Inacabado

Se morrer fosse uma opção eu certamente me calaria para o vento, e sentiria no rosto a leve brisa da montanha azul, é meu calvário.

O cair do copo antes apoiado na firme e imprecisa superfície da mesa provoca um som revigorante em desespero.

Quem disse o contrário?

Pois que tente provar...

O farfalhar dos cacos secos e pobres me impressionam e hipnotizado não consigo parar de olhar, tenho fascínio pelo estranho, pelo óbvio e imperceptível, como o chão molhado ou a madeira gasta no degrau da escada.

Uma nova manhã, uma nova rotina.

O calor, a canção, o amor.

Tensão em esperar, é meu aparato descansar.

Passos soltos gastos na grama seca.

O lírio morto no jardim, tento reanima-lo por você.

É pra você, o riso, a dança, a luz e o peixinho no chafariz.

Não passo um segundo sem pensar em você, e em como você é....

Meu mais novo fascínio, meu remédio, minha jura de amor, incompreendido e não concebido.

E declino dos desejos antes tão ovacionados, com a coragem de quem sabe que a hora chegou.

A hora de não ir, de ficar, de não partir.

Fixo em mim mesmo o pólo norte do pingente em forma de Rosa-dos-Ventos que carrego junto ao peito, e descanso a cabeça no travesseiro pra mais uma noite sem sono.

Hudson Eygo

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 25/01/2011
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2750254