Cheiro bom de chuva chegando, isso me trás uma nostalgia...  Bem como quando alguém passa usando o mesmo perfume que você usava, me trazendo tantas boas lembranças de nós dois, me fazendo procurá-la em meio à multidão, mas assim como a chuva que nunca chega, eu nunca a encontro e só o que fica, é a sensação de já ter vivido algo bom algum dia e a esperança de que aconteça novamente.

Ainda me lembro de quando nos conhecemos, a lua cheia brilhava tanto aquela noite e me lembro também de andar sobre o cais observando o mar envolto de rostos desconhecidos, até que você apareceu e naquele momento eu pairei diante de cada traço seu. Detalhes que fizeram a diferença me convidando a admirá-la… Olhar sereno, cabelos longos, leves e que pareciam dançar ao ritmo da brisa soprada pela lua… Longos cabelos negros e leves que pareciam dançar sobre o sopro da brisa e que brilhavam tal como o mar brilhava diante do beijo da lua.

Os olhares em volta a acompanhavam enquanto você caminhava como quem desfilava levando os pensamentos a infinitas possibilidades... Um olhar cativante, gentil, tão doce e simpático, quase como de um anjo não fosse tão impactante e penetrante, foi quando nossos olhares se cruzaram e você me fez congelar, pulsar e pairar naquele momento, onde não mais houve tempo, mas que logo passou e só o que ficou foi o seu perfume sobre o ar que me envolvia, mantendo o êxtase e alimentando o momento, até que a brisa o levou embora e assim, eu pude ouvir o som do mar novamente me trazendo a si... Durante um tempo, foi difícil saber se era real ou não, a sensação que ficou em todos ali é de terem acabado de acordar de um sonho, mas desejando nunca terem acordado e comigo não foi diferente...

Domadora de olhares, assim você foi e continua sendo, sabe bem como alimentá-los, fantasiá-los, se fazer presente em cada um deles e assim você seguiu atravessando o cais até chegar ao seu fim e já de frente para o mar, fez do mais tímido o mais atrevido e do atrevido o mais tímido… Ali estava você e a lua frente a frente onde a brisa parecia amar massagear os seus cabelos, me trazendo o seu perfume de volta, mas dessa vez só eu parecia poder sentir, como um convite me guiando em sua direção e eu me deixei levar por ele, que me envolvia e que cada vez mais se intensificava e quando eu o senti mais intenso, foi quando eu me dei conta de já estar ao seu lado e você me recebeu com um sorriso encantador e desconcertante e ali ficamos, observando a lua e o mar até o nascer do sol que brilhou em seus olhos, onde o vi nascer no seu olhar, um momento que eu jamais esquecerei e após aquele momento, muitos momentos nós vivemos juntos, mas que em algum momento, nossos caminhos acabaram seguindo direções opostas e eu até tentei te esquecer, o problema é que esquecer um sentimento como esse, não é uma escolha, não é algo que simplesmente fazemos acontecer, não é como uma folha de papel riscado, onde temos a opção de jogá-lo fora podendo recomeçar, esperando que no próximo tudo saia exatamente como esperamos. A partir do momento em que escolhemos lembrar, esquecer deixa de ser uma opção, onde nos deparamos com o “para sempre” que tanto desejamos e quando ele não sai como o esperado, a nossa maneira, nós tentamos torná-lo apenas um breve momento, esquecendo que o para sempre é para sempre e assim você foi e continua sendo em mim…

(Felipe Milianos)

Imagem via google/tumbl

Felipe (Don) Milianos
Enviado por Felipe (Don) Milianos em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2841604
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