Detalhes de Mim

Da doce verdade embebida pelo âmago do ciúme é que brota essa saudade. A lembrança latente do impossível que agora se revela formosa e risonha no reflexo do espelho.

Mais uma mentira torta, na tentativa frustrada de trazer alegria a um peito triste. Não vale a pena falar da dor, muito menos da lua minguante no céu sem estrelas.

A lua, solitária como só eu mesmo sou, permanece vigorosa, com todo seu brilho e resplendor. Eu queria fingir essa felicidade, mas não posso. Minha transparência é quase líquida de tão pura.

Incomum.

Como prosseguir?

E o calor das melodias vem a mim, como uma criança sedenta de carinho. O moinho abandonado dos meus sonhos se torna eu, que ermo procuro nas emoções a justificativa plausível pra essa noite que não precisava ter acontecido hoje.

E sem mim o trem parte da estação.

Meu corpo ali estático admira a cena, e percebo-me ao constatar que mais uma vez fui covarde o suficiente para ficar. Negar a vida tem se tornado o melhor veneno todos os dias, para sacrificar meu desejo por você.

Deixo agora o vento carregar o bilhete amassado de minha mão. Tremo os lábios numa ultima oração cantada só pra mim.

Então seja feliz, porque eu vou ser. Muito!

Hudson Eygo
Enviado por Hudson Eygo em 19/07/2011
Reeditado em 19/07/2011
Código do texto: T3104076