfa, amor para eternidade.

Auber Fioravante Júnior

05/08/2010

Porto Alegre - RS