A coisa errada mais certa

Há quem queira fazer uma coisa errada, sem erros. Outras capricham e se deparam com um erro inevitável.

Fui um crápula, um ladrão, a coisa que eu fiz não era legal, na calada da noite quando todos dormiam, pulei o portão me escondendo dos cachorros. Com uma faca cortei uma coisa tão linda, tão linda que eu quis, tão bela que embalei pra você, tirei dos outros levando comigo, fazendo tão certo logo eu não fui visto.

A minha intenção era das mais belas, uma prova de amor antiga, de um novo casal de namorados, dizia a todos o que eu sentia, a minha felicidade estampada na minha cara em plena luz do dia, eu te amo, te adoro sendo a poesia esculpida mais bela feita por Deus.fiz tudo certo mas o meu erro foi notável, me desculpe meu amor. Se errei foi querendo acertar.

Mas eu errei fazendo uma coisa certa, usando de um artifício ilícito pra te dar.

Meu coração é tão grande e meu bolso tão limitado, um pobre rapaz que nunca amou ninguém, me vi perdido de amor por uma moça e acabei me achando em mim mesmo, me vendo numa prisão por meus próprios sentimentos, sou réu confesso e confesso: era um lindo jardim abandonado de cachorros sem dentes e um vigia tarado, passei numa igreja aos arredores pedindo perdão antecipado, e numa banca de revista comprei uma revista feminina que pus na caixa de correio daquela casa pra desviar a atenção do vigia , e uma baiana de acarajé, me vendeu um abará que deu aos cachorros desdentados, enquanto pulava o portão com uma faca roubava as flores mais rosas e todas as rosas mais vermelhas e outras notáveis aromáticas, quando a polícia por ali passava me escondi num arbusto, saudaram o vigia e comentaram os mais belos bustos da modelo.Num canto remoto descobri um buraco, escavado pelas patas dos cachorros, ainda com um envelhecido osso, que dava acesso à um esgoto, e saí no meio do asfalto e foi uma sorte era na faixa de pedestre com o sinal vermelho, assustei o motorista que buzinava puxando o freio e os meninos malabaristas de limões riam de mim.

Enfim, um teste de esmero, presente tão singelo que dei pra ti, rosas eram as flores e tão rosada ficava,mas o jardim era da própria casa dela que eu roubei e ela notava, por um momento ficaste com a cara fechada, um crime exposto num buquê de flores, traduzia o horror contido nas provas de amores, logo as flores por ela plantada e regada até o abrir do botão da longa espera, um presente à criadora em plena primavera.Tantas outras mortas ao chão indo embora nas chegadas do outono, essas não serão mais mortas em vão a esse encontro, pus minhas mãos as algemas e nessa cadeia fico, a chave dessa prisão foi o seu abraço e um sorriso e eu ficando absolvido.

Obs: Caso queiram fazer algo errado, faça da maneira mais certa possível, pois nem sempre haverá liqüe paper disponível.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 12/08/2010
Reeditado em 12/08/2010
Código do texto: T2434560
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.