Um Semideus
Conto passos na estrada...
Caminho sem parar.
Uma lua brilhante ilumina o céu, ainda resta alguma luz, alguma força. Um novo último suspiro, talvez uma chance de viver para você.
As escolhas erradas agora pesam muito mais, os nossos destinos distintos repudiam-se e persistem em coexistir distantes um do outro, e isso é justo.
Essa saudade ainda me atormenta...
Como sentir-lo a não tê-lo?
Como não tocá-lo, estando ele tão perto de mim?
Agora sei que distancia tem mais a ver com as oportunidades perdidas, do que com presença ou ausência.
Cansei de fingir essa inocência, essa arrogância.
Chego em casa, procuro um CD e ponho a musica no volume máximo, preciso ouvir a voz de alguém para espantar meu medo.
Quero ter-te, e este sofrimento não passa, e me perpassa.
Meu deus admira-me pasmo e incrédulo, de seu alto trono cercado por lindos anjos que cantarolam...
Estou farto de melodias e cantarias, das falas e dos acordeões, dos amores e das paixões...
Corro para o quarto e me jogo no meu leito silencioso e fúnebre, como tudo em mim.
Tudo esta frio.
Tudo é tão triste quanto essa carta, tudo é desilusão...
Desacreditado, percebo a gravidade da situação, é sim solidão. Aquela forte e descontrolada solidão que derruba barreiras impostas pela tua real presença inatingível.
Canso-me das palavras e dos cumprimentos cordiais, e fecho os olhos na esperança fingida de sumir... Mas falta coragem para o ato insano cuidadosamente planejado.
Nunca fui bom com novelas, nem as felizes, nem as trágicas. Nunca fui bom com despedidas, nem com o adeus, sempre fingi um até logo que nunca se cumpriu... Meras profecias retoricamente esbravejadas aos quatro ventos...
Sempre preferi apenas a beleza do partir, do caminhar sem olhar para trás... E assim me despeço, rumo ao fim mudo, uma vez que ele não precisa ser anunciado.