A Casa - Capitulos I, II, III ,IV e V

I

São José dos Campos.

Um ano qualquer.

Joaquim olha para Amanda que envergonhada não levanta o rosto para vê-lo.

Ao lado dela está Alexandre seu marido. Que vem conversando com Joaquim desde que sentaram.

Este Joaquim veio de longe. Veio de Minas Gerais, norte de Minas Gerais.

“Que encanto de moça!” – Ele pensa.

Tudo nela era admirável quis elogiá-la, conteve, seria atrevimento.

- O que irá fazer em São José? – Pergunta Alexandre.

- Me mudando, ganhei uma sorte herança. – Responde Joaquim.

- Herança? Ah, heranças são bem-vindas nestes tempos.

- Eu que o diga. Ganhei do meu tio, irmão da minha mãe.

- E quem é ele?

- Terêncio. Filosofo.

- Terêncio? Que surpresa, éramos vizinhos, não é amor?

Amanda concorda com a cabeça.

- Moramos na mesma rua, sexta casa antes da nossa. Foi uma grande perda, seu tio era uma excelente pessoa.

- Não o conhecia tão bem, nem ao menos li seus livros.

- Nem eu. Não sou atraído por leituras filosóficas.

- Já li alguns pensadores, sem muita importância.

Deixamos o presente e mergulhamos no passado no dia que Joaquim recebeu a noticia.

II

- Você diz que ganhei uma herança?

- Exatamente. De um tio que vivia em São José dos Campos. A herança é uma casa e uma enorme poupança guardada no banco.

Joaquim se segura pra não cair, tamanha surpresa recebida.

Há poucos meses, havia perdido a mãe e estava quase sendo despejado.

- Há alguma clausula no testamento? – Ele pergunta.

- Nenhuma importante. Aqui diz que o ex-proprietario pede para não se desfazer da biblioteca que era seu tesouro mais precioso.

Joaquim acha engraçado.

- Poderá se mudar ou assinar a transferência quando quiser.

- Creio que não tardarei. Decidi me mudar para São José!

E não demorou para Joaquim preparar a mudança e em menos de uma semana ele está dentro do trem rumo a sua nova vida.

Sabendo que seu tio tem uma biblioteca, pode conhecer mais a fundo o seu parente. Alem disso, há dois empregados.

O casal Teixeira vinha de Belo Horizonte da fazenda do pai de Amanda, de uma delas.

Foi Joaquim que abriu a conversa, aos poucos foi reparando em Amanda que tirou sua atenção pedindo varias vezes que Alexandre repetisse o que dissera.

III

- Vai adorar morar em São José. – Fala Alexandre.

- Espero que seja verdade, fico preocupado em entrar num lugar desconhecido.

- Fique despreocupado, ajudaremos a conhecer a cidade e poderá nos visitar e conhecer nossos amigos. Não é amor?

Ela responde num tom baixo, envergonhada, pois Joaquim não tira os olhos dela.

“Que moça bonita!” – Pensa.

Chegaram a São José dos Campos ás 14h30minm.

Alexandre pagou o veículo de aluguel para levar os três.

O bairro fica na região norte de São Jose dos Campos.

- Eis sua nova casa. Não é linda? – Diz Alexandre ao pedir ao motorista que parasse em frente à nova casa de Joaquim.

Os três descem. Joaquim boquiaberto apenas se silencia e tudo isso lhe pertence.

= È magnífica! – Fala estupefato.

- A nossa é aquela de cor azul claro. Venha nos visitar. – Diz Alexandre.

- Se conseguir arrumar a mudança rápido, não faltarei.

A mais bela casa, a melhor do bairro, da vizinhança. E pertence agora a Joaquim.

E quando souber da quantia no banco saberá controlá-la? Que sorte do nosso Joaquim, nada falta. Ou ainda falta alguma coisa?

Casar. Basta aparecer à escolhida.

IV

Abre o portãozinho, entra no pátio e bate palmas.

De dentro aparece uma mulher e um homem.

- O que deseja? – A mulher pergunta para Joaquim.

- Não está vendo? É o nosso novo patrão, sobrinho do senhor Terêncio. – Fala o homem.

- Ó, minha nossa! – A mulher corre e logo pega numa das alças da mala. – Venha ajudar seu preguiçoso! Fala para o homem.

Joaquim ajuda a carregar os restantes das outras malas.

Por dentro Joaquim percebe que seu administrou em enfeitar a casa com belíssimos moveis, caros e importados.

Joaquim se sente um monarca, faltava a sua imperatriz.

- Vai modificar os moveis, senhor? – Pergunta o homem a ele.

- Deixe como está. Está bom assim. Como se chamam?

- Me chamo Damião e ela Rosália. – Responde o homem.

- Não modificarei nada Damião, nem a biblioteca do meu tio.

- O senhor Terêncio passava o maior tempo nela, está fechada, deseja reabri-la?

- Sim. Quero entrar e conhecer, estou curioso.

- Maia alguma coisa. Deseja comer?

- Apenas leve-me ao quarto, estou cansado.

- Rosália vai conduzi-lo senhor.

Deita. Diz para chamar no anoitecer.

Fecha os olhos e na sua mente surge Amanda.

V

Que neste momento massageia a costa do marido.

- O que há, homem?

- Descobri que o velho tem sobrinho.

- Ainda quer a casa?

- É o meu sonho. Mesmo morto o velho ainda caçoa de mim.

- Melhor esquecer.

- Não. Há um meio, vou descobrir.

- Vai acabar louco por causa da casa.

- O que achou dele?

- De quem?

- Não faça de desentendida. Estou falando do sobrinho.

- Nem prestei atenção no que falavam. Qual foi o assunto?

- Esqueça.

- Vamos almoçar.

- É o melhor que podemos fazer.

Rodrigo Arcadia
Enviado por Rodrigo Arcadia em 24/05/2011
Código do texto: T2991030
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