AMOR INTERROMPIDO

Em tempos como o nosso, exatamente no ano de 2010, Carlos estava à procura de um verdadeiro amor. Teve algumas longas relações amorosas. Conheceu Carol, uma linda loira que por sua vez era muito sua amiga. Num dia qualquer, numa festa, deram o primeiro beijo e logo depois quando perceberam estavam namorando. Um ano se passou e o fogo acabou. Este homem sabia que não era ela o seu grande amor.

Carlos começou a trabalhar numa empresa e nela conheceu Larissa. Facilmente por ela se apaixonou. Tentava sempre falar de um modo diferente e não conseguia até que um dia enfim se abriu; contou tudo o que pensava, mas não foi à frente. Uma grande decepção para Carlos era se ver rejeitado por Larissa. Tinha que continuar sua vida, mas como seu coração estava abalado, acabou se atrapalhando e assim foi demitido do emprego.

Anos se passaram e algo que poderia até se chamar destino aconteceu. Carlos voltou àquela empresa e no seu primeiro dia conheceu Lúcia. A pessoa mais linda do mundo para ele, a mais carismática que havia conhecido. Estava convicto que este era seu grande amor, porque nunca havia sentido algo tão forte e respeitoso dessa maneira. Lúcia, diferente de todos seus amores, não lhe dava bola, nem sequer olhava para seu rosto e isso aumentava ainda mais sua paixão, ou melhor, seu amor.

Com o tempo se tornaram amigos, bons amigos, mas para Carlos era mais que isso. Quando estava ao lado da moça, ficava louco com seu cheiro, que era o mais doce perfume que uma flor no mundo poderia ter.

Repentinamente, Carlos foi convidado ao aniversario de Lúcia, aonde conheceu sua família, uma bela e aconchegante família. Se deram muito bem, Carlos adorou-a e essa, adorou Carlos.

Tudo estava perfeito, o clima entre os dois, tudo. Mas algo em Carlos sempre batia em mente. “Quero muito ela pra mim, quero muito estar ao lado dela”. Ele seria capaz de lutar por tudo e todos, só a favor de sua amada. Seu sonho era conseguir um momento a só entre eles para conversarem e assim expor tudo que sentia de maneira respeitosa.

Carlos tomou essa coragem, pegou seu carro e foi ao encontro de Lúcia em sua casa. No caminho telefonou e disse:

- Lúcia, aqui é Carlos, preciso muito falar com você, estou indo para sua casa.

Lúcia apenas concordou e assim o esperou.

Carlos sentia um frio na barriga mesmo sem estar perto dela, mas só em saber que era a hora de dizer tudo, já formigava todo seu corpo.

Pensando em tudo que diria para ela, descuidou seu olhar e se viu de frente a um carro parado que estava enguiçado. Carlos conseguiu desviar, mas perdeu o controle e capotou na pista. Seu carro era ferros retorcidos e todos em cima de seu corpo.

Logo os bombeiros chegaram. Aproximando-se do carro um bombeiro berrava, mas não havia resposta até que um balançar de dedos saiu pela janela do carro. Os homens fardados correram para tirar Carlos dos ferros. Colocaram-no na maca e o levaram para a ambulância. Dentro do veiculo, Carlos somente dizia uma coisa, “LÚCIA”. Os paramédicos pediam-no para não falar e repousar, mas Carlos continuava a dizer “LÚCIA” sem parar. Chegando ao hospital ainda dizendo o nome de sua amada, pediu para que alguém pegasse seu celular e ligasse para o telefone de sua amada.

O telefone tocou quando Lúcia estava saindo, e assim não o atendeu. Os médicos disseram que não conseguiram falar com ninguém. Antonio que estava de plantão, se encarregou de tomar conta de Carlos. Todos sabiam que sua situação era difícil, pois um ferro havia entrado em sua barriga e danificado alguns órgãos. Cinco horas dentro do hospital e o resultado havia chegado. Carlos tinha algumas horas de vida. Foi avisado e assim pensou: “Preciso falar com Lúcia”. O acidente tomou notícia nas vizinhanças e a família ficou ciente correndo em direção ao hospital.

Alguns minutos se passaram e Carlos estava deitado na cama do hospital, numa situação horrível, quando viu a porta se abrir e dela entrar Lúcia, que veio chorando em sua direção. Ela estava desesperada, mais do que Carlos. Ele a pediu para se calar para poder dizer o que mais queria na vida.

- Lúcia, hoje saí de casa com algo na cabeça, uma vontade grande de falar com você...essa vontade é muito sincera. Desde o dia que te vi eu me apaixonei, fiquei num delírio muito grande, mas sempre com muito respeito, e por esse respeito nunca consegui falar com você. Hoje tomei essa coragem, infelizmente algo me interrompeu e agora estou aqui. Tenho poucas horas de vida, mas sei que nessas poucas horas de vida eu amo alguém, eu realmente amo, eu consegui encontrar o maior amor da minha vida. Busquei isso por anos, o meu mundo deu muitas voltas e pude te conhecer, ou seja, conhecer o maior amor da minha vida! Lúcia eu te amo, eu sei que estou perto de partir, e partirei com esse sentimento. Será o meu último, mas o mais forte, o mais sincero. Estou indo mais do que feliz. Muito obrigado por entrar na minha vida, e mais uma vez, Eu Te Amo!

Lúcia não acreditou no que ouviu porque ela sentia o mesmo por Carlos, ela o amava muito, mas também tinha medo de se declarar.

- Carlos eu também te amo e, é muito amor, muita paixão. Eu tinha medo de dizer isso, não sabia qual seria a sua reação e o que poderia acontecer depois. Eu agora fico triste porque estou vendo que eu poderia ter vivido ao seu lado esse tempo todo. Que se tivéssemos nos falado antes, isso não iria acontecer. Carlos Eu te AMO!

Ao fim dessas palavras, Lúcia deu um grande e molhado beijo em Carlos que segundos depois, olhou para ela com os olhos brilhando, e os fechou para nunca mais abrir. Ali morreu um homem que encontrou seu maior amor, mas que o medo o travou e o matou; mas que foi ao céu com o seu desejado beijo.

“Nunca deixe o que você mais acredita, o que você mais ama abaixo de algum medo, alguma insegurança, porque o amanhã pode ser tarde. Se não for hoje, pode não ser nunca. Se você realmente ama; lute, brigue por tudo, sempre respeitando, mas também sempre com fé. AME”

RENAN MOTTA
Enviado por RENAN MOTTA em 26/04/2011
Reeditado em 26/03/2015
Código do texto: T2932175
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