Sem Ida, sem volta...

Fechei minha mala sentando-me sobre ela, então transbordaram segredos e lembranças inúteis pela cama toda. Chorei.

Voei sobre nuvens, abaixo do sol, no nível dos pensamentos mais assustadores. Sobrevoei oceanos, ilhas, deixando atrás de mim continentes inteiros...

Uma voz murmura nos alto-falantes palavras que não compreendo.

Pequenas luzes se acendem...O avião pousa o trem de aterrissagem...

Eu continuo no céu.

Quero voltar, sinto medo de rejeição, mas ele pousa sobre a pista interminável, velozmente. Esfrego minha testa contra a janela...

A pista de concreto desfila, hangares cinzas...quero voltar.

Tremo, sinto enjoo e a aeromoça me empurra delicadamente para o corredor...Enxugo os olhos, ajeito o cachecol e saio para o vento cortante.

Ando devagar até o que me parece infinito. Céu ameno, cheiro de café.

Fixo a porta corrediça, sem óculos diante do branco que me cega, pobre toupeira idiota, não enxergo nada...

Se for amor, morrerei de prazer. Se for amizade, morrerei de orgulho.

Se for "ele" morrerei de felicidade...Seja como for, terei de morrer.

Ando mais depressa. A silhueta se forma. A sombra se aproxima,

branca, grande, reconfortante...

Estende-me a mão...

Acordo...

AURORA ZANLUCHI
Enviado por AURORA ZANLUCHI em 20/12/2010
Reeditado em 06/11/2011
Código do texto: T2682411
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