Choro de tristeza

Todos nossos encontros eu estava sempre sorrindo, às vezes tentava esconder, mas não conseguia.

Ela até brincava com isso, pedia pra eu tentar ficar sério, bravo, triste, mas sempre abria um sorriso, todo bobo, todo apaixonado.

O tempo esta passando, e faltam 10 dias para ela partir em sua viagem.

Passei todos os dias bem, mas em nosso ultimo encontro algo aconteceu, apareceu à tristeza.

De repente algo incontrolável me fez chorar, recordo de meu passado que muitas vezes fui chamado de geladeira pela minha firmeza, frieza, por nunca chorar.

Desta vez as lagrimas não cessavam e raras vezes me apareceu um sorriso tímido nessas horas que passamos juntos.

Foi tão estranho, pois sempre tudo entre nós foi regado de pura alegria, mas desta vez foi à vez da tristeza tomar conta.

Quando a deixei em casa, este sentimento ainda estava impregnado. Mal dormi essa noite. Acordei triste. Chorei desesperadamente no chuveiro.

Um choro estranho, insistente, angustiante.

Não queria que ela partisse, mas o que um homem recém casado, todo amarrado, cheio de dívidas da casa que nem acabou de montar pode oferecer a ela.

O que posso oferecer? Nem posso ligar pra ela a noite. Nem posso falar vamos sair no sábado.

Como então falar pra ela deixar a rua, trabalhar em algo para ganhar uma fração do que ganha hoje com um esforço muito maior.

Como falar não vá viajar, pra tentar ganhar dinheiro e sair logo dessa vida.

Nem deveria ter dito que não gostaria que ela partisse. Nem deveria chorar ao seu lado.

Pedi desculpas, não sou nada para cobrá-la e de algum modo deixá-la insegura com meus prantos.

Choro, pois a ficha caiu, todos nossos sonhos são apenas sonhos, de morarmos juntos, de poder um mimar ao outro, nos dar carinho, sexo, amor, companheirismo.

Choro por amá-la tanto e não poder oferecer nada, choro por perder tudo aquilo que pouco tempo atrás nem sabia que existia.

Pimenta Marte
Enviado por Pimenta Marte em 15/07/2011
Reeditado em 15/07/2011
Código do texto: T3096695