Anjos.

Quando se aproximou estava mais bela do que nunca. Suas faces brancas e suaves, sua pele frágil aparentando quebrar ao mais leve dos toques.

A lágrima que escorre demonstrando sua eminente tristeza por qualquer idiotice que eu tenha dito ou feito. O mais belo dos sorrisos contagiando-me ao ponto de me fazer rir sem ao menos perceber.

Caminha sobre a areia a lhe afagar os pés. Deixando as pegadas de sua passagem. Marcas que pela manhã já não estarão mais lá, quão diferentes das que deixou em meu coração. Marcas as quais não são feitas em areia fina e esparramada. Feitas na pedra, com força, a gravar eternamente o solo deste órgão que meu peito é condicionado a abrigar.

Vem como a maré, para apagar as feridas. Vem trazendo o barulho das ondas a afagar-nos as canelas, enquanto caminhando apreciamos no céu o brilho não tão intenso, - comparado a você - do negror da noite.

Voltei e voltaria dez vezes mais para te buscar. Refaço meu caminho quantas vezes forem necessárias, mesmo que tenha de refazê-lo todas as manhãs.

Podemos nos separar a cada pôr-do-sol, as estrelas te trazem de volta à noite. A lua se inspira a trazer seu brilho apenas para iluminar ainda mais seus olhos.

Você é minha calmaria, meu refúgio das amarguras que cercam este mundo cruel e hipócrita. Você representa o mais sincero dos sentimentos que pode ser abordado por um reles coração mortal. Por um fraco e subordinado órgão que nos aquece o sangue pelas veias.

Obriga este pobre coração a ter mais uma função. Esta agora mais digna dos anjos, do que de um mortal homem, condicionado a tentar conter dentro de si tal sentimento. Criado para me transmitir uma idéia de quão pobre sou.

De não termos a dignidade, de aceitar que tal sentimento não pode ser depressivamente lançado aos quatro ventos, a todos que o quiserem. De não conseguirmos compreender dentro de nossa baixa capacidade mental - que não se diz isto a qualquer um.

Não tenho hoje vergonha de dizer a tudo e a todos que guardo meu amor somente para ti. E somente contigo tenho no fundo, ainda alguma chance de fazer-me puro novamente. Assim como fui quando criança.

Porque amar é simplesmente - abdicar os seus direitos de ser humano medíocre e - tentar buscar com as mãos as nuvens que afagam os pés dos anjos, cansados de enviarem, - por meio das incontáveis estrelas - algo que devia ser guardado apenas aqueles que têm a perfeição. Perfeição para entender que o amor torna o negror, dilacerado da imundice, em branco ressalvo e límpido o nosso coração.

Os agradeço por me enviarem você. Por me enviarem em seus olhos um pedaço dos céus. Um pedaço da perfeição...

Raafa Fonseca
Enviado por Raafa Fonseca em 09/10/2010
Código do texto: T2546749
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